O Trabalho Psicologia
Por: brenno860 • 23/5/2019 • Dissertação • 1.830 Palavras (8 Páginas) • 99 Visualizações
UNIVERSIDADE ANHANGUERA
BRENNO R. MONTEIRO
AS DEFINIÇÕES DA PSICOLOGIA E SUAS NUANCES
Uma introdução ao recente mundo da Psicologia.
Ana Mercês Bahia Bock
Odair Furtado
Maria de Lourdes Trassi Teixeira
PSICOLOGIAS – Editora Saraiva, 1999
Psicologias – Uma introdução ao estudo da Psicologia, é um livro que, nos seus dois capítulos iniciais, se propõe a catalogar e definir o termo ‘Psicologia’, termo este que está presente na língua e cultura cotidiana a muito tempo, e durante este período, no meio popular se criou um tipo de psicologia válida para diversas situações cotidianas, e esta psicologia é chamada pelos autores de psicologia do senso comum. Esta psicologia, apesar de não possuir um cunho científico e rigoroso, não deixa de ser psicologia, pois sua própria existência indica que mesmo pessoas que não possuem um conhecimento técnico desta área de conhecimento, têm mesmo assim um domínio pequeno e superficial, oriunda de suas vivências rotineiras, o que lhes permite compreender determinadas situações sob a ótica deste conhecimento. Os autores ainda se aprofundam um pouco mais dentro do mundo do senso comum, pois para explicarem a principal categoria do estudo presente no livro, a Psicologia Científica, primeiro precisam se afastar do mundo cotidiano e usarem da ciência para entender o que há de real dentro dele. O cotidiano é o lugar onde tudo está em constante movimento, o lugar onde tudo é palpável e feito de situações que denunciam que estamos vivos. É aí que a ciência entra, para compreender e trazer luz estudando sistematicamente o cotidiano, pois ela é uma atividade eminentemente reflexiva, e esta oposição entre a ciência e o mundo do dia-a-dia tende a se aproximar e a se afastar: Se aproxima, pois, a ciência refere-se ao real, ao que vivemos, e se afasta pois é necessário abstrair o objeto de estudo para encontrar seu cerne, assim como Newton fez para formular a lei da gravidade a partir da fruta que caiu da árvore.
O que ocorre na realidade é que, mesmo os cientistas, ao formularem suas teorias, tendem a simplifica-las para aplicar as mesmas ao cotidiano, pois eles próprios fazem parte do cotidiano em outros aspectos de suas vidas, por isso devem aceitar a regra do seu jogo e usar suas teorias de forma mais conivente. Nesse aspecto, os cientistas podem ser comparados a uma dona de casa, por exemplo, que, sem nenhum cálculo complicado, sabe por quanto tempo um café permanecerá quente na garrafa térmica, ou mesmo aos antepassados de nossos avós, que se utilizavam de ervas medicinais sem necessariamente precisar conhecer seus princípios de funcionamento. Este são alguns exemplos da ‘ciência comum’, ou senso comum, que viemos acumulando ao longo de gerações, e a sua intuição e espontaneidade fazem dele um conhecimento estritamente necessário, pois facilita as situações que temos de lidar diariamente, mesmo sendo um conhecimento precário.
ÁREAS DO CONHECIMENTO.
Neste tópico, o livro catalogará os diversos tipos de conhecimento humano, pois com apenas senso comum, todos os nossos avanços como espécie não seriam possíveis, não conseguiríamos domar a Natureza em nosso proveito por apenas intuição. Desde a Grécia antiga, já se dominava complicados cálculos matemáticos que até hoje temos dificuldade em resolver, pois seus problemas nas diversas áreas de seu desenvolvimento exigiam o saber de um conhecimento preciso, objetivo e rigoroso, pois sem isso não sobreviveriam. Esse método preciso, objetivo e rigoroso nós chamamos hoje de ciência. Porém, o senso comum e a ciência não são as únicas áreas do saber humano. Na Grécia antiga, as especulações sobre o significado da existência humana, suas origens e enigmas formaram um corpo de conhecimento denominado filosofia. Os pensamentos sobre a origem do homem, seus princípios e mistérios foi chamado de religião, cujo um dos seus principais livros de conduta é a Bíblia. Por fim, veio a arte, presente desde quando o homem fazia suas pinturas rupestres em cavernas, este sendo um conhecimento que traduz a emoção e a sensibilidade. Arte, filosofia, religião, ciência e senso comum são os domínios do conhecimento humano.
O QUE É CIÊNCIA.
Ciência é um método que busca estudar e desvendar vários aspectos factuais da realidade, traduzidos em uma linguagem precisa, rigorosa e sistemática, para que seu conhecimento possa ser validado e reproduzido em experiências, e são estas suas características que possibilitam sua continuidade, pois é um conhecimento feito de renovações e constantes mudanças. Estas características são o que permitem denominarmos de científico um conjunto de conhecimentos, e que superam em muito o senso comum.
OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA
O campo científico é um espaço muito amplo, então é mais do que necessário catalogar os tipos de objetos de estudo presente nele para uma melhor especialização na determinada área que estuda este objeto, como por exemplo a Astronomia, que estuda os corpos celestes, e a Biologia, que estuda os seres vivos. A psicologia, por sua vez, é comumente catalogada como ciências humanas, porém, como é um campo de estudo muito recente e muitas descobertas são feitas em diferentes nuances, se criou a necessidade de também catalogar a psicologia com seus próprios objetos de estudo diversos, por isso ainda é um pouco difícil de se ter mais precisão na determinação dos objetos de estudo da psicologia. Um motivo que também dificulta a definição dos objetos da psicologia, é quando o próprio cientista se confunde com o objeto, pois a psicologia em seu cerne estuda o homem, e assim o cientista ‘’contamina’’ a sua pesquisa por causa de sua concepção de homem. Então, como dizia o filósofo francês Rousseau, cabe ao filósofo encontrar a pureza perdida no homem contaminado, fazendo-o voltar, assim, a ser o que Rousseau chama de homem natural.
Uma forma de ajudar na compreensão da conceituação única do objeto de estudo da psicologia, é usar uma definição que é a mais próxima da realidade até hoje, que defini a psicologia como o estudo da subjetividade. Esta é a definição que diz mais precisamente sobre o homem, pois compõe em um único termo todas as suas nuances: o homem-pensamento, homem-corpo, homem-afeto e homem-ação, toda esta síntese singular e individual que faz parte de cada um de nós, iguais e diferentes ao mesmo tempo. A subjetividade também pode ser fabricada, moldada e auto moldada, pois é o homem que trabalha com ela e com o meio em que ele vive, se relacionando com as matérias-primas que surgem e estas por sua vez se relacionando com a subjetividade do homem. Podemos dizer então que a subjetividade trabalha essencialmente com movimento e transformação do homem, e consequentemente esse é o trabalho da psicologia em seu cerne, sua definição mais realista.
Psicologia e História.
A psicologia, assim como as outras produções físicas e intelectuais da humanidade, tem por trás a contribuição de muitas pessoas, e o seu primórdio está na Grécia, onde o pensamento humano estava em seu momento áureo. Mas entre tantos pensadores, um deles foi o primeiro que deu mais consistência ao âmbito da psicologia na Antiguidade, baseado no que consideramos hoje, e este foi Sócrates, com sua proposta de que a razão era a principal característica humana, e que era através dela que nós sobrepujamos nossos instintos. Seu discípulo, Platão, veio com uma ideia ainda mais sistemática. Este defendia a separação de corpo e alma, sendo esta residente na cabeça do homem e imortal, e o corpo, por outro lado, mortal. Aristóteles, discípulo de Platão, foi quem mais sistematizou os fundamentos da psique, postulando que esta não pode ser dissociada do corpo, e a da espécie humana por sua vez sendo mais evoluída que a de animais e plantas, pois além de constituir alimentação/reprodução, percepção/movimento, ainda continha o elemento da razão, que nos fazia pensantes.
Estes foram os principais pensadores da Antiguidade que abriram caminho para o que a psicologia é hoje. Mas ainda a psicologia tinha um grande caminho a percorrer, pois sua próxima parada foi na chamada ‘era cristã’, onde falar de psicologia era relacioná-la automaticamente à religião, que juntamente com o poder político e econômico da época, monopolizava o psiquismo, sob a Igreja Católica. Os dois pensadores que mais se destacaram nesse período foram: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. O primeiro era platônico, dividia a razão e o corpo, mas a razão para ele era a manifestação divina, o elemento mortal que nos liga a Deus. Já São Tomás de Aquino, vivendo um período conturbado da história, de muita mudança e movimento, foi inspirado por Aristóteles, buscando a distinção entre essência e existência, e seu elemento divino era que apenas Deus poderia conciliar estes dois fundamentos, trazendo a igualdade e a perfeição.
O próximo passo na história da psicologia está no Renascimento, era de grandes transformações no mundo europeu, e a psicologia não poderia ficar atrás, com seu principal expoente sendo o platônico René Descartes (1596 – 1659), que postulava que o corpo, desprovido de espírito, é apenas uma máquina, e a partir da difusão desta dualidade mente-corpo, foi possível o estudo do corpo humano morto, possibilitando assim o avanço da anatomia e da fisiologia.
A Psicologia Científica
Com o avanço da ciência no século 19, o mundo todo estava estimulado por uma nova forma de pensar, pelo capitalismo e por constantes reformas e mudanças. A psicologia também entrou na engrenagem que girava o mundo e se tornou modernizada, ganhando status de ‘ciência’ ao se ‘’libertar’’ da Filosofia. Seu berço foi na Alemanha, mas foi nos Estados Unidos que ela cresceu mais rapidamente, o que resultou em um grande avanço econômico, e lá seus principais expoentes foram: William James, Edward Titchner e Edward L. Thorndike, com suas abordagens subordinadas à metodologia científica. William James veio com o Funcionalismo, que busca responder “o que fazem os homens” e “por que o fazem”, e para isso ele busca a resposta na compreensão do funcionamento da consciência. O Estruturalismo de Edward Titchner busca em essência a mesma coisa que o Funcionalismo, a compreensão da consciência. Porém, esta busca a resposta na estrutura da consciência, como parte do sistema nervoso central. Já o Associacionismo de Edward L. Thorndike veio trazer uma proposta inovadora sobre o aprendizado, formulando que este se dá através de uma associação de ideias, das mais simples às mais complexas. Thorndike também formulou a Lei do efeito, que diz que todo comportamento dos seres vivos tende a se repetir quando temos um efeito benigno no organismo por conta de determinada ação, e esta teoria foi de grande utilidade para a Psicologia Comportamentalista. Esta é uma parte da história da psicologia desde seus primórdios antes de se consagrar independente, e ela cada vez evolui mais com descobertas e novas teorias surgem, possibilitando assim um melhor entendimento da subjetividade do homem.
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