O Transtorno Bipolar
Por: kamivo • 16/5/2018 • Resenha • 2.003 Palavras (9 Páginas) • 231 Visualizações
INTRODUÇÃO
O transtorno bipolar (TB) é um transtorno crônico relativamente frequente, caracterizado por episódios de depressão ou mania (bipolar I) ou depressão e hipomania (bipolar II), onde o surgimento dos sintomas aparece mais comumente entre o início da segunda e meio da terceira década de vida (SOUZA, 2005). Esta patologia envolve aspectos neuroquímicos, cognitivos, psicológicos, funcionais e socioafetivos. Neste trabalho foram revisadas as evidências diagnósticas E terapêuticas do TB.
FREQUENCIA DE OCORRÊNCIA
Segundo dados da Organização mundial da Saúde (OMS), atualmente o transtorno bipolar atinge cerca de 2,2% da população geral. O número de diagnósticos de transtorno bipolar tem aumentado dramaticamente tanto entre crianças como na população adulta, como consequência de um melhor reconhecimento deste transtorno. O pico da idade em que a mania se desenvolve parece ocorrer entre 15 e 25 anos, sendo que a manifestação precoce é mais provável na população masculina. O transtorno bipolar tipo I manifesta-se em cerca de 1% da população, enquanto o tipo 2 ocorre em 3% a 8%.
Cerca de 20 a 25% das pessoas têm quatro ou mais episódios distintos de mania ou depressão em um ano.
CAUSAS DO TRANSTORNO DE HUMOR BIPOLAR
O transtorno bipolar é um transtorno complexo e multideterminado, causado pela interação de fatores genéticos, ambientais e biológicos.
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Figura 1 - Fatores de influência no desenvolvimento de TB.
Fatores Genéticos
Conforme Bosaipo et al (2017), apresenta incidência superior a 80% em gêmeos idênticos e cai para 6% em parentes de primeiro grau. Com isto pode-se afirmar que o transtorno bipolar é uma condição hereditária. Gêmeos monozigóticos apresentam uma taxa de concordância de apenas 50% para esta condição.
FATORES AMBIENTAIS
Os fatores ambientais são estudados por Michelon (2005) apud. Tsuchiyaet al.(2003), que investigou a influência de fatores ambientais no desenvolvimento de TB como fatores demográficos, relacionados ao nascimento, antecedentes pessoais, fatores sociais, antecedentes familiares e história médica pregressa, constatando que associação ocorre para condição socioeconômica desfavorável, como desemprego ou baixa renda, e estado civil solteiro, assim como mulheres também apresentam risco aumentado nos três primeiros meses do pós-parto. Os demais fatores avaliados mostraram tendência maior, mas não suficiente para a associação do TB.
Fatores neuroquímicos
Com relação às alterações em sistemas de neurotransmissão associados à doença, estudos têm demonstrado alterações na regulação dos sistemas noradrenérgico, serotonérgico, dopaminérgico e colinérgico, que são amplamente distribuídos no sistema límbico. As teorias dos neurotransmissores nos sistemas noradrenergico, serotoninérgico e dopaminérgico têm características semelhantes, pois todos se originam em núcleos localizados no tronco cerebral e se projetam para amplas áreas do pró-encéfalo. (ZINI, 201?).
De acordo com Kapczinski, 2004, a diminuição da liberação e da atividade da serotonina 5-HT pode estar associada a algumas anormalidades como ideação suicida, tentativas de suicídio, agressividade e distúrbios do sono nos indivíduos. Um déficit na neurotransmissão serotoninérgica central está associado à fase maníaca e depressiva do TB. Em pacientes com transtorno bipolar subjacente ou predisposição ao mesmo, os agonistas dopaminérgicos diretos e indiretos simulam episódios de mania ou hipomania. Uma maior atividade dopaminérgica induzida por aumento da liberação, diminuição da capacidade de tamponamento pelas vesículas sinápticas ou pela maior sensibilidade dos receptores dopaminérgicos pode estar associada ao desenvolvimento de sintomas maníacos, enquanto a diminuição da atividade dopaminérgica estaria associada à depressão.
No sistema noradrenérgico há menor débito de noradrenalina e uma menor sensibilidade dos receptores a2 e maior atividade da noradrenalina em estados maníacos. Indivíduos com TB apresentaram um maior número de células pigmentadas no locus ceruleus, em comparação com pacientes unipolares. A função serotoninérgica central diminuída, associada a uma função noradrenérgica aumentada, poderia estar envolvida na gênese da mania.
Tem-se um decréscimo na função GABAérgica acompanha os estados maníacos e depressivos, os agonistas do GABA possuem propriedades antidepressivas e antimaníacas. Baixos níveis de GABA foram encontrados no plasma de pacientes bipolares em depressão e mania. A participação desse sistema glutamatérgico foi constatada por meio da ação dos estabilizadores do humor.
Neuroimagem
Pesquisas de neuroimagem no transtorno bipolar têm demonstrado anormalidades nos circuitos neuronais supostamente envolvidos no processamento e na regulação da emoção, bem como no processamento de recompensas.
Em ROCHA et al, 2015 dos principais achados em relação ao TB é a diminuição do córtex pré-frontal em relação a pessoas normais, que está relacionado com as funções de regulação no comportamento, julgamento, controle de impulsos e planejamento.
Além deste achado, a neuroanatomia provavelmente envolvida na expressão do comportamento e da emoção, com ênfase no TB são:
- Hipersinal de substância branca no lobo frontal tanto na população adulta quanto em crianças e adolescentes;
- perda da integridade funcional foi verificada em feixes associativos de substância branca, tais como o fascículo uncinado, os fascículos longitudinais superior e inferior, o fascículo fronto-occipital e do cíngulo anterior em pacientes com TB.
- redução volumétrica do cíngulo subgenual (áreas 24 e 25 de Brodmann), achado confirmado em uma metanálise recente17 .
- hiperatividade do cíngulo anterior, notadamente da região subgenual, em pacientes nas fases depressiva e de mania.
- Redução do NAA e aumento da colina no cíngulo anterior como os resultados mais consistentes da H+MRS20.
- O hipometabolismo do córtex pré-frontal dorsolateral em estado de depressão e de mania.
- Níveis menores de NAA têm sido encontrados em pacientes adultos eutímicos.
- presença de hipometabolismo e redução volumétrica da substância cinzenta no COF, em particular do giro frontal inferior.
- A alteração volumétrica da amígdala com redução do seu volume em amostras de pacientes adolescentes,
- anormalidades funcionais da amígdala – hipermetabolismo na fase depressiva em alguns estudos, versus hipometabolismo em outros, nas fases tanto de depressão quanto de mania.
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