O Transtorno de Compulsão Alimentar
Por: 261227 • 26/11/2018 • Trabalho acadêmico • 3.373 Palavras (14 Páginas) • 370 Visualizações
Transtorno de Compulsão Alimentar
A Compulsão Alimentar Periódica ou simplesmente TCAP, é caracterizada por episódios de ingestão alimentar em quantidades maiores do que o normal em um período de até duas horas concomitante com a sensação de falta de controle sobre a ingesta, seguido de sentimento de culpa. Assemelha-se a Bulimia Nervosa, sendo diferenciada pelo comportamento compensatório que é manifesto nesse transtorno.
Um episódio apresenta três ou mais dos seguintes aspectos: comer rapidamente, ter a sensação de estar muito cheio, ter hiperfagia na ausência da sensação fisiológica de fome, isolamento na hora da refeição e sentimentos de nojo e desgosto pelo ato de compulsividade.
A TCAP geralmente é associada à obesidade, o que não é uma regra. Há indivíduos obesos que não apresentam o comportamento compulsivo de ingestão alimentar. Já na Bulimia, um dos aspectos diagnósticos da Compulsão pode aparecer que é a hiperfagia. Mas o sujeito que apresenta a compulsão em um episódio bulímico tende a compensar a quantidade de alimento ingerida através do vômito, do uso de laxantes e diuréticos.
Diagnóstico
Segundo o DSM-V (2014), a principal característica do TCAP são os episódios de compulsão que devem ocorrer em média 1 vez por semana durante três meses. O ambiente pode influenciar na definição se a ingestão foi excessiva ou não, pois dependendo da situação em que o indivíduo se encontra, pode ser considerada uma quantidade normal. Pode acontecer também do sujeito começar a comer em um local e continuar a ingesta em outro, o que significa que o contexto não limita o diagnóstico.
Nos episódios deve haver também a ocorrência da sensação de perda de controle sobre o ato de ingerir, o que faz com que a pessoa não consiga evitar a ingesta ou parar após começar a comer.
O tipo de alimento não é definido, pois pode variar. O que caracteriza mesmo é a quantidade de comida, e não a especificidade.
Outro aspecto diagnóstico é a vergonha e a culpa. Por esse motivo, os indivíduos tendem a comer escondidos e apresentam comorbidade com transtornos psiquiátricos como depressão, ansiedade e bipolaridade.
Existem quatro níveis de gravidade os quais são: Leve – de 1 a 3 episódios por semana, Moderada – de 4 a 7 episódios por semana, Grave – de 8 a 13 episódios por semana e Extrema – 14 ou mais episódios por semana.
Quanto ao efeito do tratamento, o quadro pode ser até resistente, mas as taxas de remissão para o TCAP são maiores do que na Bulimia e Anorexia.
Aspectos motivacionais
O fator motivador do Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica pode ser fisiológico, psicológico, cultural, familiar, ou a junção de dois ou mais desses.
Nos fisiológicos podemos destacar uma dentre as funções do hipotálamo que é a regulação da sensação e saciedade da fome. Se houver uma lesão no hipotálamo ventromedial, o regulador da sensação de saciedade, o indivíduo pode comer excessivamente, como ocorre em pacientes que tem tumores perto dessa área (MYERS, 2016).
O transtorno evitativo, a ansiedade e a depressão compõem os fatores psicológicos, pois o indivíduo pode ver no alimento uma forma de sanar, mesmo que temporariamente esses sentimentos que acompanham os transtornos psiquiátricos. Segundo Myers (2016), os fatores psicológicos tem mais peso quando se trata do desejo de ser magro, que se sobrepõe ao equilíbrio homeostático do corpo. Nesses casos, a compulsão ocorre pela tentativa de seguir uma dieta, o que acarreta a semi-inanição e automaticamente a necessidade de compensar a falta de ingesta.
No fator cultural a questão é a forma como a beleza é reconhecida. Em culturas ocidentais, o padrão de beleza é associado a magreza. As crianças brincam com a boneca Barbie, o que pode influenciar a distorção da imagem corporal já na terceira infância (OLDS, FELDMAN 2013). Na adolescência isso se agrava com a exposição desses jovens a “supermodelos”. Em uma pesquisa feita no EUA, um grupo de adolescentes foi presenteado com a assinatura de uma revista de moda para a sua faixa etária, enquanto o grupo controle não recebeu. Ao final, as que já tinham um sentimento de insatisfação com o corpo acabaram tendo um aumento nessa sensação e a tendência aos transtornos alimentares, o que não ocorreu com as adolescentes do grupo controle (MYERS, 2016). No TCAP esse fator se liga ao psicológico, pelo fato de ser através da influência cultural que o indivíduo vai se enxergar fora do padrão, o que vai gerar o desejo de alcançar esse padrão através da falta de alimentação que acarreta nos episódios de compulsão.
Já no aspecto familiar, a convivência pode ser influenciadora. Quando as mães são ligadas ao padrão de beleza cultural, tendem a cobrar dos adolescentes o cuidado com o peso e a aparência, o que gera um sentimento de culpa nesse indivíduo quando não consegue alcançar a exigência que lhe é imposta.
Bulimia Nervosa
A Bulimia Nervosa é caracterizada pela sensação de falta de controle sobre a ingestão de alimentos. Depois disso a pessoa tem comportamentos compensatórios inapropriados para evitar ganho de peso. Visto que exibem episódios recorrentes de compulsão alimentar, adotam comportamentos indevidos como, por exemplo: indução ao vômito, utilização de laxantes e diuréticos. Vivem em dieta, o que as levam repentinamente a ingerir uma quantidade absurda de comida que é compensada pela prática exaustiva de atividade física ou outros meios compensatórios. A pessoa bulímica passa ter uma imagem distorcida e depressiva de si própria.
Há também subtipos da BM, que são o Tipo Purgativo, aonde o indivíduo se utiliza dos meios de compensação mais rápido, como a indução de vômito e o uso de laxantes e o Tipo Não-Purgativo, que tem como característica a compensação da compulsão através de jejuns ou exercícios excessivos. (DSM-IV, 2002)
Diagnóstico
Diagnosticar a bulimia nervosa não é fácil, pois necessita que a vítima desse transtorno se abra e geralmente uma pessoa bulímica sente vergonha e medo do que vão pensar dela; são autocríticas, perfeccionistas e apresentam uma crença de si mesma de incapacidade, de não conseguir ter o controle de seus atos e corpo e de ter menor capacidade do que outras pessoas. Logo esses sintomas levam a métodos inadequados para evitar ganho de peso. Devido a esse transtorno algumas pessoas se isolam, ficam com baixa autoestima e autoavaliação negativa. Por isso faz necessário a intervenção de uma equipe multidisciplinar composta por médicos, psicólogos e nutricionistas; especialmente se ocorrerem distúrbios como depressão e ansiedade . Se necessário uma ajuda medicamentosa para controlar os impulsos para que a comida não seja um comportamento de alívio da sua ansiedade e preocupações.
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