O édipo como complexo
Artigo: O édipo como complexo. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: carolina30 • 13/11/2014 • Artigo • 1.382 Palavras (6 Páginas) • 291 Visualizações
O ÉDIPO COMO COMPLEXO
O pai assume um lugar central na psicanálise
de Freud, o que é representado por dois mitos em destaque na sua obra. O primeiro deles refere-se à tragédia de Sófocles, Édipo Rei, a história da família maldita dos Labdácidas; e o segundo refere-se ao mito da refeição do pai totêmico.
Eis, em primeira análise, o mito e a tragédia de Édipo. Na sequencia algumas considerações a respeito de Totem e Tabu (Freud, 1912-1913/1976).
Veja-se, a priori , uma das versões de Édipo Rei.
Advertido pelo oráculo de que não devia gerar descendência e de que caso desobedecesse teria um filho que o mataria e dormiria com a mãe, Laio manteve com Jocasta relações sodomitas (ou, em algumas versões, Laio se abstém de qualquer relação com Jocasta). “Rei de Tebas de belos cabelos, lhe dissera o deus, evita inseminar, a despeito dos deuses, o sulco feminino. Se procriares um filho, essa criança te matará e tua casa inteira mergulhará no sangue.” Mas uma noite, incapaz de resistir, penetrou sua esposa do “lado bom” e lhe plantou um filho nos flancos. Ao nascer, este foi condenado a ser exposto no monte Citeron para ali morrer. O pastor a quem foi confiado, e que devia realizar essa tarefa, lhe passou uma corda em torno do tornozelo a fim de suspendê-lo. (Em algumas versões é o próprio Laio que fura os pés do infans.) Porém, em lugar de abandoná-lo, confio-o a um criado de Pólibo, rei de Corinto, cuja mulher, Merope, era estéril. Apelidado Édipo em razão de seu pé inchado, o filho de Laio foi educado como um príncipe por aqueles a quem tomava como pais, que lhe haviam feito o herdeiro do reino. Em seu corpo conservava sem saber a marca da dinastia claudicante dos Labdácidas. Na idade adulta, confrontando um dia com o rumor de sua origem duvidosa, decidiu se dirigir a Delfos para consultar o oráculo, o qual repetiu sua predição. Édipo quis, então, afastar de si a maldição. Não voltou a Corinto, dirigindo-se para Tebas no exato momento em que esta cidade era atingida por múltiplos flagelos. Na encruzilhada dos três caminhos, encontrou-se com Laio e sua comitiva, eles se dirigiam a Delfos a fim de interrogar o oráculo sobre o desastre que se abatia sobre seu reino. Como a passagem era demasiado estreita para ser atravessada pelos dois viajantes, houve uma discussão. Édipo matou Laio e prosseguiu seu caminho rumo a Tebas, enquanto um sobrevivente da comitiva deste último anunciava na cidade a notícia da morte do rei, Creonte, irmão de Jocasta, originário da linhagem de Cadmo, subiu então ao trono. Condenado a não reinar senão de forma oblíqua, ao cabo de uma série de anomalias, e sem nunca conseguir transmitir o poder à sua descendência, também ele era marcado por um destino claudicante. Rei efêmero, ofereceu publicamente o leito da rainha àquele que resolvesse o enigma da “virgem sutil” (a Esfinge, como é chamada por Eurípides).
Meio-homem, meio-animal, ao mesmo tempo macho e fêmea, a Esfinge (ou o Esfinge) guardava a entrada da cidade ao mesmo tempo em que entoava profecias. Assim que avistava um viajante, propunha-lhe resolver um enigma que era próprio da condição humana, e portanto da condição trágica de Édipo, o herói, já assassino de seu pai sem saber: “Existe sobre a terra um ser com dois, três e quatro pés, cuja voz é única. Só ele muda sua natureza entre aqueles que se movem sobre o solo, no ar e no mar. Mas é se apoiando, sobre mais pés que seus membros possuem menos vigor.”
“É o homem que tu falas, responde Édipo; pequenino, quando se arrasta pelo chão ao sair do seio da mãe, tem primeiro quatro pés. Já velho, apóia-se sobre um bastão, terceiro pé, dorso curvado sob o fardo da idade.”
Aniquilada pelo poder de Édipo, a Esfinge desapareceu nas trevas e Tebas pôde renascer. Creonte abandonou o trono e deu Jocasta em casamento ao herói, que não desejava nem amava a rainha, mas se viu obrigado a esposá-la como um presente, como uma recompensa oferecida por uma cidade libertada, graças a ele, do flagelo da profetisa: “Esfinge e rainha, escreve Jean Bollack, simbolizam a cidade, uma em sua ruptura, outra em sua plenitude”. Com Jocasta, Édipo restaura a unidade de Tebas. Sem o saber, cometeu o incesto após o parricídio de pois substituiu Laio no ato de geração e de procriação. (Roudinesco, 2002/2003, p.p. 51-53)
A história se desenvolve até esse ponto: Édipo atinge a glória como Rei e tem quatro filhos com Jocasta (Etéocle, Polinice, Antígona e Ismene). A peste, então, se abate sobre Tebas ao que o oráculo de Delfos, diz a Creonte, ser conseqüência da morte de Laio. O próprio Édipo, em busca do assassino de Laio, descobre toda trama, cegando-se antes de se tornar um mendigo, conforme prevera o sábio Tirésias.
Freud foi decisivamente influenciado por essa tragédia, assim como, em menor proporção, pelo Hamlet de Shakespeare e pelos irmãos Karamazov, de Dostoïeveski, para tentar compreender o que em princípio chamou de complexo nuclear das neuroses, a partir
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