OS ASPECTOS ATENUANTES DO SOFRIMENTO PSÍQUICO NA ADOLESCÊNCIA
Por: Ariadne Missiato • 26/9/2022 • Projeto de pesquisa • 1.399 Palavras (6 Páginas) • 119 Visualizações
Ariadne Barbieri Missiato, graduanda de Psicologia - Unicesumar.
aribmissiato@gmail.com
ASPECTOS ATENUANTES DO SOFRIMENTO PSÍQUICO NA ADOLESCÊNCIA
INTRODUÇÃO
Entendendo a adolescência como um momento ambíguo, de aquisições e perdas (RAPPAPORT et al, 1982), compreende-se que é, talvez, a fase do desenvolvimento de maior sofrimento psíquico. Momento em que há uma recapitulação do período sexual infantil e as estruturas psíquicas recém formadas se desorganizam novamente buscando recuperar o equilíbrio já vivido no período de latência. Contudo, na puberdade, as catexias libidinais começam a ganhar força novamente, e o ego adolescente já não pode mais satisfazê-las livremente sem entrar em conflito com o superego (FREUD, 1966 apud FRANKEL, 2021), dando a esse período uma instabilidade emocional e um sofrimento psíquico característico da idade (FRANKEL, 2021).
A adolescência marca a fase de passagem entre a puberdade e a vida adulta, seu caráter transicional é marcado por incertezas, e conflitos na formação da personalidade do indivíduo. Ante o exposto, a estabilização dessa personalidade e das estruturas psíquicas não acontece sem passar por um certo grau de conduta patológica, que, segundo Aberastury, é parte inerente à evolução normal desta etapa da vida, trata-se assim, da síndrome normal da adolescência (ABERASTURY; KNOBEL, 1989).
OBJETIVO
Destarte, marcado por uma fase de intensas mudanças, o objetivo do presente trabalho é investigar na literatura psicanalítica quais fatores podem ser considerados a fim de proporcionar maior estabilidade psíquica, e consequentemente, melhorar a saúde mental na adolescência, de forma a amenizar a angústia, e dispor a oportunidade destes adolescentes se tornarem adultos mais estáveis, confiantes e mentalmente saudáveis. Em vista desse objetivo, cabe a este trabalho responder a questão: quais fatores podem ser trabalhados na infância e, ou, na adolescência, para atenuar o sofrimento psíquico?
METODOLOGIA
Esta pesquisa tem por finalidade explorar na literatura psicanalítica, os principais conceitos e autores sobre o estudo da infância e adolescência, buscando compreender as características típicas dessa fase do desenvolvimento, a fim de entender os processos normais da adolescência, e os principais fatores geradores de sofrimento, e com isso promover saúde mental para a juventude e consequentemente formar no futuro uma sociedade com adultos mais saudáveis e confiantes.
Utilizando-se de uma abordagem qualitativa, foi feita uma pesquisa bibliográfica de natureza básica, para entender os comportamentos, processos, significados, e relações comuns a essa fase do desenvolvimento, buscando compreender a totalidade do fenômeno da adolescência. Para chegar a este resultado, buscou-se analisar e identificar os aspectos característicos da adolescência, as fases que o indivíduo passa nesse período, e as implicações psíquicas desse período, em diversas obras e observar as aproximações e distanciamentos entre elas.
Para que tais aspectos possuam grau de comparação, se fez necessário estudar uma única abordagem, para que a visão de homem e de mundo seja comum para que, partindo deste ponto seja possível assimilar possíveis complementaridades na teoria. Dado este objetivo, foram analisadas algumas teorias psicanalíticas, buscando encontrar entre elas pontos de convergência e divergência, e partindo dessas observações identificar formas de atenuar o sofrimento psíquico.
RESULTADO
A adolescência normal é marcada por três tipos de luto: o corpo infantil, a identidade infantil, e a relação com os pais da infância. Ao passo que a puberdade chega, o psiquismo muda e o corpo também, as alterações fisiológicas são repentinas, e o indivíduo já não se reconhece mais na nova imagem, e inicia a busca por reconhecer-se novamente, tanto ao corpo quanto aos pensamentos.
Ex positis, cabe citar a psicanalista Arminda Aberastury: “A consequência final da adolescência seria um conhecimento de si mesmo como entidade biológica no mundo, o todo biopsicossocial de cada ser nesse momento de vida” (ABERASTURY; KNOBEL, 1989). Dessa forma, é na elaboração dos lutos que o jovem passa a se reconhecer e identificar-se como parte pertencente ao mundo.
Consonante a isso, Blos coloca a adolescência como o segundo processo de individuação, da mesma maneira que o bebe se separa da relação simbiótica com a mãe no primeiro ano de vida, entendendo-se como um ser e com suas próprias características, esse processo torna a acontecer na adolescência, quando o jovem deixa a dependência familiar e dos objetos infantis para se tornar um adulto com sua própria forma de ser no mundo (BLOS, 1967 apud FRANKEL, 2021).
Sendo assim, a forma como é elaborado o luto pelo corpo da infância, é importante para se reconhecer no novo corpo, estabelecer novos limites, e desenvolver autoconhecimento, ademais, o luto da personalidade infantil, também tem seu papel na angústia do adolescente, segundo Aberastury e Knobel (1989), “a busca incessante de saber qual a identidade adulta que se vai constituir é angustiante, e as forças necessárias para superar esses micro lutos e os lutos ainda maiores da vida diária obtêm-se das primeiras figuras introjetadas, que formam a base do ego e do superego desse mundo interno do ser”. Portanto, tanto a relação saudável com as figuras de afeto da infância, quanto a identificação com novos grupos ou ideologias se tornam formas de manejar a angústia a fim de reduzi-la.
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