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Observação Do Comportamento Em Psicologia

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Por:   •  30/9/2014  •  1.615 Palavras (7 Páginas)  •  477 Visualizações

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OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO EM PSICOLOGIA

A observação do comportamento é uma ferramenta de trabalho privilegiada para os psicólogos que atuam em qualquer área. Observar o comportamento não significa se filiar a abordagens teóricas comportamentais, trata-se de um modo de coleta de informações sobre um sujeito, contexto ou fenômeno que desejamos conhecer. As informações provenientes da observação do comportamento possuem valor científico desde que obtidas com rigor metodológico, o psicólogo ao observar comportamento deve fazê-lo com olhar de pesquisador, mediado por um conjunto de técnicas adequadas para os objetivos da observação realizada; são informações preciosas pelo fato de captarem a ação espontânea dos sujeitos observados, a naturalidade de uma resposta não planejada.

1. Considerações epistemológicas e limitações da observação do comportamento

No estudo da observação do comportamento é importante considerarmos algumas questões epistemológicas relativas à possibilidade de obtenção de conhecimento confiável, bem como salientarmos as limitações metodológicas inerentes á observação.

1.1- O olhar e a verdade

Inicialmente devemos considerar que nenhum observador é totalmente imparcial, ou seja, podemos afirmar que a objetividade completa é impossível. Todo observador humano capta do ambiente, estímulos sensoriais que são processados cognitivamente em seu sistema nervoso de acordo com características típicas de um organismo humano. Organismos de outras espécies captam informações que são inacessíveis para o humano e vice-versa, por exemplo: um cachorro percebe uma pessoa muito mais pelo cheiro que pela visão, como fazem os seres humanos. Isso quer dizer que não existe um mundo natural, com características independentes do que os organismos são capazes de perceber, existem sim informações que afetam os organismos de forma diferente, a partir das características dos próprios organismos que interagem com estas informações.

Além destas questões relativas à relação dos organismos com o ambiente que os rodeia, podemos nos ater a aspectos que são próprios da condição humana, dentre eles o problema da linguagem. Cada humano se desenvolve em um universo lingüístico que não é único, aprendemos a ver o mundo e nomear seus objetos através das possibilidades da nossa linguagem. Inevitavelmente, a linguagem dentro da qual nos comunicamos cria um viés no modo como observamos e como comunicamos o que foi observado; um observador esquimó poderá perceber e falar de aspectos que, para um observador australiano, passariam despercebidos por não fazerem parte de sua capacidade de expressão ou de sua realidade cultural.

Somando-se à impossibilidade epistemológica de obtenção de uma verdade única, temos ainda limitações relacionadas ao contexto de observação.

1.2- Limitações do contexto de observação

• Limitações temporais: a observação tem acesso apenas a uma determinada faixa de tempo, não sabemos o que antecedeu ou sucederá os comportamentos observados. Se ao início da observação vemos uma pessoa chorando, muitas vezes não temos como saber a causa, nem mesmo saber se este sentimento que produziu o choro levará a um tipo ou outro de reação após o término da observação. Temos de nos ater ao momento observado, de resto só podemos fazer inferências, suposições baseadas nas informações que nos são acessíveis.

• Limitações espaciais: não podemos estar em todos os lugares ao mesmo tempo, logo, só podemos observar a partir de um recorte espacial definido. Mesmo com uso de câmeras ou de vários observadores, teremos sempre pontos de vista limitados, alguma informação irá escapar às nossas possibilidades de captação. É preciso ter clareza desta limitação em nossas análises, considerando que as informações inacessíveis podem ter influência nos fenômenos que desejamos conhecer. Se observarmos uma criança em brincadeira, esta pode se esconder e apresentar alterações quando voltar ao nosso campo de observação, nesse caso só podemos inferir o que ocorreu enquanto estava oculta.

Outras limitações podem ocorrer pela impossibilidade de captar informações de qualidades variadas, em alguns casos podemos ver e não podemos ouvir em outros casos podemos ouvir e não ver, e assim por diante.

2. Observar é abstrair

Todo evento, se for observado com a profundidade apropriada, é único. A ciência não tem meios para analisar eventos únicos. Em grande parte a ciência busca regularidades, padrões que se repetem, permitindo diferenciá-los de acordo com características comuns e agrupá-los em categorias. Esse agrupamento só é possível se nos concentrarmos nas características comuns, abstraindo (deixando de lado) as propriedades únicas e particulares dos eventos. Devemos considerar, também, o que é importante para os objetivos da observação que realizamos, nem tudo que ocorre é importante para esclarecer nossas questões. Por exemplo, para entendermos comportamentos de pedestres em relação ao trânsito, pode não ser importante considerarmos as roupas dos sujeitos observados, nem se eles ajeitam os cabelos ou qual sua freqüência respiratória.

3. Categorização e classificação do comportamento

Categorizar é o ato de agrupar elementos iguais. Cada categoria (ou classe) reúne um conjunto de elementos com características semelhantes sob um aspecto definido, isto é, aos quais se deu um mesmo rótulo dentro do que interessa aos nossos objetivos de produção de conhecimento, deixando de lado as diferenças que não nos interessam. Na categorização por gênero, separo indivíduos masculinos e femininos sem me preocupar com altura ou idade ou cor do cabelo. É importante que a definição das categorias seja clara e acessível ao entendimento de outras pessoas com as quais possamos nos comunicar sobre nosso estudo, ao definirmos uma categoria devemos ser capazes de explicar o que ela engloba. Para um estudo científico, a definição de categorias deve obedecer a alguns critérios:

• Exaustiblidade: todos os comportamentos observados e outros elementos importantes para o estudo devem ser alocados em alguma categoria. Devemos evitar a categoria genérica “outros”, podendo lançar mão desse recurso em último caso e definindo claramente o que pode ser alocado sob este rótulo.

• Exclusividade: um comportamento deve pertencer a somente uma categoria, evitando

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