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Paradox: repetição, produto da novidade

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Por:   •  6/10/2014  •  Relatório de pesquisa  •  3.544 Palavras (15 Páginas)  •  199 Visualizações

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Paradoxo: A repetição, produto da novidade.

Eis a condição necessária: de um lado ela diz respeito ao uso da língua e, de outro, ao funcionamento da fisiologia. Com efeito, estas são as sequências do mistério do corpo: eu não posso, exercito-me e posso fazê-lo; não sei, exercito-me e passo a saber; não compreendo, exercito-me e passo a entender. Numa palavra inesperada, o corpo inventa. Perguntaram a newton como ele havia descoberto a lei da atração universal. Pensando sempre nela, respondeu ele naturalmente. O treinamento inventa. O treinamento vence os obstáculos e salta sobre os carneiros, os recordes, as montanhas e as perguntas sem respostas. O pensando sem a invenção não conta, pois apenas copia e repete. O fato de acordar toda manhã e repetir o mesmo gesto, a mesma busca, a mesma preocupação faz mudar de corpo ou de mundo e promove novo.

Afastamentos do equilíbrio: a segunda expiração.

Talvez observando a representação de dois ritmos diferentes, um regular do eletrocardiograma, o outro que parece estocástico, no eletroencefalograma. Em nosso corpo, os estados estáveis se aproximam de séries imprevisíveis de rupturas e hesitações. Será que o corpo carrega consigo um relógio fiel ao tempo que passa e um barômetro caprichoso como o tempo que ele mede? O corpo vive dois tempos, dos quais um não cessa de se bifurcar? O tempo da repetição, o da invenção, e o tempo circular da contingencia, dos planetas? Favorecendo a pesquisa do equilíbrio, a repetição dos gestos, dos exercícios ou mesmo dos pensamentos, eu projetaria, por uma espécie de compensação, alguns desvios que exercitassem um movimento inesperado de uma adaptação nova a gestos inadaptados, instalando neles, em seguida, pela própria repetição. Um novo equilíbrio até então imprevisível. O exercício repete a atração. O treinamento permite experimentar o segredo da vida. De modo geral, o treinamento busca atingir esse tipo de equilíbrio, diferente da estabilidade habitual: o paradoxo acaba por desaparecer para deixar surgir, nessa experiência e por seu intermédio, a definição da vida, cujo tempo se inclina para fora do estado termodinâmico. É nesse desvio que ele vai encontrar seu destino.

...e o segredo da hominização e da cultura

Sem duvida, a vida nasceu desse afastamento, situado acima do inerte, aprisionado sob os ferrolhos do equilíbrio termodinâmico. A ginastica, o esporte, o trabalho de pesquisa, o treinamento em resumo, recuperaram, literalmente, esse ato fundamental. São eles que nos fazem sobreviver ou reviver. A hominização consiste nessa serie contingente de novos desvios, de outros equilíbrios e novos habitats. Uma vez ameaçada, essa serie nunca mais se interrompera. Recentemente acabamos de nos mudar de habitações antigas, assim como nos mudamos do corpo e do mundo. O ser vivo se havia atrelado ao relé do inverte, a sobrevivência germina no relé da vida, e assim por diante. Dai decorre a solução para um velho problema, o do acordo ou da síntese entre natureza e cultura.. a cultura começa pela natureza, ela é a própria natureza, cuja continuidade se da por outros meios. Por isso, a cada etapa, ela se torna irreconhecível.

Balanço

Em resumo, em décadas recentes, nasceu aqui um corpo novo, mais do que histórica, essa brecha tem a ver com a antropologia, a evolução do hominídeo e com o processo global de hominização. Alguns contemporâneos medrosos nos deploram, afirmando que caímos, bruscamente, na pior alienação, dependendo, dizem eles, cada vez mais de técnicas fabricadas. Dependente de objetos, o sujeito perde sua humanidade. A evolução certamente caminha por mutações, mas também por pressões da seleção natural instalada no meio e por seu intermédio. A hominização assemelha-se menos a uma evolução vital do que a uma produção propriamente dita.

Causa sui?

A invenção da bomba atômica, um dos primeiros objetos-mundo, induziu à questão de saber se a espécie humana sobreviria. Que podemos esperar? Resposta mínima: o que nos habita. Alguns chegaram a perguntar em nome de qual principio devemos trabalhar para essa sobrevivência especifica. Sem resposta para essa pergunta, somos forçados a evocar uma transcendência que lhe é exterior. Isso demonstra a dificuldade que temos em manejar conceitos globais. Não há muito, Spinoza designava Deus como a causa sui ou a causa de si. Ele produzia a ele mesmo, porque nenhum criador poderia ser pensado acima dele. Em meio século, acabamos de forjar o alfa e o ômega de dois objetos-mundo, o fim e o começo, a criação e o aniquilamento. Esse súbito conhecimento dos dois polos de nosso destino especifico e individual muda nosso status.

Théotokos: o que gera Deus

Um concilio do antigo cristianismo nomeou a virgem Maria como mãe de Deus. Uma mulher gerou como filho seu criador e tornou0se mãe de seu pai. Tratava-se certamente, de descontruir as mais convencionais relações de sangue, filiação e paternidade biológicas; mas, sobretudo de contrariar a natureza abolindo com a virgindade o que ainda pudesse restar da maternidade. Mãe de seu pai, uma mulher produzida produz seu produtor. A era cristã cumpriu sua promessa. Ei-nos aqui, pais de nosso próprio parentesco.

Primeiro circuito da Hominescência

Exodarwinismo dos objetos técnicos

Milhões de anos foram necessários para que os pássaros tivessem asas e plumas, em alguns meses, construímos uma aeronave. A intenção dos primeiros instrumentos fez-nos sair da evolução para entrar na cultura. As espécies aparecem quando, por mutação e seleção, nascem órgãos ou funções corporais, que de novo, se adaptam ás exigências inesperadas do meio ambiente. O Homo sapiens lentamente encarrega-se das produções rápidas. Uma lâmina, uma pedra polida, uma arma de arremesso, respondem mais rápido a essa adaptação do que a transformação de uma função interminável e perigosa. A técnica-lebre substitui a velocidade da evolução-tartaruga. Denomino exodarwismo esse movimento original dos órgãos para com os objetos que exterioriza os meios de adaptação.

Aparelhar

Esta pedra faz as vezes do martelo que substitui o frágil punho que lhe serve de modelo, e esta alavanca exterioriza o antebraço. Em todos os sentidos que se possa conferir a essa palavra ocorreu e ocorre sempre uma espécie de aparelhagem que evoca simultaneamente os próprios aparelhos, sua semelhança “semelhante” às funções do copo e o afastamento delas, assim como sua exteriorização, essa perda de

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