RESENHA DO CAPÍTULO 3 – A TEORIA ANALÍTICA DE CARL JUNG (PAGINAS 84 Á 92) LIVRO TEORIA DAS PERSONALIDADES 4ª EDIÇÃO (CALVIN S. HALL, GARDNER LINDZEY E JOHN B. CAMPBELL)
Por: albertopsico • 2/9/2021 • Resenha • 4.520 Palavras (19 Páginas) • 598 Visualizações
UNIUBE – UNIVERSIDADE DE UBERABA
ATIVIDADE: RESENHA DO CAPÍTULO 3 – A TEORIA ANALÍTICA DE CARL JUNG (PAGINAS 84 Á 92) LIVRO TEORIA DAS PERSONALIDADES 4ª EDIÇÃO (CALVIN S. HALL, GARDNER LINDZEY E JOHN B. CAMPBELL).
UBERABA – MG
2018
Carl Jung era um jovem psiquiatra em Zurique quando leu A interpretação dos Sonhos de Freud, logo depois de ter sido publicado em 1900. Imensamente impressionado pelas idéias de Freud, que usou e verificou em sua própria prática, Jung enviou-lhe cópias de seus textos que, em geral, apoiavam o ponto de vista freudiano. Em 1906 começou uma correspondência regular entre os dois. Quando Jung fez sua primeira visita a Freud em Viena, no ano seguinte, eles conversaram sem parar por treze horas! Freud decidiu que Jung seria seu sucessor, “seu príncipe herdeiro” conforme ele escreveu a Jung. Quando foi fundada a Associação Psicanalítica Internacional, em 1910, Jung tornou-se seu primeiro presidente, uma posição que manteve até 1914. Em 1909, Freud e Jung viajaram juntos para a Clark University, em Worcester, Massachusetts, tendo sido ambos convidados a dar uma série de conferências na celebração do 20º ano de fundação da universidade. Três anos mais tarde, entretanto, o relacionamento pessoal entre Freud e Jung começou a esfriar. Finalmente, em 1913, eles terminaram sua correspondência pessoal e, alguns meses mais tarde, sua correspondência profissional. Em abril de 1914, Jung renunciou à presidência da associação e, em agosto de 1914, ele se retirou como membro. O rompimento foi então completo. Freud e Jung nunca mais se viram. Embora as causas da ruptura no relacionamento outrora íntimo sejam complexas e “supradeterminadas”, envolvendo incompatibilidades pessoais e intelectuais, uma razão importante foi Jung ter rejeitado o pansexualismo de Freud: “A razão imediata foi que Freud...identifico seu método com sua teoria sexual o que considerei inadmissível”(comunicação pessoal de Jung, 1954). Jung então partiu para criar sua própria teoria da psicanálise e seu próprio método de psicoterapia, que se tornou conhecido como psicologia analítica. As linhas de sua abordagem tinham sido estabelecidas antes de Jung conhecer Freud, e ele nela trabalhou consistentemente durante o período em que esteve associado a Freud (Jung, 1913).
Carl Gustav Jung nasceu em Kesswyl, uma cidade no Lago Constance, no Cantão de Thurgau, Suíça, em 26 de julho de 1875, e cresceu na Basiléia. Seu pai era pastor da Igreja Reformada Suíça. Jung ingressou na Universidade da Basiléia com a intenção de se tornar um filologista clássico e, se possível, um arqueólogo, mas parece que um sonho despertou seu interesse pelo estudo das ciências naturais e, incidentalmente, pela medicina. Depois de obter seu diploma médico na Universidade da Basiléia, ele se tornou assistente no Burghölzli Mental Hospital, em Zurique, e na Clínica Psiquiátrica de Zurique, iniciando assim sua carreira na psiquiatria. Ele foi assistente e mais tarde colaborador de Eugen Bleuler, o eminente psiquiatra que desenvolveu o conceito de esquizofrenia, e estudou brevemente com Pierre Janet, o aluno e sucessor de Charcot em Paris. Em 1909 ele desistiu de seu trabalho no Burghölzli e, em 1913, de sua docência em psiquiatria na Universidade de Zurique, a fim de dedicar-se inteira- mente à prática privada, à sua formação, à pesquisa, a viagens e a escritos. Por muitos anos ele coordenou um seminário em inglês para alunos de língua inglesa e, depois que se aposentou do ensino ativo, foi criado em Zurique um instituto de formação com seu nome. Em 1944 foi fundada uma cadeira de psicologia médica especialmente para Jung na Universidade da Basiléia, mas sua saúde enfraquecida o obrigou a renunciar à cadeira depois de um ano. Ele morreu em 6 de junho de 1961, em Zurique, aos 85 anos de idade. Ainda não foi publicada nenhuma biografia completa de Jung comparável à biografia de Freud por Ernest Jones. Uma autobiografia, Memórias, Sonhos, Reflexões (1961) foi publicada no ano da morte de Jung. Uma parte dela foi escrita diretamente por Jung e outra parte foi gravada e
editada por sua secretária confidencial, Aniela Jaffé, suplementada por materiais de conferências proferidas por Jung. Memórias, Sonhos, Reflexões é principalmente uma
biografia interior ou espiritual, embora também contenha uma grande quantidade de informações sobre os eventos externos da vida de Jung. O tom do livro é estabelecido pela frase de abertura: “A minha vida é a história da auto- realização do inconsciente”.
Embora a teoria de Jung da personalidade normalmente seja identificada como uma teoria psicanalítica devido à ênfase que dá aos processos inconscientes, ela difere em alguns aspectos notáveis da teoria de Freud da personalidade. Talvez o aspecto mais proeminente e distintivo da visão de Jung dos seres humanos é que ela combina teleologia com causalidade.
O comportamento humano é condicionado não apenas pela história individual e racial (causalidade), mas também pelas metas e aspirações (teleologia). Tanto o passado como realidade quanto o futuro como potencialidade orientam o nosso comportamento presente. A visão de Jung é prospectiva no sentido em que olha para frente, para a linha de desenvolvi- mento futuro da pessoa, e retrospectiva, no sentido em que leva em conta o passado. Parafraseando Jung: “a pessoa vive por metas, assim como por causas”. Essa insistência no papel do destino ou do propósito no desenvolvimento humano separa Jung de Freud muito claramente. Para Freud, existe apenas a interminável repetição de temas instintuais até o momento da morte. Para Jung, existe um desenvolvimento constante e frequentemente criativo, a busca da totalidade e completude, e o anseio de renascimento. A teoria de Jung também se distingue de todas as outras abordagens à personalidade pela forte ênfase colocada nas fundações raciais e filogenéticas da personalidade. Jung vê a personalidade individual como o produto e o continente de sua história ancestral. Os seres humanos modernos foram moldados em sua presente forma pelas experiências cumulativas de ge- rações passadas, estendendo-se às srcens obscuras e desconhecidas do ser humano. As fundações da personalidade são arcaicas, primitivas, inatas, inconscientes e provavelmente universais. Freud enfatiza as srcens infantis da personalidade, ao passo que Jung enfatiza as srcens raciais da personalidade. Os seres humanos nascem com muitas predisposições legadas por seus ancestrais; essas predisposições orientam sua conduta e determinam em parte aquilo de que se tornarão conscientes e à que responderão em seu mundo experiencial. Em outras palavras, existe uma personalidade racialmente pré-formada e coletiva que funciona seletivamente no mundo da experiência e é modificada e elaborada pelas experiências vividas. A personalidade de um indivíduo resulta de forças internas agindo sobre e sendo influenciadas por forças externas. Esse grande respeito pelo nosso passado racial e a sua influência sobre as pessoas hoje significam que Jung, mais do que qualquer outro psicólogo, sondou a história humana para descobrir o máximo possível sobre as srcens e a evolução racial da personalidade. Ele estudou mitologia, religião, símbolos e rituais antigos, os costumes e as crenças dos povos primitivos, assim como os sonhos, as visões, os sintomas dos neuróticos, e as alucinações e os delírios dos psicóticos, em sua busca das raízes e dos desenvolvimentos da personalidade humana. Sua aprendizagem e erudição, tanto em amplitude de conhecimento quanto em profundidade de entendimento, provavelmente ainda não foram superadas pelos psicólogos atuais.
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