RESENHA DO LIVRO O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO - MATÉRIA TERAPIA EXISTENCIAL E HUMANISTA
Por: Mariana Cinicio • 27/4/2019 • Resenha • 1.713 Palavras (7 Páginas) • 250 Visualizações
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Trabalho de Terapia Existencial e Humanista
Quarta-feira, 16:00, Holden Caulfield chega pontualmente para o nosso 15° encontro.
Novamente ele aparece com seu chapéu vermelho com protetores de orelhas e mais uma vez o guarda no bolso de seu casaco assim que entra.
Me dá boa tarde e um aperto de mão. Chega contando sobre o dia em que conversou com o seu antigo professor de um dos colégios do qual, assim como nos outros, havia sido expulso.
- Por esses dias, me lembrei do professor Antolini. Ele é um cara bastante inteligente e coisa que o valha. Gostaria de te contar sobre um de nossos encontros, onde aconteceu algo que me deixa confuso e me da vontade de vomitar sempre que lembro.
- Fique à vontade – eu disse.
“Verifiquei que me enriquece abrir canais através dos quais os outros possam comunicar os seus sentimentos, a sua particular percepção do mundo. ” – Carl Rogers
- Lembra de quando te contei que fui à minha casa, escondido, para ver minha irmã, a Phoebe, antes da quarta-feira, quando logo meus pais descobriram que fui expulso do colégio, mais uma vez...?
- Lembro sim.
- Quando meus pais chegaram – ele continuou – precisei sair às pressas para não ser pego por eles, e então, como já havia ligado para o professor Antonini há alguns minutos antes, resolvi dormir na casa dele. Ao sair da minha casa, fui caminhando ate lá. Estava frio pra burro. Cheguei e bati à porta. Ele abriu enquanto segurava um copo de whisky com gelo. Me pediu que entrasse e a esposa dele estava na cozinha fazendo café. Eu realmente precisava de um café. Estava com uma dor de cabeça daquelas. Alias... sempre tenho dores de cabeça e parece que elas sempre surgem quando eu começo a pensar e pensar e pensar e os pensamentos aceleram. Começo lembrando da minha briga com Stradlater, e ele me acertou em cheio no nariz... e eu caí. Mas quando caí, fingi que havia tomado um tiro bem na boca do meu estômago e sangrava e sangrava. Pensei tanto sobre isso, que senti a dor do tiro de verdade. Fui me arrastando até o banheiro e tudo. Era divertido imaginar essas coisas. Desculpe por emendar e cortar um assunto no outro. Sei que essas coisas incomodam as pessoas, mas, é exatamente assim que os flashes surgem na minha cabeça. Para você, uma coisa pode não ter nada haver com a outra, mas pra mim sempre tem.
“Penso que é possível agora ver claramente por que razão não existe filosofia, crença ou princípios que eu possa encorajar ou persuadir os outros a terem ou a alcançarem. Não posso fazer mais do que tentar viver segundo a minha própria interpretação da presente significação da minha experiência, e tentar dar aos outros a permissão e a liberdade de desenvolverem a sua própria liberdade interior para que possam atingir uma interpretação significativa da sua própria experiência. ” – Carl Rogers
- Sem problema, Holden! Fale do que quiser falar. Estou aqui para te ouvir.
“Atribuo um enorme valor ao fato de poder me permitir compreender uma outra pessoa. “ – Carl Rogers
- Voltando ao professor Antonini, aceitei o café, e me sentei no sofá, a esposa dele se retirou porque estava com trajes de dormir e sem maquiagem – disse isso sorrindo – e ficamos eu e o professor. Perguntou se eu havia realmente sido expulso e o motivo. Disse que foi porque tomei bomba em quase todas as matérias, menos inglês, e que se aprendi inglês, foi graças a ele... enfim, ele falou sobre me ver em queda livre, ou algo parecido com isso. Soou como se eu estivesse mesmo afundando. Disse algo sobre eu conhecer e expandir a minha mente – ficou calado quase 1 minuto.
“...descobri que sou mais eficaz quando posso ouvir a mim mesmo aceitando-me, e posso ser eu mesmo” - Carl Rogers
- Gostaria de me falar mais sobre isso?
“De alguma forma desenvolvi um tipo de jeito, acho, de — bem um hábito de tentar fazer com que as pessoas se sintam à vontade ao meu redor, ou fazer com que as coisas corram tranqüilamente. Sempre tem que haver algum apaziguador por perto, do tipo panos quentes. ” – Carl Rogers
- Ah! Claro. Mas então, parecia ser um toque, para que eu fosse Atrás de estudar e conhecer coisas das quais eu gosto, e não gastar o espaço da minha cabeça com assuntos chatos e que me deixam mal e me deprimem e me dão vontade de vomitar. Mas aquela conversa já me fazia ficar assim, por si... senti sono e vontade de vomitar. Bocejei. Ele então resolveu me ajudar a arrumar o sofá para que pudesse me deitar e dormir. Arrumamos tudo e ele foi para a cozinha, ainda bebendo, para variar. Eu estava cansado. Tinha tido um dia e tanto. Tentei pensar sobre as coisas que ele falou, mas estava ficando triste, confuso e nervoso então dormi. Agora vem a parte mais estranha que é a que me deixa louco e confuso até hoje.
- Vamos lá!
- Eu acordei com o professor Antonini fazendo CARINHO na minha cabeça! Da para acreditar? Eu pulei do sofá e disse que precisava ir. Ele disse que estava muito cedo. Para eu dormir mais. Voltar para o sofá. Mas eu já estava vestindo as minhas roupas e suando e perguntando a ele o que era aquilo. Suando muito e aí a dor de cabeça voltou, como sempre. Ele parecia calmo. Disse que só estava ali, me olhando e que logo iria dormir. E eu só pensava sobre ele ser gay e querer transar comigo!!!!!! Aquilo me dava vontade de vomitar. Eu disse que precisava ir buscar minha mala que estava no armário do aeroporto. Ele disse para que eu voltasse logo. E realmente pensei sobre voltar. Ele me levou até a porta, e o elevador era bem em frente. O elevador demorou uma eternidade, e enquanto esperávamos ele me olhava e dizia que eu sou um menino estranho. Vê se pode. Ele faz carinho em mim ENQUANTO EU DURMO, e eu que sou estranho?
‘Esses sentimentos vêm à superfície como “bolhas de ar”, eles “brotam”. O cliente “mergulha” nas suas emoções, muitas vezes com cautela e com receio: “Eu queria mergulhar neste sentimento, mas você sabe como isso é difícil”. Outra dessas observações naturalistas liga-se à importância que o cliente atribui à exatidão da simbolização. Ele quer exatamente a palavra precisa com a qual possa exprimir o sentimento por que passou. Uma aproximação não lhe basta. E isto para conseguir uma melhor comunicação consigo próprio, até porque, se se tratasse de comunicar com o outro, ele teria à sua disposição várias palavras de significado equivalente. ” – Carl Rogers
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