RESENHA: PSICOLOGIA GRUPAL
Por: Luiza Nogueira • 21/4/2019 • Trabalho acadêmico • 1.849 Palavras (8 Páginas) • 394 Visualizações
RESENHA:
PSICOLOGIA GRUPAL
O nascimento de uma disciplina
Foulkes (1963) vem falar sobre as qualidades especiais que o homem percebeu que poderiam ser adquiridas advindo da reunião com seus semelhantes, antes mesmo do descoberta do fogo, ou da construção de abrigo. A psicologia grupal veio surgir no encontro de outras disciplinas eu já existiam, no caso temos a confluência entre a psicologia propriamente dita (que se ocupa dos fenômenos psíquicos do indivíduo enquanto tal) e a psicologia social (originou da sociologia e psicologia). A identidade da psicologia social veio adquirir sua identidade como disciplina na Universidade de Harvard, em 1917, que teve a partir de 1920 o titular William Mc Dougall, o autor da primeira obra especialmente aplicada a nova disciplina: “Uma introdução à psicologia social”.
Kurt Lewin (1890-1948) começa a traçar o perfil dos face-to-face groups, desse modo entramos na história propriamente dita da psicologia grupal. Lewin, um pesquisador por excelência, entendia que não seria possível, ao menos com as técnicas de exploração e instrumentação mental existentes em sua época, realizar experiências e formular hipóteses a partir do exame da sociedade global ou dos grandes conjuntos sociais; formulou, então, um método que denominou pesquisa-ação, que lhe permitiria examinar as variáveis dos fenômenos grupais no âmbito de pequenos grupos de 12 a 15 membros, ou seja, grupos nos quais os indivíduos podem-se reconhecer em sua singularidade durante a experiência em que estão envolvidos. De outro modo, foi observado por Lewin que os fenômenos grupais só se tornam inteligíveis ao pesquisador que consente em participar de seu devir. Com a pesquisa-ação e a sistemática introduzida por Lewin e seus discípulos na formação de profissionais destinados a coordenar atividades grupais de cunho não explicitamente terapêutico, nascia a dinâmica de grupos, matriz a partir da qual se desenvolveria o que aqui denominamos psicologia grupal.
Outros vértices de observação dos fenômenos grupais e contribuições à compreensão do que se passa nos grupos humanos: a teoria dos papéis e a abordagem psicodramática (J.L. Moreno), a teoria dos vínculos e a relação dos grupos com a realização das tarefas a que se propõem (Pichon-Rivière), a teoria sistêmica (von Bertalanffy) e os estudos sobre a comunicação humana (Bateson et al.), bem como a leitura dos processos grupais em um contexto evolutivo-prospectivo. Temos algumas contribuições de alguns marcos referencias teórico-técnicos à constituição da disciplina, assim, podemos citar: Dinâmicas de grupos, da psicanálise, da teoria dos vínculos e dos grupos operativos, do psicodrama, teoria sistêmica. Essa disciplina é atualmente um precipitado dos conhecimentos oriundos dos marcos referenciais teórico-técnicos mencionados anteriormente, aos quais se poderão acrescentar, no futuro, outras contribuições aportadas pela incessante evolução do conhecimento na área das ciências humanas.
A psicologia social veio nascer sendo voltada ao estudo e à compreensão dos sistemas humanos, em suas multifacetadas representações sociais contemporâneas. Esse nascimento é advindo da teoria geral dos sistemas e com pesquisas sobre a comunicação humana, que podemos entender como uma nova concepção do que se passa na interface entre os indivíduos que começou a dar privilegio ao interpessoal ou interacional estando sempre em conexão com o intrapsíquico para assim redimensionar a compreensão do comportamento dos seres humanos como entes grupais. Em suma, a psicologia grupal tem como objetivo de seu estudo os microgrupos humanos, entendendo-se por tal todos aqueles nos quais os indivíduos podem reconhecer-se em sua singularidade (ou perceberem uns aos outros como seres distintos e com suas respectivas identidades psicológicas), mantendo ações interativas na busca de objetivos compartilhados.
O que é, afinal, um grupo?
O que distingue um conjunto de pessoas de um grupo, no sentido em que aqui o estamos considerando, ou seja, no de um sistema humano? Sistema humano é, em nosso entender, todo aquele conjunto de pessoas capazes de se reconhecerem em sua singularidade e que estão exercendo uma ação interativa com objetivos compartilhados.
Podemos por ventura confundir com a noção de grupo humano, já que temos a referência caracterizante a interação entre seus membros. Partindo disso, temos uma situação hipotética: O conjunto de pessoas que viajam em um ônibus não são um grupo ou um sistema humano no sentido aqui referido. Podem ter um objetivo compartilhado (chegar ao seu destino), mas não se reconhecem em sua singularidade e nem interagem coletivamente (se o fazem, é cada qual com seu vizinho de poltrona). Agora, se o ônibus sofre um acidente, então podemos ter a constituição de um grupo com um objetivo compartilhado, interações em busca desse objetivo, e os passageiros podendo se reconhecer em sua singularidade. Vamos exemplificar começando por esse último tópico: o acidente vai pondo à mostra as peculiaridades do funcionamento de cada indivíduo em sua inserção grupal.
Práxis Grupal nas Instituições
Desenvolvimento de recursos humanos
O mundo empresarial, nos dias de hoje é onde mais encontramos justificativas para afirmar que estamos saindo da era da individualidade para a era da grupalidade, assim entendemos que o tempo do self made man já se foram. Partindo do pressuposto empresarial citado, o dirigente de empresas contemporâneo está a se dar conta de que a condição para o sucesso não se apoia apenas na competência pessoal, mas requer disponibilidade e aptidão para o trabalho em grupo. A interdisciplinaridade e as parcerias estão na rota do bom desempenho de seus negócios.
Na medida em que o capital humano passou a ser reconhecido como a maior riqueza de uma empresa, desenvolver os potenciais interativos dos que nela atuam passou a ser prioridade. E os departamentos de recursos humanos já não podem ficar restritos ao recrutamento, seleção e treinamento do pessoal, mas precisam capacitar-se a visualizar sistemicamente a empresa e ampliar seu raio de ação para operacionalizar a abordagem grupal com os referenciais teórico-práticos disponíveis, a fim de criar a ambiência que corresponda às demandas de todos os estratos da organização, favorecendo a emergência de soluções compartilhadas e criativas capazes de mantê-la à frente da concorrência. Em resumo, hoje não podemos apenas administrar os negócios, é necessário também administrar as relações estabelecidas dentro da empresa. Nesse contexto foi que entrou em cena a psicologia organizacional. Como assinala Zanelli (2002) sobre o homem em suas relações de trabalho: “o crescimento individual que se pretende deve conduzi-lo a apreender sua inserção nas relações com o grupo e as relações do grupo com a estrutura organizativa e com a sociedade”.
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