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RESENHA SIGMUND FREUD

Por:   •  20/6/2017  •  Resenha  •  3.852 Palavras (16 Páginas)  •  314 Visualizações

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Sigmund Freud (1856-1939)

A Psicanálise deve a Sigmund Freud sua existência tal como existe hoje. Sua teoria, inicialmente baseada nos estudos científicos de Charcot, Breuer e Janet, mas com uma visão filosófica advinda dos pensadores Schopenhauer, Nietzsche, LaRochefoucald e Darwin, tornou-se logo o principal e mais conciso estudo sobre a personalidade humana realizada sob métodos cientificamente aceitáveis na sua época.

Inicialmente, Freud buscou na Biologia a sua base epistemológica de estudo sobre o aparelho psíquico. Em sua obra Projeto Para Uma Psicologia Científica, tenta relacionar os fenômenos psicológicos com o sistema neurofisiológico humano, através de conexões de neurônios responsáveis por tais fenômenos. Nesse primeiro trabalho, Freud tenta resumir a estrutura do aparelho psíquico a um componente biológico, regido por forças energéticas que deslocavam-se através das vias neuronais e que, mediante acúmulo ou descarga dessa energia, provocavam, respectivamente, sensações de tensão (desprazer) ou relaxamento (prazer). Apesar de infrutífera na sua pretensão de delinear anatomicamente a mente humana, este estudo serviu de base para o desenvolvimento da primeira estrutura psicológica psicanalítica.

No capítulo VII de A Interpretação dos Sonhos, surge o primeiro esboço, baseado na recepção de estímulos através de uma extremidade sensitiva e a reação através de outra parte, dita Motora. Esse esboço foi logo substituído pela primeira tópica, que descreve o aparelho psíquico dotado de três estruturas: o Inconsciente (ICS), o Pré-Consciente (PCS) e o Consciente (PCPT-CS). O ICS seria o lar das reminiscências (nome que ele dá aos pensamentos e sentimentos) reprimidas e não diretamente acessáveis. Também disporia de outros conteúdos, de caráter coletivo, se bem que o autor dá à eles pouca atenção (Jung estuda-os mais profundamente). O pré-consciente é uma área, ainda inconsciente (Freud reluta em colocá-lo como ente separado do ICS), mas que já possui uma ligação direta com o CS. Seria um local de transição, de censura, no qual decidiria-se, inconscientemente, onde as reminiscências seriam armazenadas, se no ICS ou no próprio PCS, de onde poderiam tornar-se conscientes sem maior esforço. Este último (CS) seria a superfície do aparelho psíquico, uma espécie de porto de entrada e saída de percepções. É mais facilmente compreendido como um ato (estar consciente), do que propriamente como uma estrutura.

O fluxo de idéias dentro do aparelho psíquico proposto por Freud em sua primeira tópica ocorre bilateralmente (lembrar que o PCS é parte do ICS), muito embora os processos de entrada e saída desses conteúdos sejam diferentes entre si. Para ele, uma idéia vinda de fora, primeiramente precisa ser percebida. Isto é trabalho para o CS. Esse conceito de percepção é mais amplo do que o conceito usualmente usado na psicologia, sobretudo a psicologia evolutiva, no qual a percepção é dada como uma interpretação das sensações corpóreas internas e externas recebidas pelos nossos receptores nervosos. A percepção freudiana engloba este conceito, porém, não fica apenas no campo da percepção biológica. A percepção é também construtora da realidade interna, intrapsíquica, a partir daquilo que sente, interpreta e percebe do meio externo. E não só com relação aos conteúdos externos, mas também ocorrendo com os internos. Freud diz em seu O Ego e o ID, que a idéias inconscientes devem construir vínculos de ligação com a realidade antes de tornarem-se conscientes. Ou seja, para se manifestarem, elas devem ser percebidas e vivenciadas.

Resumidamente, a entrada de idéias passa pelo sistema PCPT – CS, para depois serem armazenadas no inconsciente, quer tenham passado ou não pelo Pré-Consciente. Já a saída das idéias necessariamente tem que ser via PCS. É ele quem vincula à elas a codificação lingüística, ou seja, é ele quem transforma o pensamento inconsciente (e portanto, sem forma definida) em pensamento consciente (que pode ser percebido porque está exposto na forma de signos de linguagem). Mas não é assim que ocorre com os sentimentos. Estes não podem ser vinculados tão facilmente com os signos (até podem ser, mas não com a mesma precisão das idéias). Falando mais claramente, um sentimento não pode ser explicado em palavras, ele é simplesmente sentido. Portanto, sua movimentação dentro do aparelho psíquico freudiano dá-se diretamente entre CS e ICS, dispensando a atuação do PCS. Considerando que todo o pensamento e toda a emoção é uma movimentação de energia psíquica (Libido), vemos aí exibido o primeiro esboço do funcionamento da mente humana, segundo Freud.

A partir desse estudo, Freud determinou então que haveriam situações específicas onde o caráter e a personalidade do indivíduo seriam moldados. As fases psicossexuais e os complexos (de Édipo e de Castração) começariam a ser desenvolvidos.

Para Freud, as reminiscências (idéias e sentimentos) são armazenadas na mente através de uma descarga de energia, necessária à formação da impressão mnêmica. Essa energia, chamada Libido, seria de origem sexual, pois as pulsões que movimentam essa energia são, invariávelmente, de natureza sexual, sejam eles para fins de autoconservação ou reprodução (sexuais). Antes da formação do aparelho psíquico, a criança trabalha com seu aparelho psíquico apenas no nível inconsciente. Devido à isso, suas necessidades não levam em consideração os aspectos da realidade (lógica, tempo, espaço, etc.). Sua satisfação dá-se através de “alucinações” geradas à partir das primeiras experiências mnêmicas (o ato de se alimentar, por exemplo). Esse processo de autosatisfação é conhecido como processo primário, pois obedece unicamente ao princípio do prazer, que busca a satisfação imediata dos desejos. A partir do momento em que a criança entra em contato com os impedimentos da realidade, sofre suas primeiras experiências frustradas. A partir daí, começa a elaborar uma nova forma de agir, levando em conta os aspectos físicos e circunstanciais do ambiente para a obtenção do objeto desejado. A esse processo dá-se o nome de secundário, pois leva em consideração o princípio da realidade. É através dessa transição que a criança vai entrando em contato com o mundo ao seu redor, e prepara-se para nele atuar com possibilidades de sobrevivência.

Uma vez que a catexia (processo pelo qual a energia libidinal é investida em um determinado objeto, descrito acima) foi determinada como o processo mental básico, restou a Freud estudar de que maneira essa Libido é investida durante o desenvolvimento do ser humano para determinar como a personalidade

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