Relatos Diferentes, Uma Narrativa

Introdução contendo relato sobre o comportamento do segmento de

mercado onde a empresa atua e sobre o desempenho operacional no

exercício de 2008

“Começamos a ver o impacto da recessão econômica global na decisão dos

consumidores e em seus gastos durante o terceiro trimestre de 2008 no Brasil. Essa

tendência, que resultou em menores velocidades de vendas, continuou no quarto trimestre.

Entretanto tivemos lançamentos de sucesso nesse período, como o empreendimento

Alphaville Barra, 90 % vendido na semana do lançamento, e o empreendimento da Gafisa

Chácara Santana, 60% vendido.”

A declaração do presidente da Gafisa, Wilson Amaral, reflete que apesar das condições

de mercados desfavoráveis, que estavam presentes neste período de 2008, a empresa

obteve sucesso de venda em seus lançamentos. A decisão dos consumidores citadas por

Wilson Amaral, na verdade reflete a falta de confiança do consumidor na economia a partir

do segundo semestre de 2008, que fez com que os mesmos decidissem postergar seus

planos de compra de imóveis, a fim de evitar o endividamento a longo prazo. Esta

desaceleração da demanda neste período também fez com que as construtoras adotassem

uma política mais conservadora em relação às suas metas de crescimento e diminuíssem ou

cancelassem novos empreendimentos que viriam a ser lançados. A Gafisa no último

trimestre cancelou mais de seis projetos considerando as empresas FIT e Tenda da qual

retém grande parte das ações. O cancelamento destes projetos totalizou um VGV (valor

geral de vendas) de R$ 241 milhões e as despesas com os cancelamentos (vendas, despesas

jurídicas e com projetos) somaram R$15,7 milhões. Segundo a Standard & Poor’s, o

“esforço de vendas pode ser desafiador em um cenário econômico doméstico enfraquecido,

com possíveis efeitos sobre a rentabilidade dos empreendimentos, na medida em que

exijam maiores gastos com marketing, promoções e descontos”, diz a agência. Como o

esforço de vendas pode não apresentar retorno e representar riscos de sucesso, muitas

construtoras preferem adiar ou cancelar novos projetos em um cenário de instabilidade

econômica.

Os estoques da Gafisa no período de 2008 foram contabilizados em 1.695.130 (Reais

Mil), mais que o dobro registrado no ano de 2007 que foi de 872.876 (Reais Mil). Com o

cancelamento de novos empreendimentos o nível de estoques começa a ser apontado como

motivo de preocupação, pois as empresas precisam arcar com os compromissos realizados

com terceiros, como a compra de material para construção, e compra de terrenos. Este

compromisso muitas vezes ocorre em anos anteriores, como a compra parcelada de

terrenos, que pressionam ainda mais o fluxo de caixa. No caso da Gafisa, em relação aos

terrenos, seu banco, denominado de Land Bank, se destaca pela maneira que os terrenos

são negociados ou adquiridos. A Companhia e suas controladas adquirem parte dos

terrenos por intermédio de operações de permuta, nas quais, em troca dos terrenos

adquiridos, compromete-se a entregar unidades imobiliárias de empreendimentos em

construção, ou parcela das receitas provenientes das vendas das unidades imobiliárias dos

empreendimentos. O Land Bank da Gafisa ao final de 2008 alcançou RS 17,8 bilhões, o

equivalente a 115 mil unidades, sendo formado por 247 terrenos distintos. De maneira

geral, 72% do land bank da Gafisa foi adquirido através de permutas. Em linha com a

estratégia da Companhia de atender a todos os segmentos e regiões do mercado Brasileiro,

41% do land bank consolidado ao final de 2008 encontrava-se fora dos estados do Rio de

Janeiro e São Paulo. Adicionalmente a empresa possuía em 2008 um importante estoque de

terrenos nos mercados tradicionais de São Paulo, Rio de Janeiro e de Novos Mercados.

No mês de outubro de 2008 o Brasil viu uma desarticulação em diversos setores,

incluindo mercado de capitais, crédito e taxas de câmbio, mas o sistema bancário em

contrapartida se apresentava bem capitalizado. Oito bancos brasileiros concentravam 85%

de todos os ativos do setor e 82% do crédito bancário brasileiro. Como resultado, o acesso

ao crédito corporativo e capital de giro para muitos setores se restringiu. Para o presidente

da Gafisa, este cenário não afetou a empresa já que, segundo Wilson Amaral, a Gafisa

possui relacionamento de longa data com os maiores bancos brasileiros, com linhas de

crédito suficientes já aprovadas. “Uma parcela considerável de nossa necessidade de

financiamento já foi aprovada ou se encaminha para isso, o que, acrescido à posição de

caixa de R$ 790 milhões (novembro 2008) e R$ 250 milhões em recebíveis perfomados

securitizáveis, confiamos, temos flexibilidade financeira suficiente para atingir nossas

metas”. Também no mês de outubro