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Relatório Diagnóstico / Percepção sobre o informante

Por:   •  15/10/2015  •  Relatório de pesquisa  •  2.635 Palavras (11 Páginas)  •  234 Visualizações

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1) Diagnóstico / Percepção sobre o informante

O presente estudo revela que o diagnóstico do câncer de mama causa, em uma parcela expressiva das participantes, um impacto psicológico importante, tendo desencadeado experiências de surpresa e tensão. Ensejado demonstrações de aceitação, força e busca pela compreensão do adoecimento, redefinindo relacionamentos interpessoais, familiares e ou afetivos amorosos, além de intensificar o comprometimento com a religiosidade. A confirmação do diagnóstico do câncer de mama, por si só, pode desencadear um sofrimento psicológico acentuado à mulher, o qual, vale enfatizar, tende a afetar seu universo de relações, levando-a a se aproximar ou se afastar daqueles que acercam.

Das entrevistadas, sete (46%) mulheres informam que a descoberta do diagnóstico de câncer de mama decorreram de mamografias de rotina realizadas pelas mesmas.

“[...] Porque eu tinha feito a mamografia ne, ai eles estavam com suspeita, ai fez a biopsia pra saber ne e ai que eu descobri...” (S.13)

Em contraponto a esta análise, Guerreiro (2005) expõe que outro aspecto a ser enfatizado é o fato de as mulheres não procurarem hospitais públicos, haja vista não quererem enfrentar filas, para fazerem a prevenção. O mau atendimento em hospitais públicos e a confiança em recursos caseiros são alguns dos motivos que explicam por que muitas mulheres chegam tardiamente ao médico mastologista e com tumores já em estágio avançado, o qual impede a preservação ainda que parcial da mama.

Enquanto que cinco (33%) trouxeram que buscaram o médico para investigação do diagnóstico a partir dos efeitos colaterais que a doença traz como dor, vazão de sangue pelos mamilos, descoberta do caroço a partir do auto exame como mostra-se a baixo:

“[...]sentei na cama sozinha ai comecei a palpar e achei um caroço aqui e o trem doía demais, tinha dia que dava a dor e eu gritava [...], mas ai o braço dói de vez enquanto[...]” (S.4)

A partir dos relatos nas entrevistas, refere-se que o tratamento eficaz começa pela boa qualidade da comunicação entre médico e paciente reafirmando que um bom diálogo é fundamental para o tratamento. Dez (66%) pacientes contam que houve uma boa relação médico-paciente, onde o médico foi capaz de esclarecer todos os termos quando dado o diagnóstico de câncer de mama.

Ele [médico] explicou sim, falou que eu ia precisar passar pela cirurgia, falou do tratamento, conversou bastante comigo sabe.” (S.13)

Entretanto, em alguns casos, se observa o despreparo do profissional em dar a notícia do diagnóstico de câncer de mama deixando o doente à margem do diagnóstico, cinco (33%) pacientes mencionaram a falta de esclarecimentos e acolhimento por parte dos médicos.

“Ele [médico] só falou dos meu pedidos de exames pra fazer né e não explicou mais nada não.” (S.7)

Neste aspecto Silva (2006), afirma que pesquisadores e gestores que atuam no trabalho com o câncer percebem que os alguns profissionais de saúde têm dificuldades em cuidar dos pacientes que os procuram e relatam que uma das formas de resolver o problema seria capacitar esses profissionais de modo a habilitá-los em competência humana para lidar com as pacientes que se encontram fragilizadas diante o tratamento.

2)  Notícia – Vivencia da notícia / Sentimentos decorrente da noticia

A notícia do diagnóstico de câncer de mama é considerado muito marcante para as mulheres, pois, possui um impacto emocional forte, causando medo, angústia, depressão, sensação de fracasso, dentre outros sentimentos negativos. Além disso, algumas vezes é visto como uma sentença de morte. Nesta pesquisa dez mulheres (66%) referiram ter sentimentos negativos como preocupação, tristeza, sensação de mundo acabando, não aceitação e medo quando recebido o diagnóstico de câncer de mama.

“[...] pra mim eu já tinha chegado a morte, pra mim eu já contava... que acabou, pra mim já acabou tudo.” (S.5)

Oliveira (1985), ao apresentar suas ideias reforça os dados apontados acima, no qual o diagnóstico de câncer de mama propicia mudanças na relação da mulher consigo mesma, sua subjetividade, seus sentimentos e afetos. Ao se deparar com a enfermidade o "ser-doente" tem ameaçado o seu devir, o "ainda-não", ocasionando grande angústia e ansiedade.

Oito mulheres (53%) trazem a religião, apego a Deus, para conforto ao saber da notícia da doença ou até mesmo para controlar seus sentimentos diante o novo enfrentamento.

“[...] ele [médico] me falou que tava com a suspeita, ai naquela hora que ele foi que tava com a suspeita ai eu pus na mão de Deus, pensei que Deus é maior que os problemas que a gente passa, eu penso assim. [...]” (S.2)

Entretanto, cinco (33%) das entrevistadas relataram aceitação ao receber a notícia e ao realizar a biópsia, afirmando que já esperavam pelo diagnóstico, o que pode ser entendido como uma forma de enfrentamento e superação.

“Não foi ruim, muito ruim, foi triste, mas não foi muito ruim não, porque eu já estava esperando né, só dormindo sentada e sentada eu já estava mais ou menos preparada.” (S.3)

Algumas pacientes, mesmo que uma pequena parcela realizaram mais de um exame para sustentação do diagnóstico, duas (13%) das entrevistadas apontam de realização de mais exames para confirmação da doença.

“Na hora lá com o médico eu custei a cair a ficha sabe, não tava querendo acreditar, eu só acreditei mesmo depois desse último exame que eu fiz, [...] ai mas mesmo assim, não querendo acreditar que eu tava com essa doença, mas eu to ficando tranquila agora.” (S.13)

3) Câncer na família

Devido à sua alta prevalência de câncer de mama, pode existir grande preocupação e questionamentos por parte das pacientes e familiares com relação à influência da hereditariedade no aparecimento da doença. Existem diversos fatores de risco associados ao desenvolvimento do câncer de mama, tais como: sobrepeso, alcoolismo, alterações hormonais, lesões mamárias em categoria de alto risco e existência de familiares próximos afetados pela enfermidade, sendo este último considerado de maior importância. Das entrevistas, onze (73%) das mulheres descreveram a presença de algum tipo de câncer na família.

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