Renha do Filme 1,99 um supermercado que vende palavras

Filme: 1,99 – Um supermercado que vende palavras; Marcelo Masagão, Brasil, 2003.

Inicialmente o filme parece não ter nexo e causa certa inquietude no telespectador, um cenário totalmente branco e com pessoas sem expressão facial, parecidas com robôs, que insinuam estar entregues ao mercado capitalista e obstinados a consumir sem saber o que realmente desejam de fato. O nome do filme é um tanto atraente (afinal quem não se sente atraído por um preço tão bom?) que afirma a o tema principal: o consumismo.

Cada personagem é enigmático não sabemos definitivamente nada sobre eles e nem o que eles desejam, apenas insistem em continuar comprando o que eles julgam necessário para sua vida. Em várias cenas mostra a particularidade de um personagem inicialmente, quando esse personagem age de uma forma estranhamente engraçada (como: fazer exercício do nada, atender um telefonema, etc.) todos os outros personagens fazem a mesma coisa, destacando o modismo e regras que são impostos direta/indiretamente pela sociedade. Outro ponto que se destaca é que as pessoas não se comunicam entre si, apontando o individualismo e certo aprisionamento que enfrentamos com a inserção da tecnologia ao nosso cotidiano.

Apesar de o autor destacar as lembranças e histórias dos personagens durante o filme, não há uma empatia ou vinculo com algum personagem, apenas com o cenário, mostrando que no mundo em que vivemos, independente do local, somos vistos de forma igual.

O que chamou atenção no filme foi um grupo de pessoas tentando instigar os seguranças do supermercado com sons feito com a boca, transparecendo ser um manifesto contra o silêncio e a monotonia, aliás, o filme todo é um manifesto do autor com relação à sociedade em que vivemos, onde enxergamos mais sociedade e o interesse pessoal e menos o ser humano.