Resenha Crítica Sobre o filme “O diabo veste prada”
Por: santosdaraz • 22/9/2021 • Resenha • 1.123 Palavras (5 Páginas) • 772 Visualizações
A realidade do trabalho sociedade contemporânea colhe frutos de transformações do capitalismo. Nos anos 80, após a crise dos anos 70 em que se teve uma crise estrutural do sistema capital, foram implementadas diversas medidas de articulação de novas formas de exploração do trabalho. Essas mudanças redefiniram a composição da classe trabalhadora em um contexto global.
Atualmente, após mais de quatro décadas de mudanças, temos uma tendência global, fundamentada em conceitos neoliberais, que é a desregulamentação e flexibilização de leis referentes ao trabalho. Outra questão proveniente de todo um cenário mercadológico mundial, é o crescente grau de automação nas linhas de produção industrial, provocando um maior nível de concorrência por vagas de emprego, exigindo uma maior qualificação por parte do trabalhador. Esse cenário, faz com que, muitas vezes, os trabalhadores sacrifiquem a sua saúde e se sujeitam aos mais diversos tipos de constrangimento no ambiente de trabalho em prol de se manter o atual posto de trabalho ou para conseguir ter uma ascensão dentro da empresa. Tendo esse contexto, neste trabalho será feita uma análise do filme “O Diabo Veste Prada”, utilizando o conteúdo da unidade III da cadeira de psicologia organizacional.
O filme foi inspirado na obra de Lauren Weisberger, a história retrata sobre uma chefe, a Miranda Priestly (Meryl Streep), que é a editora da revista Vogue americana. Miranda possui duas assistentes pessoais, a primeira é a Emily Charlton (Emily Blunt), que tenta ser um tipo de clone de sua chefe, em relação às coisas do trabalho. A segunda é a Andrea Sachs (Anne Hathaway), a recém-formada em jornalismo que tenta um lugar no mercado de trabalho. Andrea chega à editora com muito entusiasmo, expectativa e nenhum conhecimento sobre o mundo da moda, mas encara o desafio e aos poucos domina seu trabalho. A obra, de forma genial, nos apresenta e revela os bastidores do universo fashion. O enredo gira em torno da chefe Miranda e como ela trata seus funcionários, submetendo-os a humilhação e como todos a temem e acatam suas ordens.
As empresas são, muitas vezes, apresentadas na literatura especializada, principalmente da Administração, como seres totalmente concretos, racionais e objetivos. No entanto, entende-se que essa perspectiva não é suficiente para uma compreensão holística do mundo do trabalho. Empresas podem ser assimiladas como espaços produtivos, mas também são espaços que produzem e reproduzem subjetividades. Nesse sentido, pode-se pensar que a empresa também é lugar de conflito e sofrimento.
Na obra “O Diabo Veste Prada” retrata o assédio moral e violência psicológica sofrida por Andy em seu primeiro emprego, apresenta como se dá a lógica do assédio pelas empresas sob o pretexto de que é preciso alcançar a excelência no trabalho para assim alavancar a produtividade. Nesse sentido, é notório como Andy - na tentativa de conciliar todas as exigências desgastantes da empresa - sacrifica suas relações pessoais, afetando seu círculo de amizade e seu relacionamento amoroso. O ambiente hostil que a empresa possui, onde Andy é submetida a rejeição, isolamento e constrangimentos por parte de seus colegas de trabalho sob a desculpa de que era preciso para manter o alto padrão, produtividade e evolução profissional.
Desde a primeira aparição de Miranda, percebemos os comportamentos de seus funcionários, que realizam um procedimento de preparação para a sua chegada - até mesmo evitando-a - que ela torna o ambiente de trabalho estressante. Na cena em que ela interage com a sua assistente Sênior, Charlton, é possível observar a forma como distribui diversas tarefas simultaneamente sem se preocupar com a dificuldade que a mesma terá em realizar essas atividades. Essa situação evidencia a probabilidade para ocorrência da Síndrome de Burnout. Miranda também não se incomoda em fazer comentários maldosos sobre os seus funcionários, colocando-os em situações desconfortáveis, caracterizando, segundo a cartilha de Cartilha de Prevenção ao Assédio Moral, produzida pelo Tribunal Superior do Trabalho, um assédio moral descendente, onde os superiores se aproveitam de sua autoridade para cometer diferentes tipos de abuso contra os seus subordinados.
As humilhações e ofensas contra Andy, feitas dentro da empresa, não são realizadas apenas por Miranda. O que segundo a cartilha citada anteriormente, define o assédio como horizontal, ou seja, feito pelos próprios funcionários da empresa, podendo ser causado
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