Resenha do Capítulo do livro "Comportamento Organizacional" de Robbins, S.P.

ROBBINS, S.P. (2005). Capítulo 1: O que é Comportamento Organizacional. In: Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice Hall

Resenhado por:

João Pedro Campos Faria - 16/0127441

Universidade de Brasília

Comportamento Humano no Trabalho

Apesar de haver um aparente consenso entre os executivos quanto à importância de habilidades interpessoais e de sociabilidade para o sucesso no mundo dos negócios, o mesmo não pode ser dito para as escolas de administração, que, até a década de 80, sempre focaram em tecnicalidades de gestão empresarial, esquecendo-se do fator humano que o meio possui. Entretanto, isso vem mudando com o passar dos anos. Mas o que fazem esses executivos? Essa é a pergunta que guia a parte introdutória do capítulo.  

Os chamados “executivos” são pessoas que trabalham através do trabalho de outras pessoas. Eles tomam decisões, alocam recursos e dirigem atividades. São os, também chamados, “administradores” dos locais onde exercem suas funções. Funções, estas, que são as quatro seguintes: planejamento, liderança, organização e controle.

Os executivos exercem papéis em seu trabalho, que podem ser classificados quanto às suas características básicas relativas aos seus relacionamentos interpessoais, à transferência de informações ou à tomada de decisões, como podemos observar abaixo:

Interpessoais	Informações	Decisões
Figura de proa	Monitor	Empreendedor
Líder	Disseminador	Gerenciador de turbulências
Ligação	Porta-voz	Alocador de recursos
-	-	Negociador

Tabela – papéis dos executivos segundo Mintzberg

Outra maneira de analisar o que fazem os executivos é através de suas habilidades, ou competências. Robert Katz define três competências que executivos precisariam possuir para alcançarem seus objetivos: habilidades técnicas (englobam a capacidade de aplicação de conhecimentos), humanas (capacidade de trabalhar com outras pessoas, compreendendo-as e motivando-as) e conceituais (ter capacidade mental para analisar e diagnosticar situações complexas).

O livro comenta, também, sobre algo muito interessante a ser pensado. Ele traz uma pesquisa que revela que, em vez de os executivos mais eficazes estarem mais propensos a serem bem-sucedidos, como é o esperado pelo senso comum, na verdade, as habilidades daqueles eficazes são diferentes dos bem-sucedidos. Ou seja, o estudo revela que aspectos como habilidades sociais e políticas são mais importantes para tornar um executivo bem-sucedido do que a eficácia de seu trabalho.

O que até agora foi chamado de “fatores humanos”, na verdade, trata-se de comportamento organizacional, um campo de estudo que tem por objetivo analisar os indivíduos e seu comportamento numa organização com o intuito de melhorar a eficácia da mesma. Porém, para que esta análise seja feita, não basta que ela seja superficial ou imprecisa, baseada na intuição que todos nós carregamos conosco. Ela tem de ser precisa, e para isso partimos da premissa de que o comportamento não é aleatório: ele segue uma lógica, e é no descobrimento dessa lógica que se pode tirar proveito do comportamento para uma maior eficácia da organização em questão. Trata-se do estudo sistemático: a substituição da intuição para atribuição de causa e efeito em prol da previsibilidade.

São várias as disciplinas que contribuem para o conhecimento do comportamento organizacional. Observe abaixo:

- Psicologia: contribui nos campos de aprendizagem, motivações, personalidade, emoções, percepção, treinamento, eficácia de liderança, satisfação com o trabalho, tomada de decisão individual, avaliação de desempenho, mensuração de atitudes, seleção profissional, planejamento do trabalho, estresse individual. Unidade de análise: Indivíduo.

- Sociologia: contribui nos campos de dinâmica de grupo, trabalho em equipe, comunicação, poder, conflitos, comportamento intergrupal, teoria da organização formal, e tecnologia, mudança e cultura organizacionais. Unidade de análise: Grupo e Sistema Organizacional.

- Psicologia Social: contribui nos campos de mudança comportamental, mudança de atitude, comunicação, processos grupais, tomadas de decisão em grupo. Unidade de análise: Grupo.

- Antropologia: contribui nos campos de valores comparativos, atitudes comparativas, análise multicultural, cultura organizacional, ambiente organizacional. Unidade de análise: Grupo e Sistema Organizacional.

- Ciência Política: contribui nos campos de conflito, políticas intra-organizacionais e poder. Unidade de análise: Sistema Organizacional.

Poucas coisas são absolutas no comportamento organizacional: esses comportamentos variam de acordo com o local em que estão presentes. O mundo de hoje está cada vez mais multicultural e globalizado, e as grandes empresas perceberam que até mesmo preceitos econômicos não são transferíveis de cultura para cultura. A globalização faz com que respostas comportamentais a nível de cultura sejam requeridas, e importantes debates surgem: o aumento das missões internacionais, o trabalho em diferentes culturas, o enfrentamento a movimentos anticapitalistas e a fuga dos empregos a países de mão-de-obra mais barata são alguns desses debates.

Um dos maiores desafios, porém, a ser enfrentado pelas organizações nos dias de hoje, é a diversidade da força de trabalho. Enquanto a globalização se trata de diferenças entre pessoas de países diferentes, a diversidade se trata de diferenças entre pessoas em um mesmo país. Dentre as categorias da diversidade da mão-de-obra, as principais são: sexo, raça, origem, idade, deficiência física, parceiros e religião.

O capítulo se encerra com a apresentação de um modelo genérico que define o campo de estudo do comportamento organizacional, estabelecendo parâmetros e identificando suas variáveis dependentes e independentes.