Resenha do Filme “Freud além da Alma”
Por: giovanna.nunes • 9/10/2021 • Resenha • 1.411 Palavras (6 Páginas) • 225 Visualizações
Teoria Psicanalítica
Nome: Giovanna Nunes Lopes de Almeida
Resenha do filme “Freud além da Alma”
A obra cinematográfica "Freud além da alma" foi dirigida pelo diretor John Huston e lançada em 1962. A obra narra o início da carreira do médico Sigmund Freud e as dificuldades encontradas pelo neurologista na busca em desenvolver e fundamentar seus estudos sobre histeria para a sociedade da época.
Ao iniciar o filme, já é possível identificar o repúdio e hostilidade dos médicos em relação aos casos de histeria. Ao internar uma paciente com sintomas de histeria, Freud é repreendido pelo médico chefe do hospital, doutor Meynert, alegando que os sintomas não passam de fingimento ao realizar alguns testes, solicita que a paciente seja retirada do local. Com os seus estudos, Freud conseguiu comprovar que a histeria é um trauma e/ou fantasia desenvolvido pelo indivíduo, o qual, não consegue se recordar com facilidade. O esquecimento causa uma série de sintomas físicos, como paralisia e cegueira e sintomas psíquicos.
Durante um congresso, Freud revelou uma de suas descobertas, a existência de pensamentos em um âmbito não-consciente, o inconsciente. Ao longo de sua carreira, Freud concluiu que o inconsciente corresponde a memórias que não estão disponíveis ao indivíduo em determinado momento de sua vida, pode ser acessado através de uma manifestação no consciente, além de ser atemporal. Também identificou o pré-consciente, que nada mais é do que momentos que chegam ao consciente com facilidade, mas pertencem no inconsciente. Enquanto relatava sua descoberta, Freud foi ridicularizado novamente pelos médicos ali presentes, recebendo apoio apenas do doutor Breuer. O médico apresentou o caso de uma de suas pacientes, uma moça que ao perder o pai apresentou sinais de insônia. Ao buscar a ajuda do doutor Breuer, a paciente murmurava algumas frases desconexas durante a hipnose. Ao longo das sessões, o médico identificou que ao utilizar a hipnose para aliviar um sintoma, outros sintomas que perturbam os pacientes poderiam ser aliviados.
Concluíram que mesmo após utilizar a hipnose, o paciente pode se lembrar do trauma, mas não o afeta mais. Além disso, constataram que o trauma faz com que certas lembranças do incidente sejam retiradas do consciente, possibilitando o surgimento de sintomas, pois não encontram uma saída natural pelo consciente. O consciente representa a capacidade do indivíduo em perceber e controlar o seu conteúdo mental, ou seja, é tudo aquilo que o indivíduo consegue perceber e acessar de forma intencional, desde que esteja consciente no momento, respeitando sempre o tempo e espaço.
Freud e Breuer deduzem que os casos de histeria não possuem uma memória consciente por meio de um mecanismo de repressão, protegendo a mente contra as lembranças intoleráveis, impedindo que elas cheguem ao consciente. A repressão é um mecanismo de defesa que impede que o conteúdo pulsional chegue à consciência, fazendo com que o indivíduo reprima e ignore o seu próprio desejo. A partir da repressão o recalque surge, ele envia o conteúdo tensionado para o inconsciente, possibilitando um alívio da tensão causada pela repressão, retornando através de sintomas. Portanto quanto mais o indivíduo reprime e recalca mais sintomas ele apresenta. No caso analisado por Freud e Breuer, a paciente não conseguia beber água, ao hipnotizá-la, ela relata que ao ver o seu cão beber água do seu copo não conseguiu mais ingerir o líquido, o que a levou a ter um exorbitante asco por água e pelo animal. Por meio da hipnose, Breuer conseguiu interromper o trauma da paciente em relação a água e seu cão. Ao fazer com que ela externasse o evento que lhe causou nojo, a moça conseguiu desprender o episódio em sua mente.
Em um de seus atendimentos, ao hipnotizar o paciente Von Schiosser, este confessa ter atacado o seu pai por amar a sua mãe. Freud fica desnorteado com o relato e solicita que o paciente esqueça tudo o que foi dito, fato incomum nas sessões de hipnose, uma vez que o trauma é trabalhado fazendo com que a pessoa se lembre do que aconteceu. Nesta cena é possível identificar o quanto esse atendimento afetou Freud, foi tanto que o neurologista abandou o seu estudo sobre histeria por um ano, focando apenas em sintomas de origem orgânica.
Após a morte de seu pai, Freud não consegue entrar no cemitério e desmaia. Após o ocorrido ele e Breuer deduzem que sonhos podem ter significado para quem sonha, e se questionam se os sonhos podem ser ideias escapando da repressão.
Empenhado em descobrir o seu incômodo em relação ao seu pai, Freud decide se dedicar ao caso de Celicy. Em um dos atendimentos, entende que o indivíduo não consegue encarar seus próprios desejos, por isso o reprime. Na busca de respostas, Freud decide utilizar uma abordagem nunca utilizada por ele, a associação livre. Esta consiste em solicitar ao indivíduo a expressar tudo o que vier a sua mente, até mesmo informações que deseja omitir, só assim será possível acessar o inconsciente. É possível notar que ao utilizar este método, a paciente liga o consciente ao inconsciente para fornecer detalhes do seu passo, evidenciando um dos níveis mentais desenvolvidos pelo neurologista, o pré-consciente. Por meio da associação livre, Freud fez várias suposições do que poderia ter ocorrido com a moça na sua infância e o que causou aqueles traumas, além de criar deduções do que o seu pai teria feito de cruel com a sua irmã durante os seus primeiros anos de vida. No caso de Freud, seu pai era visto por ele como o seu “rival”, e no caso de Cecily, a mãe dela. Segundo Freud, essa rivalidade, se não rompida, cria uma instabilidade da figura materna/paterna, prejudicando a relação entre pais e filhos durante a vida.
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