Resenha do Livro: A entrevista de ajuda
Por: deboravolpi • 15/3/2018 • Resenha • 1.189 Palavras (5 Páginas) • 814 Visualizações
FACULDADES INTEGRADAS APARÍCIO CARVALHO – FIMCA[pic 1]
CURSO DE PSICOLOGIA – 8º PERÍODO – 2018/1
Disciplina: Estágio Básico IV
Docente: Daniella Souza
Discente: Débora de Almeida Volpi
Atividade: Resenha crítica
ALFRED, Benjamin. A entrevista de ajuda. São Paulo: Martins Fontes, 2008. Cap. 3. Filosofia. Cap. 4. O registro da entrevista.
O capítulo 3 encaminha-nos ao reconhecimento de uma maneira atuante enquanto entrevistadores. Esta maneira, chamada pelo autor de filosofia, diz respeito às atitudes que determinam nosso papel na entrevista e, assim, em grande parte, a do entrevistado também. A partir desta filosofia, é possível propiciar ao entrevistado a construção de mudanças e maneiras próprias para tanto, e seu crescimento. Duas grandes questões abordadas a priori são: que tipo de mudança desejamos provocar? E, qual a melhor maneira de obtê-la?
Nesse sentido, para inferirmos a solução dessas perguntas, faz-se necessário o comprometimento em ensinar o entrevistado entre outras técnicas, por meio da nossa filosofia, a encontrar suas próprias técnicas e filosofia para a mudança desejada. Isso significa capacitá-lo a construir seu futuro com mais êxito, pois, a terapia de ajuda pode ter lugar em três áreas principais: informação e recursos; autoconsciência dos outros e crescimento pessoal (ALFRED, 2008). Para isso, a criação de uma atmosfera onde o entrevistado sinta-se completamente respeitado, confiante e acolhido contribui significativamente para o estímulo à mudança.
Demonstrar respeito pelo entrevistado e seu universo requer sobretudo interesse verdadeiro entre ambos. É possível fazê-lo perceber através de gestos e interferências assertivas, a atenção que lhe estamos prestando como verdadeiramente de interesse nosso. Assim, consequentemente, damos início a uma atmosfera de aceitação também. Vale ressaltar que aceitação não tem a ver com complacência, mas com o entendimento do espaço vital do entrevistado conforme o exposto por este.
O feedback é uma ferramenta muito importante para o mantimento desta atitude. Trata-se de uma resposta desarmada, sem julgamentos que, neste momento, visa atualizar o entrevistado quanto a percepção de sua mudança de acordo com suas potencialidades e necessidades. Contudo, este momento não implica pontuar suas fraquezas, tampouco impor-lhe suas necessidades; mas nega-las enquanto ferramentas únicas e especiais em todo o processo de mudança não é a melhor saída.
Outro instrumento de grande valia para o entrevistado consiste no ato de ouvir.
Ouvir de verdade é um trabalho difícil, que implica muito pouca coisa de mecânico. Ouvir exige, antes de mais nada, que não estejamos preocupados, pois se estivermos, não poderemos dar atenção plena. Em segundo lugar, ouvir implica escutar o modo como as coisas estão sendo ditas, o tom usado, as expressões, os gestos empregados. E mais, ouvir inclui o esforço de perceber o que não está sendo dito, o que apenas é sugerido, o que está oculto, o que está abaixo ou acima da superfície. Ouvimos com nossos ouvidos, mas escutamos também com nossos olhos, coração, mente e vísceras (ALFRED, 2008, p.72).
O autor esclarece a importância de sabermos ouvir e nosso objetivo com isso: a compreensão. Devemos nos familiarizar com esse instrumento, à medida em que nos apropriamos da maneira mais adequada para nós mesmos. Conforme praticamos o ato de ouvir, passaremos a compreender não somente o entrevistado, mas a nós mesmos com melhor distinção do que pertence à mim e ele. Porém, o autor faz um alerta contundente: o fato de dominarmos o fenômeno do ponto de vista de quem está prontamente conectado à escuta, por vezes, pode nos colocar na difícil situação de nos separarmos da absorvência pela estrutura interna de referência do entrevistado. Pois se isso ocorre, enquanto ouvir com compreensão, posso compreender algo que ele ainda não entendeu; posso adquirir insights sobre sua situação que talvez ele precise saber pra mudar (ALFRED, 2008), e, assim, corremos o risco de não conseguir ajuda-lo, quando mais precisar, por termos nos afastado da nossa própria estrutura de referência.
...