Resenha do artigo Notas Sobre Sujeito e Autonomia na Intervenção Psicossocial de Maria Lucia Miranda Afonso
Por: GraciliaMonteiro • 30/8/2017 • Resenha • 763 Palavras (4 Páginas) • 1.034 Visualizações
Texto I – Resenha do artigo Notas Sobre Sujeito e Autonomia na Intervenção
Psicossocial de Maria Lucia Miranda Afonso
O artigo foi produzido por Maria Lucia Miranda Afonso, Coordenadora da Especialização em Intervenção Psicossocial no Contexto das Políticas Públicas (Centro Universitário UMA, Belo Horizonte-MG), professora do Mestrado Interdisciplinar em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA-BH), consultora para programas sociais e professora aposentada da UFMG. Publicado em janeiro de 2012 na Psicologia em Revista, o texto propõe a reflexão sobre a autonomia do sujeito na intervenção psicossocial, abordando a relação entre o sujeito, a linguagem e os discursos sociais. De acordo com a pesquisa da autora, o tema autonomia na intervenção psicossocial surge das lutas por autonomia da sociedade diante do Estado. Assim como a Psicologia Social, a intervenção psicossocial também é de ação interdisciplinar, orientada ao processo de mudança, em relação a contextos diversos, de acordo com as demandas dos sujeitos envolvidos e na análise crítica das relações sociais no cotidiano dos grupos, instituições e comunidades. O principal objetivo da intervenção psicossocial é o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos, produzindo reflexão visando à ação. De acordo com Maria Lucia Miranda Afonso a autonomia trata-se da capacidade do sujeito de produzir sentidos e de fazer escolhas dentro do seu contexto social.
Dotado de interesses e opiniões, o sujeito produz conteúdo para seu discurso por meio da linguagem, os signos dão forma e sentido a comunicação do “interior subjetivo” com o exterior. São construídos os sistemas ideológicos, como por exemplo a arte, a moral, o direito, entre outros. É observado então que as ideias e aspirações do indivíduo é que adaptam o grupo às possibilidades de expressão, aos seus caminhos e orientações possíveis. É discutido no texto também a diferença entre língua e fala, que, de acordo com a pesquisa da autora, língua é um fato social exterior ao indivíduo, um sistema de sinais que é aprendido para pensar e se comunicar, enquanto a fala é o ato individual da vontade e inteligência. Sendo assim, até mesmo a comunicação é regida por regras, ditando as ações do indivíduo e questionando a sua autonomia e dessa forma não é possível manter a ilusão de um sujeito seja totalmente autônomo. O sujeito então vive em constante busca pelos sentidos, utilizando o discurso para a produção do sentido entre os interlocutores. É adquirida a habilidade política, diplomática, de dominar as diferentes maneiras de não dizer, como são distribuídos os que podem e os que não podem falar, que tipo de discurso é autorizado ou que forma de discrição é exigida a uns e outros. Essa teoria enfatiza o sujeito vivo porque é político e está fadado a produzir sentidos e a se posicionar no mundo social.
Do outro lado da comunicação está o ouvinte, que participa da relação como intérprete das ideias. Essa relação entre os interlocutores é que ditam as regras do conceito social. O intérprete é alguém que pode manipular os sentidos, tornando a interpretação possível. O intérprete tem função ativa na relação, são se submetendo a um sentido predeterminado e criando crítica sobre o mundo, a compreensão sobre o mundo é desenvolvida por meio da crítica às ilusões às quais o sujeito está submetido. Essa ideia reforça a teoria de que a autonomia é um processo de interpretação e transformação do mundo e que é impossível separar o sujeito de sua situação social. O sujeito encontra em si o sentido que não é o seu e que será transformado por meio de atividades sociais. A autonomia é justamente a relação na qual os outros estão sempre presentes com empatia sem perder a sua singularidade, uma relação social, evoluindo então a dimensão sócio-histórica, a instituição e a linguagem.
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