Resenha: Ùltima Parada 174
Exames: Resenha: Ùltima Parada 174. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: janilda • 15/11/2014 • 1.261 Palavras (6 Páginas) • 6.385 Visualizações
RESENHA
Trabalho elaborado pela acadêmica Janilda Nascimento de Andrade dos Santos – 2º Semestre do Curso de Direito – Matutino – Turma 08, da disciplina Psicologia Aplicada ao Direito .
Ilhéus-Bahia, 2014
BARRETO, Bruno. Última Parada 174 (Brasil, 2008)
A presente resenha propõe uma análise do filme Última Parada 174, do diretor Bruno Barreto, inspirado pelo documentário de José Padilha “Ônibus 174”, referente a um sequestro real de um ônibus da cidade do Rio de Janeiro, fato ocorrido no dia 12 de junho de 2000, por Sandro Barbosa do Nascimento, sendo transmitido ao vivo pelas emissoras de televisão com repercussão nacional e internacionalmente. Retrata sobre uma tentativa de assalto, que não dando certo, levou o assaltante a sequestrar um coletivo, tomando passageiros como reféns.
É um filme que traz reflexões e análises importantes acerca das questões sociais. Um dos argumentos apresentado pelo autor do filme, é que Sandro foi vítima de exclusão social, que norteou toda a sua vida, a ponto de ter se tornado um criminoso. Sua história foi marcada por tragédias, menino de rua, sobrevivente da chacina da Candelária, no ano de 1993, ocasião em que policiais assassinaram adolescentes, a tiros, que dormiam perto da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, sendo que muitas dessas crianças eram seus amigos.
Outra tragédia marcou a sua infância, ao assistir o assassinato de sua mãe. Desta forma, o autor do filme, também propõe uma reflexão sobre o começo, as origens da violência brasileira, mostrando que o problema é muito maior do que se imagina. Um adolescente, sem família, sem emprego, sem estudos, sem moradia, sem comida, sem as necessidades básicas, vivendo em condições de miséria, vendo que a única saída é roubar e se embrear no mundo das drogas.
Assim, o filme em tela, mostra a história de vida do assaltante Sandro e não do sequestro em si, e tenta nos alertar que Sandro era apenas um produto das desigualdades sociais que pairam no Brasil. Era uma criança pobre, traumatizada pelas tragédias que presenciou e, sonhava em fazer sucesso como cantor de Rap, porém, pela falta de oportunidades, acabou um assaltante, deixando explícito, que a sociedade que vivemos também é culpada pelo que este jovem se tornou. Ainda tentou mudar de vida, arranjar emprego, infiltrar na capoeira, foi auxiliado por uma assistente social que cuidava de menores de rua, tentou construir família com sua mãe adotiva, mas seus esforços não recompensaram, já que a sociedade não estava preparada para recebê-los. Percebe-se neste trecho, que a sociedade não abre as portas para os ex marginalizados, para um favelado ou morador de rua. Poucos são os que são reinseridos no meio social, as instituições que são responsáveis por esta reinserção, acabam por fazer apenas o papel de punir, de tirar da sociedade o que ela não quer ver, ou só ver quando incomoda, como no caso em comento, que se tornou visível, ou seja, o Sandro só se fez ver pela via da violência. “As instituições os condenam à morte simbólica e moral, na medida em que matam seu futuro, eliminando as chances de acolhimento, revalorização, mudança e recomeço.” (SOARES, 2004, p. 145).
No documentário, uma das vítimas relatou que conversou com o meliante durante o sequestro sobre a vida dele, perguntando-lhe o que o levou a praticar tal ato, e daí conclui-se, que a maior vítima naquele ônibus era ele. Assim, observa-se, que por trás daquele assaltante, daquele criminoso, há um ser humano, e que nós somos individualistas, e só enxergamos que existem vários Sandros transitando pela sociedade, quando se transformam em ameaça, em violência.
Sabe-se que o desfecho desse sequestro, não foi o esperado pela sociedade, devido à morte de uma refém. Geralmente, espera-se que o bandido morra, o refém seja libertado com vida. Porém, no caso em comento, a ação dos policiais foi ineficiente. Não existia um bom equipamento de comunicação que integrasse os policiais, para dar subsídios para quem deveria decidir, a comunicação era feita através de gestos. Observa-se, então, o sucateamento das forças policiais no Brasil, tanto com equipamentos como de formação técnica, bem como sobre respeito e a compreensão dos direitos humanos. Talvez se houvesse mais eficiência, mais preparo, o desfecho seria diferente, preservando a vida dos envolvidos. “As polícias têm sido, com frequência inaceitável, ineficiente e muitas vezes, desrespeitosas dos direitos humanos e das leis que lhes cabe defender.” (SOARES, 2004, p. 156).
A falta de acolhimento, seja familiar, seja governamental, seja social, fez com que Sandro embarcasse em um sistema cruel: o da violência urbana nas metrópoles. Por fim, Sandro procurava na sua trajetória de vida, lutar contra a invisibilidade social, porém conseguiu visibilidade, infelizmente, da pior forma possível. Outro fator relevante no filme foi quanto à mídia,
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