Sobre as teorias sexuais das crianças
Por: Beatriz França • 29/4/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 557 Palavras (3 Páginas) • 889 Visualizações
Texto 3: Freud (1908). Sobre as teorias sexuais das crianças
O primeiro grande problema da vida que as crianças tentam solucionar é o “de onde vem os bebes”. E ao questionar sobre, as crianças recebem respostas evasivas ou são repreendidas, deixando-as insatisfeitas com as respostas e desconfiadas de que os adultos escondem algo proibido, passando como resultado a manter em segredo suas investigações posteriores. Com isso, a criança experimenta o seu primeiro conflito psíquico, pois certas concepções pelas quais se sente uma preferência instintual não são consideradas corretas pelos adultos e contrapõem-se a outras defendidas pela autoridade dos mais velhos, as quais, não lhe parecem aceitáveis. Esse conflito psíquico pode se transformar em uma dissociação psíquica. O conjunto de concepções consideradas boas, mas que resultam numa cessação da reflexão torna-se o conjunto das concepções dominantes e conscientes, enquanto o outro conjunto, a favor do qual o trabalho de investigação infantil coligiu novas provas, as quais não devem ser consideradas, torna-se conjunto das opiniões reprimidas e inconscientes, e assim forma o complexo nuclear de uma neurose.
A primeira teoria sexual desenvolvida pelas crianças, deriva do desconhecimento das diferenças entre os sexos. O pênis já na infância é a principal zona erógena e o mais importante objeto sexual auto-erotico. Quando criança, acha que o da irmãzinha é pequeno e que ainda vai crescer. Se um indivíduo na infância fixa essa idéias da mulher com um pênis, está fadado a tornar-se homossexual, indo procurar seu objeto sexual entre os homens. O menino costuma obter prazer estimulando esse órgão com a mão, muitos pais o repreende e ameaçam cortar os pênis. Os órgãos femininos mais tarde são encarados como um órgão mutilado e lembram-se daquela ameaça de castração e assim desperta o horror em vez de prazer no homossexual. As meninas desenvolvem inveja por essa parte do corpo masculino. Parece lógico que o pai tem envolvimento, já que o bebe também é dele e que o pênis também desempenha certamente algum papel nesses misteriosos acontecimentos. Mas antes de descobrir a existência da vagina e descobrir que a penetração do pênis na mãe foi o ato que gerou o bebe, a criança é obrigada a interromper a sua investigação e assim, não descobre a existência de uma cavidade na mulher que acolhe o pênis. A segunda teoria é de que o bebe sai pela passagem anal. Na infância posterior também surge à idéia de que o bebe sai pelo umbigo ou por um corte na barriga. E se estes nascem pelo ânus, um homem também pode parir. Essa idéia do nascimento do bebê pode ser revivida em casos de insanidade. Uma mulher maníaca defecaria e falaria aos médicos com uma gargalhada: olha o bebe que fiz hoje. A terceira teoria surge quando por momentos de descuidos, a criança presencia uma relação sexual entre os pais. Ela encara como algo violento, eles interpretam o ato de amor como sendo de violência. Em acréscimo, se a criança descobre sangue na cama ou nas roupas intimas da mãe, considera como uma confirmação de suas concepções, ou seja, são provas de que o pai agrediu a mãe. Grande parte do horror ao sangue dos neuróticos é explicado através dessa conexão. Outra questão indiretamente relacionada a origem dos bebes é o casamento. As teorias infantis a respeito do casamento têm grande significação na sintomalogia de doenças neuróticas posteriores.
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