Sujeito Epistemico De Piaget
Exames: Sujeito Epistemico De Piaget. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Henidarem • 7/10/2014 • 1.517 Palavras (7 Páginas) • 536 Visualizações
Revista Nova Escola online, pesquisado em 17/09/2012
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/sujeito-epistemico-piaget-611940.shtml?page=0
O sujeito epistêmico de Piaget
Elisangela Fernandes
Para explicar como todos podem aprender e o desenvolvimento da inteligência, Jean Piaget reuniu saberes da Biologia, da Psicologia e da Filosofia no conceito do sujeito epistêmico.
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=== PARTE 1 ====
PENSADOR PLURAL Piaget (em foto
no seu escritório, no ano de 1976) incluiu
saberes de várias áreas em sua obra
Mais sobre teorias da aprendizagem
Séries Especiais
Jean Piaget: desenvolvimento e aprendizagem
Teoria passada a limpo
Grandes Pensadores
Reportagens
Inatismo, empirismo e construtivismo
Sujeito epistêmico
Esquemas de ação de Piaget
Conhecimento prévio
Adaptação e equilibração
Mesmo sem ser pedagogo, o cientista suíço Jean Piaget (1896-1980) foi um dos pensadores mais influentes da Educação. Sua atualidade e repercussão na sala de aula devem-se, principalmente, ao incessante trabalho em compreender como se desenvolve a inteligência humana. Entre estudos e pesquisas, que renderam mais de 20 mil páginas, um conceito perpassa toda a sua obra: a ideia do sujeito epistêmico. Segundo Piaget, esse "sujeito" expressa aspectos presentes em todas as pessoas. Suas características conferem a todos nós a possibilidade de construir conhecimento, desde o aprendizado das primeiras letras na alfabetização até a estruturação das mais sofisticadas teorias científicas.
Que características tão especiais são essas? "Basicamente, a capacidade mental de construir relações", explica Zélia Ramozzi-Chiarottino, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Essa habilidade permite o desenvolvimento de uma gama de operações essenciais para a aquisição do saber: observar, classificar, organizar, explicar, provar, abstrair, reconstruir, fazer conexões, antecipar e concluir - ações que, de fato, todos temos o potencial de realizar. Um esquimó, por exemplo, é capaz de diferenciar a paisagem fria e se localizar no gelo assim como um índio brasileiro sabe caminhar pela Floresta Amazônica sem se perder. Em ambos os casos, o modo de classificar (no caso, mapear) e reconhecer o espaço geográfico é o mesmo. O que muda é a coisa classificada, que varia de acordo com o meio.
O conceito de sujeito epistêmico (leia um resumo no quadro abaixo) começou a tomar forma quando Piaget iniciou seus estudos sobre o processo de construção de conhecimentos de Matemática e Física na criança pequena. "Ele é considerado o inaugurador da epistemologia genética, teoria que investiga a gênese do conhecimento, tema que estava ausente das pesquisas até o fim do século 19", diz Lino de Macedo, também do Instituto de Psicologia da USP. Até então, as formulações sobre o desenvolvimento da inteligência eram uma exclusividade dos filósofos. As ideias de um deles, o alemão Immanuel Kant (1724-1804), tiveram grande impacto na obra de Piaget. Kant foi um dos primeiros a sugerir que o conhecimento vem da interação do sujeito com o meio - uma alternativa ao inatismo, que considerava o saber como algo congênito, e ao empirismo, que encarava o saber como um elemento externo que só podia ser adquirido pela experiência (leia mais no quadro).
Ao retrabalhar as proposições de Kant, Piaget concordou com a ideia da interação sujeito/meio - mas foi além, afirmando que o desenvolvimento das estruturas mentais se inicia no nascimento, quando o indivíduo começa o processo de troca com o universo ao seu redor. Ele também destacou a necessidade de uma postura ativa para aprender. Imagine, por exemplo, uma pessoa que more a vida inteira numa montanha. Ela pode nunca saber que existem terras baixas, planícies e vales de rio. Por outro lado, se decidir fazer uma viagem morro abaixo, vai conhecer a paisagem de seu entorno e, por meio das relações (comparação e classificação, por exemplo), vai entender que a montanha é um elemento natural diferente dos demais. "Para que o processo de estruturação cognitiva ocorra, é fundamental a ação do sujeito sobre o meio em que vive. Sem isso, não há conhecimento", completa Zélia (leia mais no quadro da página seguinte).
APOIO PSICOLÓGICO Em foto do ano
de 1925, Piaget (primeiro à dir.) aparece
junto ao mestre Claparède (terceiro à dir.)
A cada nova informação, uma constante reelaboração
A Filosofia não foi a única disciplina com a qual Piaget dialogou. Da Biologia, o pesquisador considerou as ideias evolutivas do naturalista francês Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829). Da Psicologia, continuou os estudos pioneiros de seu mestre, o suíço Édouard Claparède (1873-1940), sobre o pensamento infantil. Armado com o conhecimento dessas três áreas (e de décadas de observação e entrevistas com crianças), o pensador suíço terminou por se contrapor a vários pontos da filosofia de Kant, argumentando que as estruturas cognitivas não nascem com o indivíduo. À exceção da habilidade de construir relações (para Piaget, essa é a única característica pré-formada no ser humano), as demais são construídas e reelaboradas ao longo do tempo. Cada nova informação atualiza não só o que se aprende mas também as formas por meio das quais se aprende.
Um exemplo ajuda a ilustrar essa ideia. Para a Ciência, a noção do espaço (e) como resultado do produto da velocidade (v) pelo tempo (t) é uma verdade universal, expressa pela fórmula e = v X t. Mesmo quem ignora essa equação sabe que percorrerá uma distância maior num mesmo intervalo de tempo caso decida correr, em vez de andar, certo? Isso é uma forma de conhecimento, ainda que não formalizada. Já indivíduos que conhecem a fórmula podem prever a velocidade necessária para cobrir determinada distância no tempo estipulado, ou imaginar se uma equação semelhante
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