TCC Complexo de Edipo
Por: Leticia Pinheiro • 16/11/2016 • Seminário • 12.558 Palavras (51 Páginas) • 1.321 Visualizações
RESUMO
Este trabalho visa acompanhar a trajetória freudiana do complexo de Édipo do livro “Édipo, o processo do qual nenhuma criança escapa” escrito por Juan David Nasio. O conceito de Sigmund Freud da psicanálise causa na criança sentimentos opostos, de amor e ódio, voltado àqueles que lhe são mais próximos, os pais. Este momento se apresenta na fase fálica, ou seja, na segunda infância. A criança sente-se atraída pelo sexo oposto em seu ambiente familiar. A partir do momento que a criança percebe não ser mais o centro do universo, e percebe as diferenças entre ela e seus genitores, ela entra em uma das diversas fases de passagem em sua vida, possivelmente a mais importante, que definirá seu comportamento na idade adulta, especialmente em sua vida sexual. Normalmente, a criança sente uma forte atração pelo sexo oposto – a menina pelo pai, o menino pela mãe – e ataca ao mesmo tempo em que ama seu rival, no caso da menina ela hostiliza a mãe e no caso do menino, ele hostiliza o pai, são sentimentos conflitantes que configuram o complexo de Édipo.
Palavras-chave: criança, complexo de édipo, psicanálise
- INTRODUÇÃO
A obra analisada, que teve a psicanálise como instrumento, é o livro “Édipo, o processo do qual nenhuma criança escapa”, do escritor e psiquiatra Juan David Nasio, o livro foi publicado pela Editora Zahar, em 2007. O autor nos apresenta de forma clara uma das teorias mais importantes de Freud.
O trabalho de Sigmund Freud nasceu de disciplinas especializadas como a Neurologia e a Psiquiatria e sugeriu uma compreensão de personalidade importante na cultura ocidental. Freud passou sua vida desenvolvendo, ampliando e elucidando a psicanálise, viu o ser humano de um modo complexo e sedutor, discordando veementemente das opiniões que prevaleciam na época e que eram obscurecidas pela moral e filosofias vitorianas.
O complexo de Édipo não é uma história de amor e ódio entre pais e filhos, é uma história de sexo, isto é, uma história de corpos que sentem prazer em se acariciar, se beijar e se morder, em se exibir e se olhar, em resumo, corpos que sentem tanto prazer em se tocar quanto em se fazer mal. Édipo não tem nada a ver com sentimento e ternura, mas com corpo, desejo, fantasias e prazer. Provavelmente, pais e filhos amam-se ternamente e podem se odiar, mas, no coração do amor e do ódio familiar, aumenta o desejo sexual.
O Édipo é a experiência vivida por uma criança de cerca de quatro anos que, absorvida por um desejo sexual incontrolável, tem de aprender a limitar seu impulso e ajustá-lo aos limites de seu corpo imaturo, aos limites de sua consciência nascente, aos limites de seu medo. Eis então o essencial da crise edipiana: aprender a canalizar um desejo transbordante.
Porém, o Édipo não é apenas uma crise sexual de crescimento, é também a fantasia que essa crise molda no inconsciente infantil. Com efeito, a experiência vivida do terremoto edipiano fica registrada no inconsciente da criança e perdura até o fim da vida como uma fantasia que definirá a identidade sexual do sujeito, determinará diversos traços de sua personalidade e fixará sua aptidão a gerir os conflitos afetivos. O Édipo, no entanto, é mais que uma crise sexual e uma fantasia que ela modela no inconsciente; é também um conceito, o mais crucial dos conceitos psicanalíticos. Diria que é a própria psicanálise.
O Édipo é também um mito, já que essa crise real e concreta vivida por uma criança de quatro anos é uma explosiva alegoria da luta entre as forças impetuosas do desejo sexual e as forças da civilização que se lhe opõem. O melhor desfecho para essa luta é um compromisso chamado pudor e intimidade. Qual é então o verdadeiro status do Édipo? Ele é tudo isso ao mesmo tempo: realidade, fantasia, conceito e mito. Contudo, para psicanalistas o Édipo permanece antes de tudo uma fantasia.
Se esquematizasse a crise edipiana em duas grandes etapas, podemos pensar que o Édipo começa com a sexualização dos pais e termina com a dessexualização dos pais, dessexualização que terminará finalmente na identidade sexual adulta.
Portanto, vou expor em detalhes, passo a passo, a lógica da crise edipiana no menino e na menina, como uma lenda metapsicológica e romanceada que forjei à luz da teoria psicanalítica e de minha experiência clínica. Preciso antes, indicar os principais elementos que intervêm nessa crise: os desejos incestuosos, as fantasias e a identificação. Dos desejos incestuosos falaremos imediatamente; em seguida, examinaremos as três fantasias mais importantes do Édipo: fantasias de onipotência fálica: a criança julga-se onipotente; fantasias de prazer que satisfazem imaginariamente o desejo incestuoso: a criança é alegre; fantasias de angústia no caso do menino: ele é medroso – e de sofrimento no caso da menina: ela fica magoada; e, finalmente, a última malha da lógica edipiana, o espantoso fenômeno de identificação. Desejos, fantasias e identificação são portanto os três operadores que pontuam respectivamente o nascimento, o apogeu e o declínio do complexo de Édipo.”
O Édipo é uma chama de sexualidade vivida por uma criança de quatro anos no interior da relação com seus pais, é uma fantasia sexual, forjada inocentemente pelo menino ou pela menina para tranquilizar o ardor do seu desejo. É a matriz da identidade sexual de homem e de mulher, pois é durante a crise edipiana que a criança sente pela primeira vez um desejo masculino ou feminino em relação ao genitor do sexo oposto, é ainda uma neurose infantil, modelo de todas as nossas neuroses adultas, é uma fábula simbólica que põe e, cena uma criança interpretar a força do desejo, e seus pais interpretando tanto o objeto desse desejo quanto o bloqueado que impede. É a chave mestra da psicanálise, é o conceito soberano que gera e organiza todos os outros conceitos psicanalíticos e justifica a prática da psicanálise. É o drama infantil e o inconsciente eu todo analisado representa na cena do tratamento ao tomar seu psicanalista como parceiro.
As relações do filho com sua mãe são para ele uma fonte contínua de excitação e satisfação sexual, a qual se intensifica quanto mais ela lhe der provas de sentimentos que derivem de sua própria vida sexual, beijá-lo, niná-lo, considerá-lo substituto de um objeto sexual completo. Seria provável que uma mãe ficasse bastante surpresa se lhe dissessem que assim ela desperta, com suas ternuras, a pulsão sexual do filho. Ela acha que seus gestos demonstram um amor assexual e puro, em que a sexualidade não desempenha papel algum, uma vez que ela evita excitar os órgãos sexuais do filho mais que o exigido pelos cuidados corporais. Mas a pulsão sexual, como sabemos, não é despertada apenas pela excitação da zona genital; a ternura também pode ser muito excitante. (Sigmund Freud)
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