TEXTO FILME
Ensaios: TEXTO FILME. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: HERON • 24/5/2013 • 387 Palavras (2 Páginas) • 509 Visualizações
A análise
Não precisei ler a trilogia de “50 tons de cinza” para tirar valiosas análises sobre mulheres, homens e seus desejos. Do mesmo jeito que não me preocupo quando um paciente fala sobre um parente ou conjuge, eu não preciso conhecer a pessoa em questão, o meu olhar é sempre sobre a própria pessoa que fala.
Quando as mulheres dão declarações efusivas sobre Christian Grey eu não preciso conhecer o que de fato ele é ou o que faz para entender essas mulheres. O que me interessa é o gesto saboroso que muitas fazem ao descrever um homem que amordaça, bate, faz contratos sobre seus comportamentos sexuais, oferece um mundo de luxo e traz consigo uma dor sem fim.
Gosto de ver como se vestem com as roupas psicológicas de Ana em sua virgindade, bravura, personalidade indomável e capacidade de gozar ininterruptamente.
Grey e Ana não existem, é óbvio, isso é uma ficção, mas existes materializados na mente das leitoras ávidas e devotas de 50 tons de cinza. Isso para mim é ouro.
Por que as leitoras são fervorosas?
Eles são tão concretos para as leitoras e qualquer tentativa de derrubar o mito é seguida de uma chuva de críticas sobre o iconoclasta estraga-prazeres. E entendo o motivo, elas não querem perceber que aquilo é um conto erótico ficcional. Assim como um religioso fanático ou um torcedor fiel, precisam imaginar que aquele céu é possível.
Quando alguém se apega dessa forma a uma imagem fantástica da realidade eu não me atrevo a aproximar a agulha perto da bexiga e estourar os sonhos. Deve ser uma proteção psicológica importante e nunca desestimulo um mecanismo de defesa sem oferecer outro mais maduro que o anterior. [leia mais]
Existe alguma razão para tanto ardor atrás do fanatismo, uma falta substancial em sua vida concreta que faz com que os devaneios com um personagem imaginário seja tão indispensável. Nisso não vai nenhuma acusação, mas uma reflexão.
Queremos acreditar nos heróis e num tipo de vida infalível.
Quando defendem o amor de Grey e Ana, de Romeu e Julieta, a Bela e a Fera, ou a fúria do lobo mau contra os 3 porquinhos as pessoas estão defendendo a si mesmas. Protegem o seu próprio direito de sonhar. Atacar qualquer uma dessas imagens lúdicas é mexer num vespeiro de faltas, dores e traumas sem fim.
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