TRABALHO DE PSICOLOGIA
Por: PauloRuiz2016 • 14/10/2016 • Trabalho acadêmico • 1.242 Palavras (5 Páginas) • 373 Visualizações
TRABALHO DE PSICOLOGIA
As instituições educacionais e os órgãos que as regem, vivem atualmente, numa incessante busca por adequações e resposta para os casos de baixo rendimento escolar de determinados alunos. Neste contexto, o presente trabalho, visa evidenciar e elucidar, através de fundamentação teórica, o panorama histórico que contribui (e ainda contribui) para a configuração deste cenário, de desarticulação entre a teoria e a prática; que atualmente encontramos nas escolas e/ou sistemas educacionais, em âmbito mundial, mas, sobretudo, no Brasil.
Diante deste cenário, é pertinente discorrer sobre a perspectiva do desenvolvimento psicológico, embasada pela concepção da Psicologia histórico cultural.
Neste sentido, Patto (1987 apud ALMEIDA, MENDES e HAYASHI, 2008) e Boch (2000 apud ALMEIDA, MENDES e HAYASHI, 2008) quando afirmam (sobre a existência de problemas de aprendizagem na escola) que, esses problemas, estão alicerçados (em boa parte) por afirmações não comprovadas de cunho liberal, ou seja, os estudiosos ressaltam que considerável parcela da problemática tende a ser motivada por fatores relacionados ao indivíduo, descartando qualquer responsabilidade e/ou influência da construção histórica e ocorrências sociais em torno dele. Essa concepção, de acordo com a literatura que cita Vigotski (1997 apud ALMEIDA, MENDES e HAYASHI, 2008) faz com que o ser humano seja visto e/ou analisado, apenas ponto de vista biológico, inviabilizando que o mesmo, seja enxergado (e se enxergue) como parte do processo de construção de sua história e desenvolvimento.
Deste modo, dentro do âmbito escolar, o fato de não incluir o aluno de forma que o mesmo não possa se perceber como parte (onde suas vivências, valores, saberes previamente adquiridos, dentre outros aspectos, sejam conhecidos, e/ou reconhecidos/valorizados) do processo de ensino aprendizagem, faz com que o desempenho do mesmo destoe daquele resultado que foi pré-concebido e estabelecido, para que o mesmo atinja e desta forma se insira no grupo dos alunos capazes e normais.
Ao longo dos tempos (de acordo com a teoria pesquisada) os membros de instituições e organismos ligados a educação, afirmam veementemente ser de origem individual e/ou orgânica, a existência de alunos com problemas de aprendizado.
Essa justificativa, embasada pelos adeptos desta corrente liberal, apenas reforçam e ampliam a existência dessas ocorrências, pois, ao se eximir das responsabilidades para com a melhoria dos processos de elaboração e aplicabilidade de metodologias que contemplem a demanda de alunos de forma justa (oportunizando a todos o saber; mesmo que de formas diferenciadas), a escola deixa de cumprir sua função de ensinar a todos, já que, finge que não existem problemas a serem sanados e continuam na mesmice de sempre, ensinando o que convém da forma que convém e para quem convém; a quem está no comando.
Na verdade a história nos mostra que desde tempos longevos, essa concepção (de filtrar e oportunizar o saber, apenas, para aqueles que a sociedade julga capaz de fazer por merecer), é praticada. Ora com ricos em detrimento aos pobres, ora com os “sadios” em detrimento aos “doentes”, ora com os brancos em detrimento aos “pobres”.
Todo esse processo se tornou um circulo vicioso onde a elite visa estabelecer-se no poder, porém sem causar grandes revoltas, por parte dos menos favorecidos. Prova disto é a forma como se aplica a educação nas escolas, onde o conhecimento é algo apenas transmitido e não analisado, e percebido de fato pelo aluno, fato que vem de encontro com a afirmação pesquisada, onde Facci (2004 apud ALMEIDA, MENDES e HAYASHI, 2008), diz que o conhecimento científico deve ser apropriado por todos os membros da sociedade. E, em sendo a escola a intermediadora para essa apropriação; podemos imaginar o quão prejudicial é (para a construção e desenvolvimento de uma sociedade mais justa) a atual dinâmica de ensino praticada, ainda; atualmente.
Toda essa segregação foi fundamentada e defendida por estudiosos, como Galton , que defendia a psicologia das diferenças individuais, ou seja, segundo a concepção de Galton (que era discípulo de Darwin), apenas os mais capacitados deveriam merecer oportunidades. Ele acreditava que as virtudes são herdadas, ou seja, passam de pais para filhos. Assim, um indivíduo oriundo de uma família “boa” aos olhos da sociedade, só poderia resultar em um ser humano “bom”. Temos que destacar que o sentido de boa/bom, tem haver com status, social, condição financeira e pele da cor branca. Consequentemente, tudo que era oposto a essas características, era: pobre, desajustado, negro, intelectualmente inferior, ou seja; ruim.
Após a ratificação dessa concepção da psicologia diferencial, Galton defende a teoria da carência cultural, oriundas da genética e posteriormente de causas culturais. O relevante é destas colocações é que ela desvaloriza de toda e qualquer forma, o indivíduo menos favorecido, já que de acordo com a psicologia diferencial ele não merece oportunidades pois psiquicamente não é competente para aproveitá-las e do ponto de vista da teoria da carência cultural, este indivíduo, é inferior por não possuir o preparo requisitado pela sociedade e escola elitista, ou seja, não é que ele não possui cultura, mas, a que ele possui não é reconhecida, nem valorizada. Isto influencia diretamente na conduta a ser adotada pelo mesmo na escola, frente a um ambiente em que simplesmente ele não é e nem será inserido, a não ser que se encaixe nos moldes e requisitos desta instituição, porém, ao passo que aquele cenário não o acolhe, e dessa certa forma (e creio que com razão) não é acolhido por ele; faz com que o indivíduo passe a ter e/ou causar problemas.
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