Texto sobe Adoção
Por: Paula Camargos • 5/10/2015 • Trabalho acadêmico • 457 Palavras (2 Páginas) • 304 Visualizações
A ADOÇÃO
A adoção é uma pratica incentivada pela Vara da Infância e da Juventude e considerada uma das principais alternativas para minimizar o problema do menor abandonado. Embora venha crescendo o número de candidatos a pais adotivos, tal iniciativa é, na maioria dos casos, permeada de medos, ansiedades, crenças, resistências e processos longos de efetivação que podem dificultar a instalação de vínculos saudáveis, filiação e adaptação ao novo ambiente familiar.
Um complicador muito comum ao processo de adoção e estabelecimento de filiação adequada são as crenças referentes à família de origem e a hereditariedade de comportamentos não adaptativos. Nesse sentido, cria-se uma espécie de estigmatização, atribuindo-se causalidade de comportamentos inadequados à atributos consanguíneos. Pensando nessa perspectiva, é importante salientar que o maior influenciador do comportamento humano não são as características geneticamente herdadas, mas a relação do indivíduo com o meio e com a cultura, seu contexto social, emocional, econômico e afetivo influenciam a qualidade do relacionamento entre pais e filhos, bem como na aprendizagem comportamental da criança. Além disso, a adoção, como a escolha de ter um filho, inclui alegrias e dificuldades comuns à maternidade ou paternidade, portanto, o filho adotivo apresentará problemas comuns aos de crianças de pais biológicos, como um processo natural de desenvolvimento.
Outro fator relevante é a preferencia por adotar bebês. Espera-se que crianças menores estejam menos arrigadas à família de origem, logo, carreguem menos heranças comportamentais e internalize com mais facilidade os padrões da nova família. A partir daí, abre-se também uma nova perspectiva: a possibilidade de a criança com mais idade apresentar dificuldades em se adaptar ao novo ambiente e à família adotiva. Como é exposto no vídeo “ReMovida”, a criança exposta a situações de vulnerabilidade social e afetiva carrega consigo medos e desconfianças aliados, muitas vezes, a sentimentos de menos valia, o que pode dificultar sua adaptação ao novo contexto familiar, visto que devido a vivencias passadas a criança pode apresentar desconfiança em relação à família substituta.
Por fim, é importante perceber que a adoção inclui aspectos jurídicos, sociais e afetivos que a diferenciam da filiação biológica e, apesar de ser muito desejada por grande número de pais, esbarra em tabus e resistências. A via mais eficiente de se efetivar a adoção perpassa pelo entendimento dos pais adotivos de que a adoção deve ser para eles a realização de um desejo pela filiação, não um ato de caridade para com a criança e que é necessário criar pontes para a construção da parentalidade de forma sadia e benéfica a ambos os lados. Portanto, é importante despertar para o entendimento de que todos os filhos são biológicos, pois nasceram de meios naturais, e são também adotivos, já que é preciso que sejam adotados para que o cuidado ganhe forma e transcenda os registros jurídicos.
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