Trabalho Psicologia Social
Por: Amanda Azevedo • 14/11/2018 • Trabalho acadêmico • 2.257 Palavras (10 Páginas) • 355 Visualizações
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
PSICOLOGIA, CAMPI PINHEIROS
AMANDA C. ROSSI DE AZEVEDO D23CGA0
PSICOLOGIA SOCIAL
SÃO PAULO
2018
INTRODUÇÃO
O estudo a seguir foi realizado com base no Capitulo V da Série “Cara Gente Branca” (2018), de Justin Simien, adaptada do filme “Cara gente branca” (2014), do mesmo diretor.
A cena utilizada para esta analise faz parte do capitulo V e se inicia dentro do campus da Universidade Winchester durante uma festa, com uma discussão em que um rapaz negro pede para não ser ofendido por uma palavra pronunciada por seu amigo, e o rapaz branco diz se sentir censurado por, subentendidamente, por não poder ofender. Encerra-se com invasão da polícia, escancarando até onde vai o racismo – que, em muitos casos, não para por aí. Todos os questionamentos são direcionados a personagem do jovem negro, colocando em dúvida que o rapaz pudesse mesmo ser um estudante daquela instituição e apontando uma arma para ele após sua revolta ao ser o único obrigado a se identificar.
A seguir, será retratada a conjuntura racista em que vivemos, mediante o uso de representações tanto de micro quanto de macro-agressões. Ao longo da série mencionada, será possível identificar manifestações características da conservação de preconceitos, manutenção de atitudes segregacionistas e discriminação,
as quais personagens que se encontram em determinado favorecimento sistemático exercem grande influencia sobre as decisões dos menos favorecidos.
RESUMO
A série reproduz a segregação nos pequenos detalhes da realidade de jovens em um ambiente universitário que se diz igualitário e pós-racismo, e gira em torno de alunos negros que se sentem frequentemente desrespeitados vivendo na instituição majoritariamente “branca”. Discute o racismo silencioso e o explícito, em que as diferentes personagens do grupo lidam com diversos níveis dessa situação, desde sofrimento por aceitação, máximo esforço para ter o mínimo reconhecimento do que qualquer outro estudante branco, discriminação, conceitos como o lugar de fala, e as várias vertentes do movimento negro. O Capitulo V acompanha um dia na vida de Reggie, estudante e líder do Grêmio Estudantil Negro da Universidade Winchester.
No decorrer de determinada cena, Reggie, que é negro, está numa festa dentro de uma das casas do campus com outros estudantes, brancos em maioria. Enquanto ele dança, seu amigo Addison (que é branco) canta uma canção de hip-hop e pronuncia a palavra “nigga”, com referencia a negros, considerada gíria depreciativa e pejorativa para o idioma americano. Reggie lhe pede para não usar esta palavra, enquanto Addison explica que não usa esse termo "na vida real", apenas está cantando a letra da música e insiste não ser racista. Reggie pede para que seu amigo não repita e questiona como Addison se sentiria se ele (Reggie) cantasse letras de rap dizendo as palavras “honky” e “cracker", que, em Inglês, são termos pejorativos usados para aludir a brancos. Addison rebate que não se importaria, e novamente Reggie expõe seu desconforto com a situação. Fica claro que Addison não entende o amigo, e a conversa rapidamente ganha ânimos um pouco mais exaltados, com Addison insistindo que não é racista e dizendo que foi legal com Reggie, deixando-o participar da festa em sua casa, enquanto lamenta que se sentiu cesurado com a correção e não pode nem se divertir durante sua própria festa.
Durante a discussão, que chega a se tornar generalizada entre os convidados brancos e os poucos negros presentes, um dos participantes da festa liga para a polícia da universidade. Ao chegarem na casa, os dois policiais seguem diretamente na direção de Reggie, indagando exclusivamente se ele é estudante daquela universidade. Reggie, revoltado com a situação, replica que é estudante e que por causa de sua mensalidade, o policial em questão recebe seu salario. Addison, preocupado com os rumos da situação, se pronuncia em lugar do amigo, confirmando que Reggie é estudante e tudo não passa de uma situação sem importância.
Apesar de dar atenção ao que Addison lhe diz (e somente a Addison), um dos policiais exige que Reggie apresente seu documento de identidade. Reggie se ofende e questiona porque apenas os seus documentos são solicitados. As pessoas na festa tentam acalmar a situação confirmando que colega é estudante, mas o policial insiste em ver os documentos de Reggie que, revoltado, se recusa a obedecer. É quando o policial aponta sua arma e grita pelos documentos do líder gremista, que assustado, questiona as razões para que a segurança da faculdade porte armas de fogo.
Todos ficam assustados com a gravidade da situação e começam a gritar em defesa do estudante, mas são ignorados pela autoridade que mantem Reggie em sua mira. Aflito, Reggie desiste de rebater e, com evidente temor, sinaliza que está pegando sua carteira em um dos bolsos da blusa. O guarda averigua o documento e devolve ao estudante, afirmando que nada disso teria acontecido se o mesmo tivesse obedecido à primeira ordem. A festa é encerrada e todos seguem para fora da casa em choque com o que acabaram de presenciar. Reggie segue abalado em seu caminho para o dormitório, onde passa a noite chorando em pânico.
ANÁLISE
Como a própria série demonstra, há um incômodo no agente que pratica preconceito ao ser identificado como preconceituoso. Na trama, quando a personagem pede que seu amigo branco não use a palavra “nigga” em função do histórico pejorativo que ela carrega, o amigo instantaneamente se ofende e nega ser racista. A cultura racista faz com que a pessoa se incomode menos com a possibilidade de ter ofendido e mais com o fato de ter sido exposta pelo comportamento.
O racismo é um fenômeno social comprovado, explicado e estudado por ciências diferentes. Para se “defender”, por assim dizer, da exposição de seu próprio preconceito, alguns indivíduos recorrem ao princípio de (pasmem) “Racismo Reverso”. O Racismo Reverso é um mito, geralmente usado para expor situações singulares e pontuais. “Cara Gente Branca” aborda o assunto quando mostra que alunos brancos que simplesmente sentem-se injustiçados pelos alunos negros e não conseguem compreender seus próprios privilégios.
Um mês antes do lançamento da série, criou-se uma grande discussão nas redes sociais, despertada pela divulgação do trailer de estréia (URL nas referencias bibliográficas). Organizou-se uma espécie de “boicote” contra a empresa Netflix, alegando Racismo Reverso, com argumentos que vão desde segregação causada pelos próprios negros a ataque às pessoas brancas, colocadas como vítimas. Na época, o diretor Justin Simien publicou a seguinte manifestação em suas paginas: “Vendo a enorme ameaça que as pessoas sentem por um vídeo de anúncio de data apresentando uma mulher de cor (educadamente) pedindo para não ser zombada, torna tão claro por que eu fiz essa série”. A manifestação faz referencia ao conteúdo do vídeo, em que uma mulher negra diz ser inaceitável que qualquer pessoa se fantasie de “negra”, devido a um episodio de festa a fantasia “Black Face” ocorrido logo na primeira temporada, durante o Halloween.
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