Transtornos Alimentares na Adolescencia
Por: Flavia Freitas • 17/11/2015 • Resenha • 1.720 Palavras (7 Páginas) • 1.273 Visualizações
DISTÚRBIOS ALIMENTARES NA ADOLESCÊNCIA- INFLUÊNCIAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL DA MÍDIA.
Flávia Freitas
INTRODUÇÃO
Transtornos alimentares são disfunções do comportamento alimentar que podem levar ao extremo emagrecimento através de dietas restritivas, jejum, utilização de métodos purgativos, indução ao vômito e exercícios físicos exagerados.
Podem também levar a obesidade devido à grande ingestão de alimentos. Tais transtornos constituem uma epidemia e acometem principalmente adolescentes e jovens do sexo feminino, levando a enormes prejuízos psicológicos, sociais e aumento de morbidade e mortalidade.
As causas resultam de uma interação entre fatores biológicos, como alterações nos neurotransmissores moduladores da fome e da saciedade, psicológicos, com algumas alterações características como baixa auto-estima, culturais e das experiências próprias.
A mídia exerce uma grande influência impondo um padrão de beleza praticamente inatingível, levando a uma distorção da autoimagem e uma preocupação exacerbada com o peso e forma física, em contradição a isso, incentiva através de publicidade e programas dirigidos a essa faixa etária o consumo de alimentos altamente calóricos.
O objetivo desse trabalho é problematizar e discutir a influência da mídia sobre a formação de padrões de beleza entre jovens adultos salientando as características e fatores de risco.
MÉTODO
A busca de artigos foi realizada na base de dados da Scielo combinando os termos ‘ distúrbios alimentares’, ‘ anorexia, ‘ bulimia’, ‘influência da mídia’, ‘obesidade’. Foram considerados os artigos escritos a partir de 2003. Os dados foram comparados com livros que auxiliam na compreensão do comportamento adolescente.
FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
Os Transtornos Alimentares (TA) vem ganhando uma grande projeção nos meios de comunicação devido ao crescimento de sua incidência entre adolescentes e crianças e por apresentarem significativos graus de morbidade e mortalidade. Os dados são tão alarmantes que estão assumindo proporções epidêmicas. De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH, na sigla em inglês) setenta milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de algum tipo de transtorno alimentar. Em estudos de longo prazo o índice de mortes provocado por esses transtornos é alto: entre 18% e 20%. De acordo com o Centro Nacional de Informações sobre Transtornos Alimentares do Canadá (Nedic, na sigla em inglês), a incidência mundial de mortes relacionadas à anorexia em mulheres entre 15 e 24 anos é 12 vezes maior que qualquer outra causa nessa faixa etária. (CBTA&O)
De acordo com a Associação Brasileira de Transtornos Alimentares a faixa etária crítica para o aparecimento desses transtornos ocorre aproximadamente entre 16,6 e os 21 anos. A adolescência é um período de enormes mudanças físicas, sociais e psicológicas, é um período de maior suscetibilidade as influências externas. Nessa fase o indivíduo sente a necessidade de pertencer a um ou mais grupos, que funcionam como propagadores de ideias que passam a ser vistas como verdade única por alguns jovens. A maior incidência é em pessoas do sexo feminino e apenas10% dos portadores de TA são homens.
Os TA são considerados doenças psíquicas e frequentemente ocorrem paralelamente com a depressão e transtornos de ansiedade. Esses distúrbios alimentares veem de uma insatisfação com o próprio corpo. A pessoa tem uma autoimagem que não é compatível com o real, o que a torna dependente de uma vida com privações, em busca de atingir o peso ideal. Os mais comuns são a Anorexia Nervosa, a Bulimia Nervosa, mas existem vários outros não especificados.
TIPOS DE TRANSTORNOS ALIMENTARES
A anorexia nervosa é a preocupação exagerada com o peso corporal, nessa condição, apesar de estar visivelmente magra, a pessoa se enxerga acima do peso e com medo de engordar, limitando a ingestão de alimentos a níveis mínimos, inclusive fazendo jejuns e praticando exercícios físicos demasiados. É uma doença que, além de desnutrição e do desequilíbrio emocional grave, pode deixar sequelas permanentes, como osteoporose precoce, depressão, arritmia cardíaca e infertilidade, sem falar no risco de caquexia, um grau extremo de fraqueza que pode ser fatal em alguns casos.
Na bulimia nervosa a pessoa também tem uma auto imagem distorcida, porém caracteriza-se principalmente pela ingestão de uma grande quantidade de alimentos de maneira compulsiva, para logo em seguida, tomada um pelo complexo de culpa devido ao excesso, livrar-se dos alimentos ingeridos através do vômito autoinduzido, que ocorre em cerca de 90% dos casos, do uso de medicamentos do tipo laxativo e diuréticos, jejuando por longos períodos ou exercitando-se freneticamente em busca de queimar as calorias adquiridas. Como geralmente não há perda de peso e sim a manutenção do mesmo é uma doença muito difícil de ser diagnosticada. As complicações clínicas são decorrentes principalmente das manobras compensatórias para perda de peso: erosão dos dentes, alargamento das parótidas, esofagites, hipopotassemia e alterações cardiovasculares.
A obesidade é o oposto das disfunções acima, é caracterizada pelo excesso de peso. Algumas das causas para o surgimento pode ser a predisposição genética, dietas ricas em gordura, falta de exercícios físicos e alterações endócrinas. O indivíduo alimenta-se indiscriminadamente e acumula um sobrepeso superior do que seria previsto para sua idade, altura e sexo. A partir daí desenvolve complicações em sua saúde física como, altas taxas de colesterol, diabetes, problemas cardíacos, respiratórios, de mobilidade e também complicações psicológicas, como por exemplos baixa autoestima, depressão e dificuldade de se relacionar. Geralmente o indivíduo tem consciência do problema, mas pode ter vergonha de buscar ajuda. Este procedimento requer suporte psicológico e auxílio por parte da família.
Observa-se que a sociedade contemporânea vive sob a influência de uma cultura que dá proporções exageradas para a imagem corporal. Onde os meios de comunicação enviam mensagens que, quem consome certos tipos de roupas, cremes de beleza, shampoos, e até mesmo dietas milagrosas poderão atingir a perfeição, que invariavelmente é ilustrada por modelos perfeitas e magérrimas, como se somente quem possui essas características tivesse o direito a felicidade.
“Para dimensionar a poder dessa influência podemos analisar nossa posição consoante as reflexões de Bourdieu. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (1996), 86,2% da população brasileira possui televisores em seus lares e 90,3% possui rádio, bens de consumo que assumem a liderança da pesquisa, enquanto o item geladeira ocupa o 5o lugar, com 80,3%. Diante dessas informações, podemos observar a existência de brasileiros que dão preferência à aquisição de meios de comunicação nos seus lares em detrimento de outros bens de consumo, considerados como necessários à rotina e à manutenção básica de uma família”[1]
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