Um Vinho na Minha Casa a Pulsão de Amy Winehouse
Por: Pauline Garske Baum • 12/5/2019 • Resenha • 507 Palavras (3 Páginas) • 167 Visualizações
Um vinho na minha casa: a pulsão de Amy Winehouse
Expressar através da música os elementos que habitam a parte mais profundamente submersa da consciência e que jamais estiveram acima do líquido. E como está tão profundamente escondida, somente a pulsão para “salvar” e levar, nós como sujeitos, a um determinado fim, ao alcance de um objeto de prazer. A fugacidade de tudo que é expresso pelas músicas, que seria a busca do objeto - seja na letra, nas notas ou no arranjo contextual, são expelidos por uma fonte que comunica através da voracidade característica do sujeito para tal expressão. Aquilo que sente e põe a finalidade ao produzir ou cantar a música. Toda sua energia empregada para satisfazer esse desejo de expressão.
Mas não seria a música uma pulsão de vida? Sim, e nas músicas de Amy Winehouse ela expressa toda sua perturbação e atos que buscam a morte, mas que a mantiveram viva, e ainda hoje como signo. São os resquícios da força de pulsão de morte que se instalam no sujeito produzindo efeitos de prazer e sofrimento; um confronto de incitação de vida via música e de incitação de morte, via abuso, dependência de drogas e de dependência de um amor fadado por uma relação abusiva, manifestado na música Back To Black (Volto ao Luto):
Eu te amo muito.
Isso não é o suficiente, você ama cheirar e eu amo fumar.
E a vida é como um cano.
E eu sou uma moedinha cambaleando por dentro dele.
Ou ainda, no conteúdo apresentado em Rehab (Reabilitação), que Amy conta sobre uma das reabilitações em que seu pai a internou:
O homem perguntou: Por que você acha que está aqui?
Eu respondi: Não faço ideia
Eu vou, eu vou perder meu amor
Então eu sempre tenho uma garrafa por perto
Ele disse: Acho que você está deprimida
Me dê um beijo, amor, e vá descansar.
Vejo a partir da vida de Amy Winehouse uma busca constante pelo prazer desde uma construção do inconsciente de seus pais ao lhe dar o nome como tal, ora “A” “my” “Wine” “house” em minha tradução está simbolizada pelo desejo de se ter um vinho naquela casa e assim tiveram, ainda, vinho em forma de sangue. Então, surge o manifesto do desejo através da arte, onde ela pôde traduzir-se enviando aos outros indivíduos suas mensagens de identificação como “eu sou a letra da minha música, eu sou o meu prazer, eu sou a música”, do ser o sintoma. Assim como o do gozo, solitário, para alguns, por ceder aos prazeres da pulsão de morte. Porém, vejo que ela obteve esse gozo via a busca pelo encontro de um horizonte que recua para um lugar no qual estaríamos protegidos das dores do mundo, o útero, e nisso, mesmo que de forma radical ou masoquista, há conforto, há prazer. Dessa forma, Amy buscou o prazer encontrado no suicídio, tornando-se signo ao morrer, por meio da passagem ao ato, ofertando perante a angústia, o fim do sofrimento e então, ela retorna: “[...] Eu segui um caminho problemático, minhas possibilidades
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