Unidade Educacional De Palmeira Dos Índios Curso De Graduação Em Psicologia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS ARAPIRACA

UNIDADE EDUCACIONAL DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA  

Amanda Rafaella Vasconcelos Farias

Processos Grupais I

Palmeira dos Índios - AL

2023

Amanda Rafaella Vasconcelos Farias

LEVY MORENO E PICHON-RIVIÈRE:

Teorias de processos grupais

TRABALHO ACADÊMICO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS, DESENVOLVIDO POR ALUNA GRADUANDA DO CURSO DE PSICOLOGIA, DA DISCIPLINA DE PROCESSOS GRUPAIS I, PARA FINS AVALIATIVOS. 

Orientadora: Prof.ª Flávia Ribeiro

Palmeira dos Índios - AL

2023

Este presente trabalho surge da necessidade de compreender duas relevantes teorias dos processos grupais no que concerne à atuação prática, assim como, por consequência, as diferentes experiências – de diferentes sujeitos – ao compor um processo grupal. Em detrimento disso, o material teórico de apoio provém de Ramalho (2010), com os capítulos 1 e 2 do livro “Psicodrama e Dinâmica de Grupo”, no qual trechos do capítulo 1 colaboram com os estudos de Pichon Rivière, enquanto o capítulo 2 refere e apresenta diretamente a teoria do Psicodrama de Moreno.

Relativamente a Pichon-Rivière, em específico, para a compreensão de sua teoria foram necessários dois materiais, além do supracitado, o artigo de Bastos (2010) “A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon” e o capítulo 15 do livro de Kamkhagi e Saidon (1991) “Análise Institucional no Brasil”, no qual o capítulo é denominado de “Horizontalidade, Verticalidade e Transversalidade em Grupos”.

A nível de entendimento histórico e contextual aos quais os autores estavam inseridos, faz-se imprescindível apresentá-los. Destarte, Jacob Levy Moreno, conhecido como pai do Psicodrama, tinha naturalidade Judaíca, nascido em Romênia e ainda na infância mudou-se para Viena, importante destacar que foi esse o território que acolheu o seu brincar espontâneo, considerando que a espontaneidade veio a ser palco de sua teoria. No entanto, nesse momento da vida seu trabalho ainda era subjetivo de sua existência, somente mais velho ele passou a abocanhar suas experiências a fim de constituição teórica.

Não por acaso, a fundamentação teórica de seus processos grupais teve como base a filosofia existencial-fenomenológica. Contudo, no que tange ao envolvimento que toda/o cientista apresenta como precursor de suas obras, foram o teatro e a religião os principais gatilhos responsáveis por despertar o interesse de Moreno em cientificar seu conhecimento. Sendo assim, seu primeiro livro foi finalizado em 1920 intitulado de “As Palavras do Pai”, correspondendo ao gênero literário religioso. De tal modo, no ano seguinte, em 1921, Moreno publicou seu segundo livro, o qual nomeou de “O Teatro da Espontaneidade”, o embrião do Psicodrama. A partir disso, o médico realizou experiências em grupo a fim de desenvolver sua teoria, o que ocasionou na criação do teatro terapêutico e, em consequência de seus estudos, o Psicodrama.  Nesse sentido, Moreno ainda elabora uma teoria socionâmica, conceituando um estudo das leis que regem as relações humanas, como diz o texto de Ramalho (2010, p. 33) sobre as diferenças dos tratamentos resultantes desse seu estudo:

o psicodrama é o tratamento através da ação dramática do protagonista em grupo, o sociodrama tem como protagonista sempre o próprio grupo e a psicoterapia de grupo que prioriza o tratamento das relações interpessoais, inseridas na dinâmica do grupo.

Sobre Enrique Pichon Rivière, contemporâneo de Moreno, apesar de mais novo, nasceu em Genebra na Europa e mudou-se para a América Latina com sua família ainda na infância, foi em Argentina que Rivière cresceu enquanto pessoa e teórico. O teórico cursou medicina e especializou-se em Psiquiatria, foi ainda em ambiente acadêmico que se incomodou com a maneira de lidar com os sujeitos defendida pela medicina clássica. Dado isto, considerou importante a elaboração de uma abordagem que estudasse a articulação entre o corpo físico e a mente, e assim o fez.

Dado seu contexto, sua prática psiquiátrica teve fortes influências da Psicologia Social desenvolvida na América-Latina, assim como da Psicanálise, abordagem teórica em destaque na época. Assim, durante sua atuação enquanto profissional da Psiquiatria foi surpreendido por uma greve das/dos profissionais de enfermagem, dado a ausência desses cuidados o médico sugeriu que as/os pacientes “menos comprometidos” prestassem auxílio aos “mais comprometidos”, e foi assim que as técnicas do grupo operativo começaram a ser sistematizadas.

 No campo do Psicodrama, como supracitado, ele veio a se tornar um instrumento rico em detalhes existencialistas, considerando que o objetivo principal da dramatização é a possibilidade de liberdade no que diz respeito a utilizar de características internas para encenar, ou seja, suas próprias capacidades de existir, como diz o texto de Ramalho (2010, p.32) “[...] o homem é construtor de si próprio e do seu mundo. O psicodrama busca fazer o indivíduo alcançar uma existência autêntica, espontânea e criativa.” Tal existencialismo faz desse dispositivo terapêutico um encontro entre o Eu-Tu no aqui e agora, o que intensifica a possibilidade de identificação e, por consequência, catarse, e conceitua o fator Tele.

 Aliás, catarse é um dos termos utilizados no texto para definir o processo de libertação de si – a interpretação cabível é de que esse discurso busca, mais uma vez, não resumir os processos do psiquismo a conceitos tradicionalmente naturalistas, por esta razão se chama catarse, e não cura. À vista disso, é comum ao autor que em abordagens vivenciais a técnica e a teoria não sejam tão prioritárias quanto a/o sujeito e a importância da relação que é estabelecida entre terapeuta e cliente, onde a/o terapeuta pretende abordar além das dimensões psicológicas e psicopatológicas.