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UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE PSICOLOGIA

Por:   •  19/10/2020  •  Trabalho acadêmico  •  4.481 Palavras (18 Páginas)  •  190 Visualizações

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE PSICOLOGIA

 

 

DAIANE FORMOLO PORTINHO

 

 

 

Ficha de Leitura do Livro A Máquina de Fazer Espanhóis

 

 

Trabalho apresentado para a disciplina Ética Profissional, pelo Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, ministrada pelo professor Fábio Alexandre Moraes. 

 

 

São Leopoldo

2020

 

O livro A Máquina de Fazer Espanhóis é bem complexo, e retrata uma bela história de amor, traz muitos aspectos emocionais acerca da vida e sobre envelhecer, bem como as pessoas encaram esse período da vida, no qual, sofrem grandes perdas, lidam com doenças, passam a ter falhas no estado mental, enfrentam mudanças nas relações familiares com a chegada da terceira idade. Este livro é completamente envolvente e durante a leitura é possível fazer muitas reflexões sobre: a vida, a saúde mental na terceira idade, o abandono e as memórias que um sujeito carrega, assim como suas escolhas.

Procurei trazer nesta ficha de leitura alguns pontos éticos de acordo com o que os personagens idosos contavam de as suas vidas, sobre as condutas dos profissionais do asilo, do hospital e dos policiais, bem como aspectos sobre a decisão dos familiares por colocá-los no asilo.

Nas primeiras páginas desta história o senhor Silva, está no hospital a esperar notícias de sua esposa Laura, que estava sendo atendida pelos médicos. Enquanto isso, conversa com o um atendente, o sr. Silva da Europa, pedindo alguma notícia sobre o estado de saúde da sua esposa e sobre o mal tempo que estava se formando. Nesse período, o atendente Silva da Europa, não soube tranquilizá-lo e mostrar-se eticamente profissional diante das perguntas do sr. Silvia, e passou a relatar sobre: a demanda do serviço, sobre sua fé, o seu sentimento em dias de tempestades, assuntos referentes a política. O atendente conversava sem pensar que, estava diante de um homem que preocupado com a saúde de seu amor, deixando-o ainda mais aflito. Aqui vale ressaltar que induzir política e religião em locais de trabalho podem ser considerados como uma falha ética.

“(...) tenha calma, senhor, tenha calma, isto por aqui anda pelas horas de deus. não acredito em deus, respondi-lhe, chegam-me os homens. e ele retorquiu, e acha que acredito eu. não. é só um modo de falar. deitamos mão ao que diz o povo e falamos sem pensar”. (MÃE, 2011, p. 15).

“(...) ficou abafado, odeio estes dias”. (MÃE, 2011, p. 15).

“(...) nós, os portugueses, somos mesmo, ponha isso na sua cabeça, colega silva. e a mim ninguém me apanha diminuído como outrora, somos europeus, eu sou um silva da europa”. (MÃE, 2011, p. 16).

“(...) não me pode ajudar a saber alguma coisa sobre a minha mulher. ele atordoou-se um bocado, como a sair de um estado de hipnose qualquer, e perguntou, que posso eu fazer. a mim não me dão satisfações, sou só um auxiliar”. (MÃE, 2011, p. 16-17).

Quando o médico do hospital falou com o sr. Silva sobre o estado da sua esposa,  que estava bem, havia sido sedada e diante deste quadro não acordaria nas próximas horas, o Sr. Silvia pediu para ficar à espera da sua mulher no hospital, porém o médico disse que não poderia.

A partir da saída do médico, o sr. Silva da Europa, começou a falar sobre a frieza dos médicos em relação aos pacientes, a exaustão de estar realizando aquele trabalho, a falta de motivação para realizar as atividades e novamente podemos notar mais um ato que remete à falha de conduta ética com a instituição onde trabalha e também permitiu que o sr. Silva passasse a noite ali, contra às recomendações do médico.

As condutas do atendente, poderia deixar qualquer familiar ainda mais aflita diante ao que estaria vivendo. Constata-se então, que no hospital não havia o devido acolhimento aos familiares, nem uma escuta ou uma conversa clara sobre a situação que se vivia.

“(...) não posso ficar também, perguntei. o médico, já afastado de mim, disse que não e desapareceu, neste serviço não. o silva da europa comentou, para eles é tudo mais fácil, sentem pelas pessoas um cuidado profissional. é como tratar de plantas, rigorosamente igual, que eu bem vejo que nem escutam o que se lhes diz, nem que o paciente gema ou grite, eles leem os papéis e as chapas que imprimem, olham para a cor das pessoas e decidem o que lhes apetecer. mas não se preocupe, sabem o que fazem e até têm coração, que eu bem os entendo”. (MÃE, 2011, p. 17).

“(...) se tiver paciência para a minha companhia, fique por aqui ao pé. simpatizo consigo. falo com os seguranças e passa cá a noite a ver-me preencher formulários e a ouvir a chuva. ainda lhes digo que é um primo. podíamos ser primos. que idade tem. acabei de fazer oitenta e quatro. espantoso, olhe que não parece. eu tenho sessenta e cinco e vou para casa no próximo mês, que já trabalhei para me fartar e agora quero mordomias”. (MÃE, 2011, p. 17).

Em outro momento o atendente Silva da Europa, retrata o seu trabalho e passa a falar de situações tristes que presencia no hospital, como a morte, ou seja, mais um ato de insensibilidade ao momento que o sr. Silva está passando, tal qual, vive um momento de preocupação sobre a vida de um familiar internado.

“(...) mas para nós, os mais velhos, já é uma tristeza vir para cá ver quem adoece e quem morre. é todos os dias a mesma coisa. estamos nisto para morrer, não tenha dúvidas, e não há milagre que para aqui mande anjos ou santos a ressuscitar ninguém”. (MÃE, 2011, p. 18).

Com a morte de Laura, os familiares do Sr. Silva decidiram colocá-lo no asilo. A decisão foi sem consultá-lo e contra a sua vontade. Silva acabou por aceitar sem mostrar muito à filha o sentimento de raiva que estava. Partindo disso, passo a refletir sobre rápida decisão de colocar uma pessoa no asilo, privando-a de viver o luto perto da família que poderia apoiar neste momento. Tal evento ocorreu poucos dias após a morte de Laura, onde Sr. Silva se via jogado no asilo, pela sua filha e por outro filho que nem foi ao enterro da mãe, permitindo um sentimento de inutilidade e vazio. Cabe refletir, que o sr. Silva era considerado útil até essa perda, uma vez que, quem levara a dona Laura ao hospital e permanecia à espera de notícias sobre a saúde foi o sr. Silva. Quanto tempo levamos para decidir sobre a vida de uma pessoa? Qual é a melhor opção para ela viver esse período da sua vida? É como se esquecessem dos valores que aprenderam com essa pessoa e do que ela abdicou-se a vida inteira para prezar por sua família.

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