Artigo Entre os Muros da Escola
Por: leticiaalmeidaf • 23/4/2017 • Artigo • 2.999 Palavras (12 Páginas) • 337 Visualizações
“ENTRE OS MUROS DA ESCOLA”
Dayana Gomes Migueis, Isabella Souza Costa Cavalcante, Janaina, Leticia Almeida de Oliveira, Thays Cristiane Fonseca Franklin.
RESENHA: Neste artigo propomos a análise sobre as discussões educacionais abordadas no filme, dirigido por Laurent Cantet, “Entre os Muros da Escola”. Por meio dessa se objetiva a contribuição da reflexão crítica sobre a necessidade da construção de uma educação inclusiva e que respeita às diferenças existentes em sala de aula abrangendo desde a Gestão escolar ao professor, o método autoritário de ensino instaurado por um processo civilizatório e as dificuldades de comunicação entre discentes e docentes. Evidenciando-se, a necessidade do planejamento educacional para a inclusão de ações educativas multiculturais objetivando a construção de propostas pedagógicas que privilegiem conteúdos significativos aos jovens oriundos de vários grupos étnicos, favorecendo a motivação e o avanço no processo de ensino-aprendizagem dos alunos.
PALAVRAS-CHAVE: educação, inclusiva, método, comunicação.
ABSTRACT: In this article we propose the analysis on the educational discussions addressed in the film, directed by Laurent Cantet, "Between the Walls of the School". Through this, the contribution of critical reflection on the need to construct an inclusive education that respects the differences existing in the classroom, ranging from school management to teacher, the authoritarian method of teaching established by a civilizing process and the difficulties of communication between students and teachers. The need for educational planning for the inclusion of multicultural educational actions is aimed at the construction of pedagogical proposals that privilege meaningful content to young people from various ethnic groups, favoring motivation and advancement in the teaching-learning process from the students.
KEY WORDS: education, inclusive, method, communication.
1. INTRODUÇÃO
Entre os muros da escola (Entre les murs/ The Classa, França, 2008) é um longa-metragem dirigido por Laurent Cantet sendo vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes do mesmo ano e lançado no Brasil apenas em 2009.
O filme apresenta a organização de uma escola na periferia de Paris, onde atuam o professor François Marin e os seus demais colegas juntamente com os alunos da turma de francês, no ensino médio, onde existem etnias, culturas, religiões e países completamente diferentes entre si e ainda são obrigados a conviver, se respeitar e seguir as regras da escola e de seu país.
A trama expõe fatores como a indisciplina à realidade de um sistema educacional civilizador e a diversidade cultural, a desestrutura familiar, dentre outros fatores sociais, econômicos, culturais e a dificuldade de ensino da língua francesa na sala de aula são influenciadores para a formação humana. Todo o filme basicamente se passa dentro dos muros da escola, nas salas de aulas, corredores, pátios e as cenas mostram a convivência do dia a dia dos professores, alunos e pais.
Vemos no decorrer do filme que o método de ensino adotado e exercido pelo professor François demonstra ser inútil para a vida dos estudantes, pois ele não aborda elementos de realidade e muito menos de seus interesses. A rigidez autoritária do professor e a falta de flexibilização curricular levam a indisciplina na sala de aula e o distanciamento entre aluno e professor.
Nesse contexto da realidade vivida por Marin, ele luta pela defesa da língua francesa, apesar de seus alunos não se interserem pelo uso da linguagem “correta”, simplesmente por terem os seus próprios modos de expressão verbal. É nesse quadro de problemas cultural que se coloca diante da escola, da língua oficial do país e do professor, sendo também um problema social imediato. A linguagem é o grande campo de batalha onde é travado esse conflito cultural.
2. DIVERSIDADE CULTURAL
Todo o enredo do filme é marcado pela diversidade de culturas dentro dos muros da escola. O tema central é a difícil relação entre professor e aluno, que é cercada de fatores que realçam o surgimento de conflitos. Essa relação nos permite ter uma análise mais detalhada sobre a convivência entre o corpo docente e discente no espaço de ensino.
O François Marin se defronta com alunos bagunceiros que estão no auge da puberdade, além disso, há a problemática deles serem de origens diversas. Podemos perceber a existência de uma grande diversidade cultural, pois os estudantes em sua maioria são filhos de imigrantes, o que configura um caráter heterogêneo da turma.
Porém, o mestre parece se esquecer do enorme fosso social que existe entre eles e da complexidade da realidade de cada um. É fácil perceber que os personagens são mais gerais do que a gente pensa, no que se refere à questão das nações. O conflito é inerente, independente de qual nação for, existe em qualquer lugar. Não é contrário aqui no Brasil, um país extenso geograficamente e com uma diversidade cultural enorme, rico de costumes, regionalismos, crenças e tradições.
Outro ponto que é interessante salientar a respeito da escola apresentada no filme, é que ao mesmo tempo em que esta se mostra como avançada, ainda traz em suas práticas, características extremamente tradicionais e conservadoras. Isso pode ser encarado como um dos motivos que evidenciam os conflitos internos, no que diz respeito à questão das diferenças, pois fica mais complicado para os alunos se adaptarem, o que resulta na questão da impenetrabilidade dos mundos, tanto dos discentes, quanto do professor.
Talvez pensando nessa gama de diversidade que Gramsci em seus escritos, critica a falsa universalidade da escola que é pregada, e propõe torná-la algo realmente plural, ou seja, que a mesma seja um lugar de vivência, em que o professor e aluno aprendam um com o outro.
“(...) Para que ele possa despertar a consciência nestes indivíduos, é essencial conhecer seu universo, sua história, partir das realidades enfrentadas por esses alunos, sem deixar de lado a autonomia e a liberdade de cada um.” (GAGNO, Roberta. FURTADO, Andréa Garcia).
Diante do exposto, faz-se necessário relatar que mesmo com as tentativas do Professor François de desenvolver o diálogo e a vivência com seus alunos, não foi possível avançar muito. Avançar no sentido de criar neles um espírito crítico, para fazê-los compreender quem são e em que mundo vivem, já que a grande maioria era estrangeira e por inúmeros motivos estavam ali. Portanto, fazia-se necessário adotar uma dinâmica que explicasse como funcionava aquela sociedade em que eles agora estavam inseridos, pois do que adianta ser sociável, aprender a língua, se não compreender a sociedade em que se vive?
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