Livro Serviço Social e Trabalho. Porque Serviço Social não é trabalho
Por: megmartini8 • 13/11/2018 • Resenha • 3.683 Palavras (15 Páginas) • 303 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
EQUIPE: DOUGLAS GOMES, ELLEN MENDONÇA, FRANCISCA FABRÍCIA, GABRIELLE SILVA, JÉSSICA RAQUEL, NATÁLIA MIKAELY, CAMILA NUNES, SAMARA LIMA, VANESSA NUNES.
SÍNTESE: SERVIÇO SOCIAL E TRABALHO (CAP. 1 AO 3)
FORTALEZA – CEARÁ
2018
A presente síntese refere-se a três capítulos do livro Serviço Social e Trabalho, escrito por Sérgio Lessa. Os mencionados capítulos são intitulados como: 1. O Serviço Social e as Ciências Sociais; 2. A decisiva questão filosófica e; 3. Trabalho e Reprodução. Antes de adentrarmos as teses centrais defendidas por Lessa em cada capítulo, se faz necessária uma breve apresentação do sobredito autor.
Sérgio Afrânio Lessa Filho possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba (1987), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1990) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1994) e Pós-doutorado em Serviço Social pela PUC-SP. Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal de Alagoas e Pesquisador com Bolsa de Produtividade do CNPq. Tem experiência na área de Serviço Social e Filosofia, com ênfase em Fundamentos do Serviço Social, Ontologia e Ontologia do ser social.
O autor argumenta que escreveu esta obra dada a necessidade que se fez a partir da identificação entre Trabalho e Serviço Social. Assim, começou a escrever vários artigos acerca da questão. Esses artigos foram selecionados e unidos para tornarem-se um livro com as explicações que considera mais pertinentes sobre o assunto.
Iniciamos então a discussão traçada na obra de Lessa com apontamentos do primeiro capítulo. O autor elucida que na reação à raiz conservadora do Serviço Social se converteu em um movimento que terminou por estabelecer como um dos referenciais da profissão a busca por uma sociedade sem classes e tal referencial fez do Serviço Social a única profissão a conter no seu código de ética á explicita menção da necessidade de superação da alienada sociabilidade capitalista.
Esse percurso traçado pela profissão é ainda mais significativo porque aproximadamente nessa mesma época as correntes teóricas dominantes nas Ciências Humanas cursaram uma rota oposta, essas correntes se curvaram ao pesado fluxo do neoliberalismo e do pós-modernismo, o fim da URSS e da “vitória definitiva do capitalismo”, ou seja, foi nessa situação que as correntes dominantes das Ciências Humanas retiraram de seu meio as questões relacionadas a superação do capital.
Se antes o Serviço Social se limitava enquanto assistência social em seus estudos de caso, nesse novo contexto o que lhe resta é desenvolver as investigações teóricas de fundo, a qual necessita. Destarte a profissão vai encontrando suporte teórico nas ciências sociais, para fortalecer seu processo de desenvolvimento enquanto categoria. Isso tem tirado o Serviço Social de uma relação de subalternidade quanto às ciências humanas. Não por que este possa vir a substituir tal ciência, mas porque deixou de encontrar nelas as reflexões teóricas que necessitava.
Essa situação aqui presente não é nova, o que é novo é o contexto em que ela irá ser abordada (reestruturação produtiva, crise do modelo neoliberal, etc.) e é claro confrontando-se com as orientações predominantes das ciências humanas.
Ao Serviço Social, ter essa nova posição acabou acarretando uma contradição em seu meio. E nesses últimos anos, com o avanço do pensamento, pós-moderno no interior das mesmas (ciências sociais), o Serviço Social passou a avançar com seus próprios meios, mas também sentiu os impactos a cerca dessa decisão. Foi bem nítido isso no exemplo de “Classe oprimida”, usado acerca do Método BH.
As ponderações críticas de José Paulo Netto em Ditadura e Serviço Social deixam bem claro isso. No qual o termo “classe oprimida” foi colocado para designar uma homogeneização da classe trabalhadora, ou seja, classifica todos os assalariados como trabalhadores, cancelando a distinção de trabalho apresentada por Marx como aquela atividade estabelecida entre o ser social e o ser natural, daí a identificação do Serviço Social como Trabalho.
No decorrer do capítulo 1, o autor aborda os avanços trazidos pelo Método BH que apontava como horizonte a superação do capitalismo, mas apoiando-se em categorias pobres como opressores e oprimidos, como a homogeneização das classes tidas como oprimidas; e depois os desdobramentos dessa concepção nos anos seguintes, substituindo cada vez mais o horizonte de superação do capital pela democratização da sociedade capitalista.
No segundo capítulo, Lessa faz um resgate sobre o Serviço Social se classificar enquanto profissão inscrita na divisão socio técnica do trabalho, e que tem nas ciências humanas o seu aporte para explicar questões que estão imersas nas relações sociais. A proposta de identificação entre o Serviço Social e o trabalho não estaria apenas no campo da instrumentalidade ou mesmo da identidade são questões que vão para além de práticas e intervenções. Estas dizem respeito à própria concepção de mundo e, portanto, possui relações muito próximas com a própria concepção do papel histórico do Serviço Social.
Para compreendermos o papel significativo de uma profissão recorremos ao código de ética. No Serviço Social este tem por horizonte a busca da superação da sociedade capitalista. Partindo desse pressuposto temos que a revolução é algo possível, pela humanidade. Que o capitalismo não é a última forma de sociedade e que os homens são responsáveis pela construção da sua história, sendo portanto mutável sem interferência do divino. Podendo então, ser uma sociedade comunista e emancipada.
Ao defender isto, estamos afirmando uma tese filosófica das mais ricas em consequências ideológicas: como nós fazemos a nossa história, se decidimos superar o capital este será superado do mesmo modo como a humanidade deixou para trás a sociedade feudal. Apesar desse raciocínio parecer obvio e simplório, de que a história humana é resultado exclusivo das ações dos homens em sociedade, este só foi pensado no século XIX, pelo o pensador alemão Karl Marx. Antes tinha-se apenas a noção de que a história dos homens era imposta pelo destino predeterminado, por potencias que eles não dominariam. Segundo Lessa “A consciência da relação do homem (indivíduos e sociedade) com a sua história está diretamente relacionada com o desenvolvimento de sua capacidade em fazer esta história, sendo breve, pelo desenvolvimento das forças produtivas”.
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