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Pressão arterial sistemica

Por:   •  16/11/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.600 Palavras (7 Páginas)  •  249 Visualizações

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CONTEXTUALIZAÇÃO

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA) e é a mais frequente das doenças cardiovasculares. A HAS é definida como pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva 10,11.

Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais. Em adultos, a pressão arterial é classificada como normal (PAS <120 mmHg e PAD <180 mmHg), pré-hipertensão (PAS 120-139 mmHg e PAD 80-89mmHg), hipertensão estágio 1 (PAS 140-159 mmHg e PAD 90-99 mmHg) e estágio 2 (PAS >160 e PAD >100) 10,11.

A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle e é considerada um dos principais fatores de risco modificáveis e um dos mais importantes problemas de saúde pública. É o principal fator de risco para as complicações mais comuns como AVC e infarto agudo do miocárdio, além da doença renal crônica terminal, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o diabete, 50% dos casos de insuficiência renal terminal 1, 2, 10,11.

A mortalidade por doença cardiovascular (DCV) aumenta progressivamente com a elevação da PA a partir de 115/75 mmHg. Em 2001, cerca de 7,6 milhões de mortes no mundo foram atribuídas à elevação da PA, sendo a maioria em países de baixo e médio desenvolvimento econômico e mais da metade em indivíduos entre 45 e 69 anos. Em nosso país, as DCV têm sido a principal causa de morte. Em 2007 ocorreram 308.466 óbitos por doenças do aparelho circulatório. As DCV são ainda responsáveis por alta frequência de internações, ocasionando custos médicos e socioeconômicos elevados 11.

No Brasil são cerca de 17 milhões de hipertensos, 35% da população com 40 anos e mais. E esse número vem aumentando e sua manifestação cada vez mais precoce, estima-se que aproximadamente 4% das crianças e adolescentes sejam portadoras. A carga de doenças representada pela morbimortalidade é elevada e por isso a HAS é considerada um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo 10.

Quanto aos fatores de risco para HAS, existe relação direta da PA com a idade, sendo a prevalência de HAS superior a 60% em indivíduos acima de 65 anos. Com relação à população idosa, estima-se que pelo menos 65% dos idosos brasileiros são hipertensos. A maioria apresenta elevação isolada ou predominante da pressão sistólica, que mostra forte relação com eventos cardiovasculares. A prevalência global de HAS entre homens e mulheres é semelhante, embora seja mais elevada nos homens até os 50 anos, invertendo-se a partir da quinta década. A hipertensão é duas a três vezes mais comuns, em usuárias de anticoncepcionais orais, especialmente entre as mais idosas e obesas. Em relação à cor, a HAS é duas vezes mais prevalente em indivíduos negros, o que pode estar relacionado a fatores étnicos e/ou socioeconômicos 10,11.

A prevalência de hipertensão arterial em crianças e adolescentes pode variar de 2% a 13%. Além da avaliação habitual em consultório, recomenda-se a medida rotineira da PA no ambiente escolar 10,11. Apesar das evidências, a aferição da pressão arterial nas crianças e adolescentes, na prática médica, é na maioria das vezes protelada pelos examinadores, fato que evita a detecção precoce do problema e sua imediata abordagem terapêutica 13.

A obesidade é um fator de risco independente para a HAS, o excesso de peso se associa com maior prevalência desde idades jovens. Nos adultos, mesmo entre fisicamente ativos, o incremento de 2,4 kg/m no índice de massa corporal ocasiona maior risco de desenvolver hipertensão. Hipertensão arterial e obesidade, frequentemente associadas à dislipidemia e à intolerância à glicose, compõe a chamada síndrome metabólica, que também é acompanhada de resistência à insulina e hiperinsulinemia. A prevalência de hipertensão em diabéticos é pelo menos duas vezes maior do que na população em geral. É frequente a associação entre dislipidemia e hipertensão arterial, juntos representam mais de 50% do risco atribuível da doença arterial coronariana 10,11,12.

Ingestão demasiada de sódio tem sido correlacionada com elevação da pressão arterial. A ingestão de álcool por longos períodos pode aumentar a PA e a mortalidade cardiovascular. Em populações brasileiras se associa com a ocorrência de HAS de forma independente das características demográficas. Sedentarismo é também um fator de risco. Atividade física reduz a incidência de HAS, mesmo em indivíduos pré-hipertensos, bem como a mortalidade e o risco de DCV. A influência do nível socioeconômico na ocorrência da HAS é complexa e difícil de ser estabelecida. No Brasil a HAS foi mais prevalente entre indivíduos com menor escolaridade 11.

Quanto à genética, a contribuição de fatores genéticos para a gênese da HAS está bem estabelecida na população, todavia não existem, até o momento, variantes genéticas que possam ser usadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS. Os fatores de risco cardiovascular comumente se apresentam de forma acrescentada, a predisposição genética e os fatores ambientais tendem a contribuir para essa combinação em indivíduos com estilo de vida pouco saudável 11.

Nos idosos com AVC ou com ataque isquêmico transitório (AIT), a diminuição da pressão arterial deve ser gradual e cuidadosa, e nos que apresentam estenose ou oclusão das artérias cervicais ou intracranianas, devido ao risco de redução da perfusão cerebral. Em hipertensos com doença arterial coronariana objetiva-se o controle gradual da pressão arterial até atingir níveis inferiores a 140/90 mmHg. A HAS é uma das principais causas de DRC no Brasil. Na época da necessidade de terapia renal substitutiva, diálise ou transplante renal, cerca de 80% a 90% dos pacientes são hipertensos 10.

Por ser na maior parte do seu curso assintomática, seu diagnóstico e tratamento é comumente negligenciado, somando-se a isso a baixa adesão por parte do paciente. Estes são os principais fatores que geram um baixo controle da HAS. A abordagem multiprofissional é de fundamental importância no tratamento da hipertensão

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