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Resenha do Documentário Tempo de Resistência

Por:   •  3/5/2017  •  Resenha  •  1.065 Palavras (5 Páginas)  •  1.942 Visualizações

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ANÁLISE CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO “TEMPO DE RESISTÊNCIA”

FORTALEZA – CEARÁ

2017

O documentário Tempo de Resistência, de André Ristum, relata o contexto história da ditadura militar brasileira, trazendo depoimentos sobre a luta guerrilheira contra o regime ditatorial. Além de lembranças sobre os movimentos populares, as torturas, perda de amigos ou parentes queridos, assim como outros acontecimentos que ocorreram pós-64.

Em 1961, Jânio Quadros era o atual presidente da república, mas, após sete meses no poder renunciou ao cargo e foi substituído pelo seu vice-presidente, João Goulart, que assumiu a presidência no dia 7 de setembro de 1961 com a mobilização nacional contra uma tentativa de golpe de estado, visto que, os militares eram contra a política adotada por ele.

Goulart, trouxe em suas propostas políticas as reformas de base e discursos sobre uma nação mais justa e moderna. O avanço da massa do povo significava uma ameaça para a burguesia que temia por sua hegemonia. Assim, os opositores de Goulart, usavam o discurso sobre a ameaça comunista para derruba-lo. É importante ressaltar que o Brasil sempre foi marcado pela exclusão das classes subalternas nas decisões enquanto estas sempre vinham, como ressalta José Paulo Netto, “do alto”.

No dia 1ª de Abril de 1964, os militares derrubam o governo de João Goulart e assumem o poder através de um golpe que seguia os interesses do capital. Durante o documentário, algumas imagens de jornais da época são mostradas, sempre com manchetes que alimentam a ideia de que o comunismo havia sido derrotado, mascarando o que realmente estava acontecendo no país. A ditadura não se estabeleceu apenas por fatores nacionais, mas também por fatores que transcendiam internacionalmente, seguindo o modelo do imperialismo norte-americano. O objetivo do golpe, na verdade, foi interromper os avanços sociais propostos por Goulart e manter a hegemonia burguesa e a exclusão do povo nas decisões políticas. Assim, a forma que encontraram para fazer isso foi extinguindo a democracia.

O discurso realizado por Castelo Branco deixa rastros de como iriam ser os próximos anos no Brasil, principalmente quando ele enfatiza que escolheria o próximo presidente e lutaria contra a extrema esquerda, que passa a viver na clandestinidade. Os sindicatos ficaram sob intervenção e a principal força que surgiu no período foi a do Movimento Estudantil. Porém, como sempre, o governo ditatorial usava seu poder para silenciar aqueles que eram contra o regime, assim, criaram a lei Suplicy de Lacerda, que colocava na ilegalidade o movimento dos estudantes. Como resposta, o Movimento Estudantil foi a primeira força a se reorganizar e lutar contra essa lei.

É perceptível que quando os movimentos revolucionários contra à ditadura conseguem algum progresso, são rapidamente repreendidos pelo governo que busca a todo custo maneiras de silencia-los e os colocar em uma posição de inimigos do país, chamando-os de terroristas enquanto os verdadeiros inimigos da nação estavam no poder.

Uma grande consequência do período ditatorial foi a criação dos acordos MEC-USAID (lei 5.540/68), uma prática que expandia uma educação sem qualidade. Mesmo que o governo tenha ampliado as escolas, o ensino público passou a ter poucos recursos. A demanda por docentes era alta e não tinham suficientes para todas as escolas, consequentemente, a formação tornou-se inadequada. Os filhos das classes mais altas passaram a estudar em escolas privadas enquanto os das classes mais baixas permaneciam nas públicas, onde o ensino foi sucateado. Um dos participantes do documentário diz que: “O ensino público ficou desmantelado”. O interessante é que os vestígios desse período continuam até hoje, pois o ensino nas escolas públicas, infelizmente, ainda é precário.

Costa e Silva (1967-1969), representante da linha dura, foi quem substituiu Castelo Branco no poder e deu início a repressão, marcando um retrocesso no regime e o fortalecimento das áreas mais duras. Seu governo foi marcado pelo AI-5 que transformou o Brasil em um país policial, mas proporcionou um novo momento para a luta armada. Esse período foi marcado por intensas torturas e uma crise interna no Partido Comunista Brasileiro (PCB), visto que, sua posição passiva não estava sendo efetiva. É a partir do surgimento da ALN (Ação Libertadora Nacional), que os movimentos começam a se organizar e trilhar o caminho da via armada, e no segundo semestre de 1968 começam a se firmar as guerrilhas contra o governo golpista.

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