Sobre Botulismo
Por: Édson Santos • 6/6/2017 • Projeto de pesquisa • 1.757 Palavras (8 Páginas) • 279 Visualizações
BOTULISMO CANINO- REVISÃO DE LITERATURA
BOTULISM IN DOGS- REVIEW ARTICLE
BOTULISMO EN CANINOS- REVISIÓN DE LITERATURA
Ana Carolina Vanz[1]
Bibiana da Rosa Pereira¹
Jéssica Cristine da Costa¹
Giovani Grapiglia¹
Matheus Ferrari Pastre¹
RESUMO
O botulismo é uma doença causada pela bactéria Clostridium botulinum. Essa bactéria tem a capacidade de gerar toxinas. Os animais infectados geralmente se contaminam através da ingestão de alimentos deteriorados com a presença da toxina pré-formada. A toxina é absorvida pelo estômago e parte superior do intestino delgado, até os vasos linfáticos. O mecanismo de ação desta substância, se dá pelo bloqueio da liberação de acetilcolina na junção neuromuscular e nas sinapses colinérgicas autonômicas, resultando em paralisia flácida completa do nervo motor inferior. Existe uma variação de tempo para o aparecimento dos sintomas de horas ou dias após a ingestão da toxina. A técnica padrão para o diagnóstico definitivo é a inoculação intraperitoneal de soro sanguíneo dos animais suspeitos em camundongos. O prognóstico geralmente é favorável, salvo em alguns casos de infecções secundárias. A profilaxia da doença está relacionada no controle alimentar do animal, visto que esta é a principal fonte de infecção. Este trabalho tem como objetivo descrever a etiologia desta doença, bem como sintomatologia e opções de tratamento.
Palavras-chave: Toxina, Paralisia Muscular, Alimentos deteriorados.
SUMMARY
Botulism is a disease caused by Clostridium botulinum bacteria. This bacterium can produce toxins. The infected animals often become contaminated by food intake deteriorated with the presence of the preformed toxin. The toxin is absorbed from the stomach and upper small intestine, until the lymphatics. The mechanism of action of this substance is caused by the blockage of acetylcholine release at the neuromuscular junction and at cholinergic autonomic synapses, resulting in complete flaccid paralysis of lower motor nerve. There is a time variation for the appearance of symptoms of hours or days after administration of the toxin. The standard technique for definitive diagnosis is the intraperitoneal inoculation of blood serum of animals suspected in mice. The prognosis is generally favorable, except in some cases of secondary infections. The prevention of disease is related to animal feeding control, since this is the main source of infection. This paper aims to describe the etiology of this disease, symptoms and treatment options.
Keywords: Toxin, muscular paralysis, impaired food.
INTRODUÇÃO
O botulismo foi descrito pela primeira vez na Alemanha, no séc. XVII. A doença se origina pela toxina do Clostridium botulinum. O nome da bactéria provém do termo “botulus”, que em Latim, significa salsicha, devido ao envolvimento desse amimento nos primeiros casos da doença. (FRANCO et al., 2001). Nos animais domésticos, o botulismo é conhecido há aproximadamente 50 anos (BEER, 1999).
É uma doença caracterizada por neuroparalisia flácida grave em função da patogenia da toxina que age diretamente no bloqueio da liberação de acetilcolina na junção neuromuscular e nas sinapses colinérgicas autonômicas (GREENE, 1997; TAYLOR, 2010). A doença é observada principalmente em equinos, ruminantes e aves domésticas (BIBERSTEIN, 2003), enquanto nos cães e outros carnívoros é considerada rara (BEER, 1999).
1 Agente Etiológico
O botulismo é uma doença causada por uma bactéria patogênica Clostridium botulinum, caracterizada por gerar uma toxi-infecção alimentar. São bastonetes retos ou levemente curvos com flagelos piritríquios, apresentam cápsula e são móveis, anaeróbicos, com esporos ovais e sub-terminais. Para produzirem a toxina necessitam de pH básico ou próximo do neutro, comum em carcaças de animais em estado de putrefação (CVE, 2008).
Na literatura são descritos sete subtipos (A-G) de toxina foram descobertas, através de suas características antigênicas específicas, sendo que A, B, E e F envolvem as intoxicações humanas, e C e D, as intoxicações de importância veterinária (ZHANG, 2009). Em cães a doença ocorre devido à ingestão da toxina botulínica do tipo C (BARSANTI, 2012).
2 Epidemiologia
É considerada uma doença com afinidade por altas temperaturas. Sendo assim em locais com clima temperado ela costuma prevalecer no verão. Temperaturas entre 22º e 37ºC nestas regiões favorecem a produção de toxina pela bactéria no alimento (BEER, 1999).
Apesar de o Brasil apresentar condições favoráveis ao desenvolvimento do botulismo, ainda são poucos os estudos que demonstram a verdadeira realidade brasileira diante da enfermidade (MABONI et al, 2010), ficando a grande maioria das descrições da doença em cães restritas aos relatos de casos.
A doença não costuma ser frequente em cães, contudo sua ocorrência está diretamente relacionada ingestão de carne deteriorada, ingredientes alimentares estragados, e principalmente de carniça (JONES et al ,1997).
Em locais onde o botulismo tem característica endêmica, as carcaças de animais são infectadas, produzindo grande quantidade de toxina. Por esse motivo, mesmo quando o animal quantidades pequenas de carne ou osso, pode conter concentrações de toxina em concentrações letais. A toxina pode persistir na carcaça no mínimo por um ano (RADOSTITS et al, 2000).
3 Patogenia
Quando o animal ingere a toxina, ela diretamente invade a a parte superior do estômago após absorção estomacal. Do intestino ela migra até os vasos linfáticos. As toxinas vão atuar nas junções neuromusculares, provocando paralisia funcional motora sem a interferência com a função sensorial induzindo à paralisia da musculatura esquelética através da inibição da liberação da acetilcolina pelas terminações colinérgicas das fibras nervosas (NELSON & COUTO, 2001).
Desta forma são acometidos principalmente os nervos periféricos, os quais têm a acetilcolina como mediador. A toxina liga-se na membrana nervosa bloqueando a liberação deste neurotransmissor, causando a paralisia flácida e dos músculos respiratórios, que evolui para a morte, sem o desenvolvimento de lesões histológicas (ETTINGER, 1996). A intensidade da manifestação clínica do botulismo está condicionada à quantidade de toxina ingerida, da mesma forma que a sua evolução clínica (KRIEK & ODENDAAL,1994).
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