Abordagem Sóciotécnica
Pesquisas Acadêmicas: Abordagem Sóciotécnica. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Faketo • 31/5/2014 • 2.662 Palavras (11 Páginas) • 317 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
Com a evolução industrial após a 2° Guerra Mundial e as teorias de organização do trabalho que focavam ora o trabalhador ora a produção, houve a necessidade de criar um modelo que abordasse ambas ao mesmo tempo.
Foi então que na década de 1950, o Tavistock Institute of Humans Relations realizou um importante estudo sobre a organização do trabalho numa mineradora de carvão inglesa, que colaborou na criação da Teoria Sociotécnica de Organização.
2. CARACTERÍSTICAS
A abordagem sócio-técnica privilegiou nos seus estudos uma intervenção centrada na participação democrática dos trabalhadores nas organizações e, por outro lado, desenvolveu um modelo de análise baseado no equilíbrio e optimização dos subsistemas técnicos e social no funcionamento das organizações.
Sob forte influência da Teoria Geral dos Sistemas, as organizações das décadas de 1940-1950 teriam que ser observadas enquanto sistemas abertos, isto é, como realidades integradas e universais. Pela primeira vez, são criticados os modelos taylorista e burocrático de organização do trabalho caracterizado enquanto modelo fechado, isolado do ambiente externo circundante e seguido o imperativo tecnológico.
3. PRINCÍPIOS
O conceito sociotécnico está relacionado aos sistemas abertos, em função de pressupostos como interdependência das partes, equilíbrio dos estados e efeitos sistêmicos, onde nem todos os sistemas sociais são sociotécnicos sendo que a visão sociotécnica propõe dependências e interesses em comum entre gerentes e gerenciados em busca de conciliar conflitos entre estes dois grupos.
3.1 Sistemas abertos
Os Sistemas abertos, pelas características, apresentam relações de intercâmbio com o ambiente através de troca de informação, recursos, matéria e energia. São eminentemente adaptativos para sobreviverem e reajustam-se constantemente às condições do meio, de forma a produzirem a ordem e a organização do sistema.
Podem ser analisadas como sistemas abertos, cujo funcionamento incide em três premissas principais:
• Serem independentes (a mudança numa das partes do sistema afeta todas as outras partes do sistema organizacional);
• Serem totais (há de encarar a organização do ponto de vista do seu funcionamento global);
• Serem sinergéticas (compreendendo o sistema interativo das partes da organização e explicar que o todo é maior que a soma das partes).
A premissa de equacionar a organização como um sistema aberto em permanente interdependência com o meio envolvente torna necessário o desenvolvimento de modos colaborativos de ação, cabendo ao sistema técnico o controle das ferramentas e técnicas adequadas às tarefas de conversão dos inputs em outputs, sendo responsável pela eficiência potencial das organizações e ao sistema social a responsabilidade pela divisão do trabalho e sua coordenação, quer ao nível das pessoas quer da própria estrutura de trabalho, estando-lhe atribuída como principal função a transformação da eficiência potencial em eficiência real.
3.2 Interações entre o sistema técnico e social na organização do trabalho
O Tavistock Institute concebe a organização como um sistema sócio-técnico resultante da interação entre o sistema tecnológico e o sistema social. Enquanto o sistema tecnológico é determinado pelas exigências típicas das tarefas que são executadas em cada organização, quer em termos de competências quer dos conhecimentos exigidos pelo tipo de equipamento, estruturas físicas e matérias-primas, o sistema social é constituído pelas pessoas e respectivas interações.
Pela primeira vez, a organização é descrita como uma realidade sistêmica, onde o indivíduo mais do que uma extensão da máquina, complementa-a, onde a importância do grupo de trabalho se sobrepõe ao indivíduo, valorizando-se a supervisão interna pelo grupo e não a supervisão do indivíduo pelo supervisor.
Importa, portanto, à abordagem sócio-técnica analisar o sistema de trabalho como um todo – tarefas, tecnologias, pessoas e estruturas – assumindo-se estas como variáveis básicas e interdependentes para a mudança organizacional.
4. PESQUISAS E EXPERIÊNCIAS
O contexto histórico propiciado Pós Guerra Mundial, foi fator relevante ao desenvolvimento dos trabalhos de investigação da abordagem sócio-técnica, porque as suas hipóteses teóricas e métodos de intervenção eram manifestamente positivos para superar os efeitos nefastos dos princípios e práticas tayloristas e burocráticos institucionalizados na organização do trabalho.
Acresce a esse elemento favorável de desenvolvimento, o clima de diálogo gerado entre sindicatos, associações patronais e o Estado, no quadro institucional da negociação, participação e contratação coletiva, inscritas nos princípios da democracia industrial e co-gestão que se estava a desenvolver em certos países.
Por ordem histórica e cronológica destacam-se as experiências da “Glacier Metal Company” e das minas de carvão, na Grã-Bretanha e a democracia industrial, na Noruega. Outros estudos foram feitos, por exemplo, na Shell inglesa, na SAAB-Scania e na Volvo, na Suécia bem como na empresa têxtil de Ahmeadabad, na Índia, corporizando mudanças importantíssimas na organização do trabalho, nomeadamente na maior participação dos trabalhadores nos aspectos relacionados com a execução de tarefas, gerando-se uma melhor ambiência social e um aumento da produtividade do trabalho.
4.1 A experiência da “Glacier Metal Company”
Este estudo experimental foi liderado por Elliot Jacques (consultor investigador e médico) desde 1948 até 1970, numa empresa metalúrgica com 1300 trabalhadores, situada nos arredores de Londres. Teve a oportunidade de fazer uma investigação baseada nos postulados teóricos e práticas psicanalíticas e socioanalíticas, com a finalidade de ajudar a resolver problemas humanos na organização. Os problemas eram sobretudo provenientes das tensões entre pessoas e grupos ou entre os indivíduos e a organização. Pretendia, através do seu desbloqueamento, viabilizar o restabelecimento de relações sociais construtivas conducentes ao bom funcionamento da empresa.
A sua intervenção foi muito importante, sobretudo nas soluções apresentadas para resolver as tensões e conflitos
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