Assistente Social Na Saúde Mental
Por: marsilva • 31/10/2015 • Artigo • 13.708 Palavras (55 Páginas) • 409 Visualizações
O processo de trabalho do assistente social com as famílias e usuários do CAPS I em São Domingos do Prata - MG
Nome do autor:Imaculada da Conceição de Souza
Nome do Professor:Roberta Boldrini
Nome do tutor Virtual:Vanessa dos Santos Pozzer
Nome do tutor Presencial:Ana Cristina Araújo Martins
Esse artigo científico fala-se a respeito da saúde mental, importância da família no processo de reabilitação social e sua inclusão no tratamento. Relata-se sobre o trabalho do assistente social frente as expressões da questão social, do seu compromisso com o código de ética, da luta dos mesmos pela busca e garantia de direitos dos usuários. Evidencia-se a respeito das políticas sociais, dos movimentos, da reforma psiquiátrica, das lutas por condições melhores de sobrevivência objetivando por um fim num momento da história que tanto reprimiu a muitos. No surgimento do CAPS e fim da opressão dos menos favorecidos. E por fim chegarei ao contexto vivenciado por mim como futura profissional do serviço social em meu campo de estágio.
Palavras-chave: Questão Social- Inclusão- Família
Introdução
A família exerce uma função primordial no tratamento, ela é o mais importante vínculo de carinho, segurança e amor que pode ajudar no tratamento, proporcionando ao indivíduo uma nova forma de se ver a realidade, ela é de suma importância no tratamento, recuperação e reabilitação social. A participação da família é de extrema importância no tratamento e cuidado dia´rio com o usuário, pois a ela cabe reconhecer a fragilidade de seu ente querido e também um desafio por não conhecer completamente a limitação do seu familiar. A família é a parte fundamental para a evolução satisfatória do usuário no paradigma psicossocial de atenção a saúde mental. Ainda é um desafio promover a participação da família no planejamento e execução do cuidado ao seu usuário, pois a participação ativa requer nova organização familiar, e também aquisição de habilidades e muitas demonstram dificuldades em assumir responsabilidade que lhe cabe no tratamento, por justificar sobrecarga com relação ao usuário. A sobrecarga da família do usuário portador de transtorno mental é grande, a desestruturação familiar, profissional e social, tarefas extras, convivência com comportamentos impróprios são situações as quais a família acaba aprendendo a lidar, mas que causam um grande desgaste físico, emocional e mental . Assim sendo a cada dia através de seu conhecimento o assistente social busca o fortalecimento dos laços familiares e consequentemente reinserção do indivíduo na sociedade.. Realizei o meu estágio no CAPS I - Centro de Atenção Psicossocial – Espaço Vivo que é um serviço de saúde mental aberto, de base territorial destinado ao tratamento de pessoas que sofrem de transtornos mentais severos e persistentes ( psicoses, neuroses graves e demais casos com repercussão importante do comportamento) cuja severidade e ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida. Localizado no município de São Domingos do Prata ( MG ), situado a Rua Antônio Caetano de Souza, n º 43 – Centro- CEP: 35995-000, o CAPS I iniciou suas atividades em 2008.. Tem como objetivo promover a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e sociais.
Tópico I- O trabalho do assistente social frente a depressão vivenciadas no CAPS I, em São Domingos do Prata – MG
“Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade” ( IAMAMOTO, 1998,p.28 ). . A questão social se origina em torno das mudanças econômicas, políticas e sociais ocorridas na Europa no século XIX, que como consequência da industrialização, proporcionaram o surgimento de conflitos e desordens sociais. Ela esta ligada diretamente ao capital e trabalho. Ela é compreendida como conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista, o que resulta na desigualdade da concentração e acumulação de capital, e como consequência o crescimento da miséria da população. Segundo Carvalho e Iamamoto ( 1991,p.77). “ A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do estado. É a manifestação no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, mais além da caridade e repressão”. A partir dos anos 70, com o surgimento das transformações econômicas e sociais resultou no desencandeamento de novas formas de expressão da questão social. Com tantas mudanças vivenciadas, o crescimento da globalização, desigualdade, surge as diversas formas de expressão da questão social tais como: desemprego, aumento da pobreza, violência , depressão, etc... acarretando o aumento da exclusão social. O assistente social na expressão da questão social busca promover a inclusão social que estimule a qualidade de vida e o exercício pleno da cidadania, disponibilizando acolhimento, orientação e apoio. Nesse contexto se insere a atuação do profissional do assistente social nas mais variadas formas de expressão da questão social. Assistente Social convive cotidianamente com as mais amplas expressões da questão social, materia –prima de seu trabalho. Confronta-se com as manifestações mais dramáticas do processo da questão social no nível dos indivíduos sociais, seja em sua vida individual ou coletiva. A questão social tem como traço persistente as desigualdades e injustiças sociais, que atravessam os tempos e as estruturas políticas e econômicas dos países que a compõe. Esse traço é resultante das formas como o desenvolvimento social e o modo de produção capitalista estabelece. A questão social nasce do conflito capital e trabalho e manifesta-se pelas desigualdades sociais e pela resistência dos sujeitos a este processo social de exclusão.Contemporaneamente constituem-se pelas expressões, as repercussões, as implicações na vida das pessoas a partir do contexto, das dimensões política, econômica e social. A participação da realidade social na construção do objeto ocupa suma importância, pois a realidade concreta, real, é decisiva para ao processo de conhecimento e de intervenção e deve ser considerada a historia pessoal e familiar do sujeito. O profissional em seu espaço de inserção, tem a sua atuação voltada ao enfrentamento da questão social, de acordo com sua intervenção no campo de trabalho e a clientela atendida. Assim sendo, o assistente social tem um papel muito importante o de promover a inclusão social do usuário através de uma atenção integral que estimule a qualidade de vida e o exercício da cidadania. O profissional em serviço social passou a integrar a equipe de saúde mental a partir da década de 40. Ele passa a atuar no Centro de Atenção Psicossocial em um trabalho interdisciplinar que visa a reinserção do paciente a sociedade visando a ressocialização do mesmo. O objeto da intervenção do profissional é o segmento da realidade que lhe é posto como desafio, é o aspecto determinado de uma realidade total sobre o qual ira formular um conjunto de reflexões e de proposições para intervenção. Sua construção e reconstrução permanente ocorrem a partir da localização da questão central a ser trabalhada e das idéias que nortearão o processo, isso é, o objeto mostra-se como elemento no processo de trabalho do serviço social, que irá incidir instrumentos com vistas na sua transformação. Neste sentido, o objeto de intervenção não se constrói apenas no aparente, construí-lo exige ferramenta éticas-políticas que imprimem uma direção efetiva e prática profissional. Conforme a sociedade vai se modificando as demandas colocadas a esta profissão também vão se transformando e exigindo desses profissionais que busquem o aperfeiçoamento e aprimoramento das suas técnicas para atendê-las. O assistente social se vê dentro deste contexto com o dilema de intervir de forma eficaz nas diversas expressões da questão social sem ir contra as instituições a qual trabalha, assim no momento de utilizar os instrumentos e as técnicas e fazer seus aprimoramentos. Esses profissionais através de sua instrumentalidade conseguem atender aos interesses da população usuária dos serviços, aos interesses da profissão, aos interesses da instituição bem como seus interesses profissionais mostrando-se um profissional dotado de compromisso e responsabilidade que tem como guia seu código de ética profissional. As várias formas de exclusão social têm uma capacidade patogênica na subjetividade dos indivíduos. A esse profissional diante a demanda cabe buscar a inclusão social e buscar a garantia de direitos dos menos favorecidos. Em seu cotidiano ele realiza atendimento e viabiliza o acesso dos usuários as políticas sociais. Se os problemas sociais podem ser desencadeadores de sofrimentos mentais, na situação de monopolização da ordem econômica e de ajustamentos das ações a globalização financeira, as circunstâncias apontam para o aumento dos padecimentos mentais por conta da alienação das relações sociais de trabalho e vínculos afetivos. Hoje em dia o assistente social inserido na saúde mental depara diretamente com uma expressão da questão social que é considerada o mau do tempo, a depressão. Depressão é um distúrbio afetivo, uma doença que acompanha a humanidade ao longo dos tempos. Ela pode ser originada por diversos fatores, morte, doença de uma pessoa querida, e que com o passar do tempo resultam em fatores maus superados. Ela é uma doença que manifesta em diversos níveis e para cada um exige um tratamento diferente. A depressão pode variar entre grave, moderada e leve, em função da intensidade dos sintomas. A depressão grave incapacita o indivíduo em suas atividades diárias, caracterizando-se por pelo menos duas semanas de humor deprimido ou perda de interesse na maior parte das atividades, com vários sintomas que são acentuados ou angustiantes, como sentimentos de desesperança, desvalia, perda da auto-estima, culpa e desamparo, associados a alterações de apetite e sono, fadiga, retardo, agitação psicomotora, diminuição do desempenho sexual, dificuldades de concentração e raciocínio e pensamentos recorrentes sobre a morte, com ou sem tentativas de suicídio. Na depressão moderada geralmente estão presentes quatro ou mais destes sintomas, onde a pessoa tem muita dificuldade em suas atividades diárias, mas não está totalmente incapacitada como na depressão grave. Por último, a depressão leve caracteriza-se, pelo menos, de dois ou três dos sintomas citados, sendo que o indivíduo consegue aparentemente levar uma vida normal. O ser depressivo perde a vontade a tudo, perde sua auto estima e em muitas das vezes suicidar-se, e com isso há toda uma desestruturação no seio familiar. Muitas vezes há um desejo suicida, às vezes com tentativas de se matar, achando ser esta a " única saída " ou para " se livrar " do sofrimento, sentimentos estes provocados pela própria depressão, que fazem a pessoa culpar-se, sentir-se inútil ou um peso para os outros. Esse aspecto faz com que a depressão seja uma das principais causas de suicídio, principalmente em pessoas deprimidas que vivem solitariamente.
Quando uma pessoa com depressão é encaminhada ao Caps I, aí começa o trabalho, através do acolhimento. O assistente social no acolhimento, através da escuta vai tomando consciência do que gerou aquela demanda, para assim junto com outros profissionais ajudarem ao usuário. Através da entrevista o assistente social passa a ter noção do problema e sua gravidade, dando sequência a elaboração de um projeto terapêutico.Em primeiro lugar é preciso que o usuário consinta em fazer o tratamento. Ao perceber que a equipe que o atende esta realmente atenta a suas questões e quando sua percepção permite estabelecer uma relação de confiança se torna mais fácil dar prosseguimento ao tratamento. Através do tratamento farmacológico, acompanhamento médico, psicológico, o usuário frequentando a oficina terapêutica passa a desenvolver habilidades.
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