CAPÍTULO I - ESTÁGIOS PRÉ-HISTÓRICOS DE CULTURA
Por: Renata Ribeiro • 6/4/2017 • Trabalho acadêmico • 1.719 Palavras (7 Páginas) • 395 Visualizações
CAPÍTULO I - ESTÁGIOS PRÉ-HISTÓRICOS DE CULTURA
De acordo com a concepção materialista, a produção e reprodução da vida imediata (tanto dos meios de existência, como do homem mesmo) são fatores decisivos da história. Esta é a premissa que o autor reconhece e valoriza nos estudos do antropólogo norteamericano Lewis H. Morgan sobre os laços de parentesco entre as tribos indígenas então localizadas no Estado de Nova York, cujas descobertas, segundo Engels, permitiram restabelecer os traços essenciais do fundamento pré-histórico da história escrita, e ainda visualizar, através da gens iroquesa, organizada de acordo com o direito materno, a forma primitiva que originou as gens posteriores, baseadas no direito paterno, encontradas entre os povos civilizados da Antiguidade, como os gregos, romanos, celtas e germanos.
É a partir daí que Morgan introduz uma ordem na pré-história da humanidade composta, basicamente, por três fases: estado selvagem, barbárie e civilização.
2.1 ESTADO SELVAGEM
Fase Inferior – seres arborícolas (Os homens vivam em árvores e permaneciam em bosques, tinham como alimentação: frutos, nozes e raízes. O maior progresso dessa fase é a linguagem articulada.)
Obs: nenhum dos povos conhecidos estava nessa fase primitiva, se acreditamos que o homem vem do reino animal, deve-se aceitar esse estado transitório.
Fase Média – Tem-se a inserção dos peixes na alimentação com a utilização do fogo. Os homens começaram a espalhar-se pelo planeta, tendo como instrumentos paleolíticos para a caça (conhecidos como povos da caça, chegaram a cometer a antropofagia – consumo de carne humana).
Fase superior – Invenção do Arco e Flecha para a caça, e devido à complexidade de construir esses instrumentos, nota-se nessa fase a experiência acumulada e faculdades mentais desenvolvidas. Percebe-se ainda indícios de residência fixa, vasos e utensílios, além disso, habilidade na produção de meios de subsistência.
2.2 BARBÁRIEA
Fase Inferior – Aprende-se a trabalhar com a cerâmica na criação de utensílios. Uma das principais características dessa fase é a domesticação e criação de animais e de plantas. Diferenciação de regiões, entre o continente oriental (chamado de mundo antigo, tinha praticamente todos os animais domesticados e cereis próprios para o consumo) e ocidental (chamado de América, tinha apenas um animal mamífero domesticado – lhama e apenas o cultivo de um cereal).
Fase Média – Cria-se a irrigação das hortaliças, tijolo e pedra nas construções. Formação de rebanho de animais para a utilização do leite e da carne. Devido à “diversificação” de alimentos, diminui a antropofagia (não desaparece por completo, pois era utilizada em ritos religiosos e como sortilégio), e possibilita o desenvolvimento do cérebro.
Fase superior – Inicia-se a fundição do ferro, possibilitando a criação do Arado de Ferro puxado por animais (pertencem aos Gregos, antes da fundação de Roma), tornando possível a agricultura. Os boques são substituídos por terras e pastagens para cultivo, acarretando no aumento da população. Tem-se o início da civilização com a invenção da escrita.
2.3 A CIVILIZAÇÃO
Engels salienta que, naturalmente, Morgan só descreve e caracteriza as duas primeiras fases da pré-história humana e a passagem para a terceira. Verifica-se que uma série de variáveis, como o início da indústria e da arte, a elaboração mais complexa dos produtos naturais pelo homem e a própria invenção da escrita, contribuíram, de forma expressiva, para a transição do período da barbárie para a civilização.
CAPÍTULO II - A FAMÍLIA
Engels procura com base nos estudos de Morgan sobre os iroqueses no estado de Nova Iorque, além de identificar o momento no estágio evolutivo e as condições que permitiram a transformação do macaco em homem, caracterizar os sistemas de parentesco e formas de matrimônio que levaram à formação da família, descrevendo as suas fases, bem como os modelos criados ao longo do processo de desenvolvimento humano.
A invenção do incesto e do ciúme é o passo decisivo na organização da família propriamente dita, mas como, neste estágio primitivo, as relações carnais eram reguladas por uma promiscuidade tolerante (por relações sexuais carnais desenvolvidas numa determinada época em que não havia restrições efetivas impostas pelos costumes sociais) ao comércio sexual entre pais e filhos e entre pessoas de diferentes gerações, não havendo ainda as interdições e barreiras impostas pela cultura, nem relações de matrimônio ou descendência organizadas de acordo com sistemas de parentesco culturalmente definidos, não é possível falar em família nesse período.
Assim, constata-se que as relações sexuais primitivas eram regidas pela promiscuidade e que laços sangüíneos não tinham a menor importância, uma vez que as palavras “pai”, “mãe”, “irmã” e “irmão”, entre outros graus de parentesco como os conhecemos, possuíam valor diferente daquele que lhes é atribuído atualmente.
De acordo com Morgan, durante os três estágios ordenados anteriormente (estado selvagem, barbárie e civilização), foi possível destacar os seguintes modelos de família: Consangüínea, Punaluana, Sindiásmica e Monogâmica
3.1 FAMÍLIA CONSANGÜÍNEA
Caracterizada pelo casamento entre irmãos e irmãs, carnais e colaterais. Isso aconteceu, pois à medida que excluem os pais e os filhos de relações sexuais, os grupos conjugais se classificam por gerações. Foi considerada por Morgan como a primeira e mais antiga forma da instituição familiar.
“Todos os avôs e avós, nos limites da família, são maridos e mulheres entre si; o mesmo sucede com seus filhos, quer dizer, com os pais e mães [...]”
Os pais e filhos, são os únicos que, reciprocamente, estão excluídos dos direitos e deveres do matrimônio.
3.2 FAMÍLIA PUNALUANA
Nesse estágio excluem-se as relações sexuais entre irmãos e irmãs carnais, tendo constituído, agora, uma espécie de matrimônio por grupos nas comunidades presentes na fase selvagem, ou seja, um homem pode casar-se com um grupo de mulheres. (surge a nomenclatura: primos e primas/ sobrinhos e sobrinhas).
Aqui são instituídas e formuladas as gens, ou seja, “[...] um círculo fechado de parentes consangüíneos por linha feminina, que não se podem casar uns com os outros”. Essas gens são instituições comuns, possuidoras de ordens sociais e religiosas que diferem das outras gens da tribo.
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