Cuidado e carinho para os idosos

Os pais são responsáveis por colocar no mundo os filhos e, quando chegam na terceira idade, o desejo da maioria é ter um lar e uma família que cuide e dê atenção. Mas muitos são abandonados pelos próprios filhos, seja em casas de abrigos ou até mesmo na rua.

Estes idosos deixados pelos filhos em casas de abrigo convivem com a esperança de receber um gesto de carinho. Segundo o presidente do Lar de Idosos São Francisco de Assis, Francisco Pereira, alguns filhos trazem os pais que têm a partir de 60 anos e, dificilmente, voltam para visitá-los.

Márcio Victor Nascimento de 73 anos, natural de Pernambuco (RE), veio trabalhar em Imperatriz e foi internado no Lar depois de sofrer um derrame. Pai de cinco filhos, sendo três homens e duas mulheres, é um exemplo vivo de pai abandonado. Márcio diz sentir saudades dos filhos e guarda na memória boas recordações de quando convivia com a família. As fotografias dos filhos e de uma neta de 16 anos são guardadas com carinho. “Tenho mais saudade de quando recebia a benção dos meus filhos, eu ficava alegre e dá vontade de morar com eles, mas fiquei doente e cada seguiu um rumo, tem um morando no exterior, dois no Rio de Janeiro e dois em Recife, minha mulher morreu e hoje estou sozinho”,

Segundo a psicóloga Venúsia Milhomem, existem realmente situações em que os filhos abandonam os pais, porém por mais que o pai não tenha sido o ideal, eles foram os progenitores dos filhos e, por isso, precisam ser cuidados. “O abandono tem a ver com o ponto de vista afetivo e ético, uma vez que se espera receber dos pais aquilo que você foi dado. Na geração dos nossos avós poucos tinham condição de manifestar afeto, e não de ter afeto, porque a criação é diferente, não havia tanta proximidade afetiva”, afirma.

Cuidado e o afeto

Venúsia Milhomem acrescenta, ainda, que um idoso requer cuidado especial como uma criança, já que é difícil cuidar, uma vez que as pessoas têm muitos afazeres, mas o fato de deixar o pai numa instituição e não visitar nos feriados e fins de semana é uma atitude desagradável. “O que observamos ali no Lar São Francisco, são muitos ‘filhos’ (idosos) à espera dos pais buscarem, eles são como uma criança, criam uma fantasia na cabeça e se nutrem delas como: ‘o meu filho está construindo uma casa para vir me buscar’, além de colecionarem fotos”.

A psicóloga lembra que nada justifica o abandono, nem mesmo a condição econômica e afirma que quando um indivíduo larga um pai dá exemplo para o próprio filho. “O abandono não se justifica, nem mesmo a condição econômica, pois tem uma coisa muito preciosa que é o afeto, o carinho, amor, por mais simples que o lar seja, por menos condições que o filho tenha. O lugar que o pai idoso mais deseja ficar é ao lado da família”, finaliza.