Desafios do cotidiano da pesquisa em serviço social
Por: Vitor de Oliveira • 9/12/2018 • Trabalho acadêmico • 1.880 Palavras (8 Páginas) • 236 Visualizações
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FICHAMENTO
UFF- Universidade Federal Fluminense
Serviço Social
Professora: Juliana Bastituta Vale.
Disciplina: Oficina do Conhecimento
Aluno: Vitor de Oliveira Mello
Turma: l2 (Noturno)
Para quê, para quem, como? Alguns desafios do cotidiano da pesquisa em serviço social
Questões introdutórias
O artigo pauta-se em um elemento central que consiste no questionamento diante de alguns desafios que transitam no cotidiano da pesquisa, bem como apresentar alguns instrumentos que são propostos para a gestão de tal processo, no contexto da formação profissional em Serviço Social. Há a defesa da legitimação do ato de pesquisa como estratégia de conhecimento e ação, portanto, integrada no espaço do trabalho de assistente social, corroborando que são essenciais tanto as descobertas no campo teórico, quanto às estratégias práticas de intervenção social nele articulada.
Através de fontes especializadas e versões de profissionais sobre o assunto, os autores iniciam indagando sobre o fazer cotidiano do Assistente Social. É relatada que no ambiente da profissão se discute uma forma de se realizar pesquisa, entretanto, nem sempre se alcança isso na prática da maneira planejada.
Os motivos para esta ineficácia são citados, tais como falta de pessoal, sobrecarga de atribuições ao profissional e falta de recursos. Atrelados a isto, surge outro dilema: como associar a prática da investigação a um mundo de regras tidas como sofisticadas, onde se destacaram falas que os autores classificaram como equivocadas, coma premissa de que pesquisa só se faz no âmbito da universidade, que seria uma coisa para “intelectual”, contrapondo-se aos que estão de maneira direta ligada à realidade social.
Todavia, perante as exigências dos cursos de pós-graduação que frequentavam, os autores ressaltam que os profissionais deveriam construir e realizar projetos e que em alguns casos, predominavam o pensamento de quando se fala em pesquisa, tinha que se pensar em prazos e normas, era um peso e ser carregado, quase que uma obrigação de fazer.
Os autores mantêm um ponto de vista de que há certa burocratização e elitização da pesquisa. Por outro lado, defendem que a classe não quer banalizar a pesquisa, nem enfraquecer seu rigor científico.
Nesse sentido, reforçam o papel realizado dentro da universidade, concernente à produção do conhecimento, ou mesmo na validade e a seriedade dos vários projetos realizados nestas instituições. Mas alertam que a classe dos Assistentes Sociais deve pensar melhor o sentido da pesquisa, e recuperá-los em nosso cotidiano profissional, uma vez que a prática, no entendimento da classe, deve ser construída de forma artesanal.
Devem realizar a prática com fome de descobertas, atrelando razão e sensibilidade, rigor e criatividade, entre outras.
Ocorre uma citação a Humberto Eco que diz a necessidade de encarar uma pesquisa como um desafio, uma caça ao tesouro, algo feito com gosto, percepção que está diretamente relacionada a algumas indagações anteriormente ditas: Para que pesquisamos? Para quem? Como?
Este pensamento é que vai nortear os propósitos da atuação profissional, processo indispensável no campo de atual do Assistente Social, pensar assim, não se trata apenas de avançar nesse sentido, e sim na perspectiva de garantir a unidade entre o saber, o fazer, o saber fazer, e o fazer, apoiado em uma clara concepção do tipo de sociedade que queremos construir.
ALGUNS SENTIDOS DA PESQUISA: Usos e abusos
Diante do turbilhão de informações e pesquisas do mundo globalizado. A questão indispensável é: tipo de resultado as pesquisas produzem? A quem interessam estes resultados? Que uso se faz deles? Em última análise, qual é o sentido da pesquisa? Para quê e para quem se faz pesquisa? Como se pesquisa?
O que está em discussão em um primeiro momento, é uma questão ética. A qual confronta diretamente com a ideologia silenciosa do “Todo Conhecimento é bom”.
Ao perguntar “pesquisa: para quê”, há a intenção de problematizar a função social do conhecimento produzido, o resultado social das investigações dos pesquisadores. Destaca, assim, a importância de considerarmos a que e a quem se destina tal conhecimento e de que forma ele pode ser apropriado por tais sujeitos.
A linguagem possui uma premissa de interferência externa no mundo social e, portanto, não pode ficar aprisionada no seio da comunidade científica; ela precisa ser um canal de interlocução efetiva.
As pesquisas, e mais particularmente os números, vêm se configurando como poderosos elementos de persuasão, uma vez que agregam credibilidade a uma informação, dando-lhe um senso de racionalidade. Diante desta face objetiva, o risco da ‘’Corrupção da Informação” torna-se real, já que conclusões de muitas pesquisas podem refletir, acima de tudo, os interesses de quem as encomendam. Uma clara tentativa de legitimação do conhecimento através de pesquisas que não passam de meros levantamentos de dados e tratam de temáticas banais.
A questão não é ignorar ou menosprezar o valor dos dados estatísticos que usualmente acompanham as pesquisas. Órgãos como o IBGE possuem a sua utilidade. O problema não está, portanto, na pesquisa propriamente dita, mas no uso indiscriminado de tal termo, ou seja, a sua banalização.
O que merece ser destacado é a demanda por observação dos procedimentos utilizados para sua produção, as análises, devidamente sustentadas, de seus possíveis significados, no contexto de uma sociedade que tem uma história, que pulsa a cada dia para várias direções, por vezes, contraditória.
Deve ser questionada a finalidade da produção de tantos dados. Estatísticas que classificam, rotulam e correm o risco de ficarem isolados em cadastros, arquivos ou relatórios. Não basta juntar informações sem problematizar suas causas e possíveis significados.
É necessária uma concepção de pesquisa, onde há um espaço garantido para a indagação inacabada, para movimentos de aproximação sucessiva, onde teoria e dados dialoguem, permanentemente. De maneira cuidadosa e criteriosa, a profissão precisa estar afinada com a ultrapassagem do imediatismo e a sacralização do exercício profissional, retendo o desafio de operacionalizar seu projeto ético-político.
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