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Eixo temático: ciências sociais e filosofia na escola

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Por:   •  12/5/2014  •  Tese  •  2.179 Palavras (9 Páginas)  •  368 Visualizações

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ESCOLA, APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO E COMUNICAÇÃO: PRIMEIRAS REFLEXÕES. Bruno Leardine Souza; Sueli Guadelupe de Lima (orientadora). Faculdade de Filosofia e Ciências. UNESP – Campus de Marília. PIBIC/CNPq.

Eixo Temático: Ciências Sociais e Filosofia na Escola

Introdução

Este presente texto resulta da pesquisa Ciências Sociais na Escola — desenvolvida junto ao Núcleo de Ensino realizada em nível de graduação como parte das atividades da bolsa PIBIC — e tem como objetivo central refletir sobre a função da escolar em nossa sociedade, bem como o trabalho desenvolvido no seu interior no sentido estrito das relações de ensino-aprendizagem que ali ocorrem.

A complexidade dos problemas sociais na sociedade contemporânea implica investigar as instituições desvelando suas relações, especialmente aquelas que acontecem em seu interior, construídas em seu cotidiano, alimentando, dialeticamente, as relações macro-micro, social/indivíduo. Buscar ferramentas que possam desconstruir naturalidades sociais tidas como elementos constitutivos permanentes das relações se fazem necessárias como desafio sociológico e político, para aqueles que têm na escola um objeto de estudo e de atuação.

Clássicos da Sociologia (CÂNDIDO, 1983; FERNANDES, 1989) brasileira já alertavam, décadas atrás, sobre a importância em analisar a escola como uma instituição viva, composta por agentes sociais que em suas relações refletem o real, o social em sua dimensão maior, mas também expressam a especificidade de suas relações mais imediatas, diretas, que se confrontam diariamente com geral. Desse modo, entender o papel da escola, com suas limitações e possibilidades na sociedade atual, se torna imprescindível para superar dificuldades imediatas e também estruturais na educação atual.

Escola e sua função social

A escola, hoje, vem sendo socialmente questionada pela não concretização do processo ensino-aprendizagem, ou seja, pela não socialização do conhecimento, tarefa histórica dessa instituição no capitalismo. Esse problema se tornou crônico, levando a sérias conseqüências sociais, bem como pedagógicas. Vários fatores sociais interferem diretamente como: baixos investimentos na educação, má formação de professores, sucateamento da infraestrutura escolar, crescimento da desigualdade social, a intensificação do processo de mercantilização da educação. Essas questões de ordem mais macrosocial indicam a necessidade da abordagem sociológica do problema, pois estas interferem diretamente no cotidiano escolar, comprometendo significativamente a possibilidade de socialização do conhecimento. Segundo Mendonça

a qualidade da educação requer a articulação entre teoria e prática, inserindo na atividade pedagógica a intencionalidade do processo de humanização de todos os atores nela envolvidos. Além disso, sem a teoria não há compreensão da prática e de seus problemas, e sem a prática não há como se apropriar do real e transformá-lo (MENDONÇA, 2006, p.203).

No excerto acima, Mendonça (2006) não apenas explicita qual papel social que a escola deveria cumprir na sociedade contemporânea, mas também como deve ocorrer a relação ensino-aprendizagem na escola. Portanto, põe à luz desta análise dois desafios distintos embora congruentes: o primeiro, o sociológico que se traduz na análise do real e de suas múltiplas determinações; o segundo, pedagógico, pois entra no âmbito das atividades sistematizadas e intencionalizadas para um determinado fim, a saber, a continuidade do processo de humanização do indivíduo na escola.

Entender educação como processo de humanização abre possibilidades para apreensão da realidade educacional e intervenção em suas diferentes dimensões, visando a superar o impasse da não socialização do conhecimento, isto é, da não objetivação do processo de ensino-aprendizagem.

Educação como processo de humanização

Mas afinal em que consiste educar na perspectiva humanizadora? Assim esclarece Oliveira

Educar não é somente educar sujeitos para esta sociedade, mas sujeitos que a transformem, tendo em vista determinados valores que sintetizem as possibilidades já existentes historicamente de o homem humanizar-se e que, como tal, caracterizam o ser do homem enquanto síntese das múltiplas determinações. Saviani não vê a educação como um processo que produz diretamente a transformação social. A educação não transforma imediatamente a sociedade. Ela transforma de forma mediatizada. Isto é, o processo de transformação que se dá pela educação refere-se não ao processo de transformação ao nível das condições materiais da estrutura social em que vivemos, mas ao nível da transformação das consciências. E as consciências são os sujeitos que atuam na prática social. E será o conjunto da prática social que gerará a transformação da sociedade. Mas é preciso também considerar, ao mesmo tempo, que essa transformação das consciências pela educação não se dá de forma inteiramente autônoma. Não é um processo independente das determinações sociais, mas uma prática determinada pelas estruturas sociais e econômicas, uma prática que não se dá independente da situação vigente, uma prática que se processa dentro das circunstâncias possíveis já existentes na sociedade marcada pelas relações de dominação. (...) Saviani procura mostrar como, já nessa sociedade em que vivemos, é possível atuar na educação tendo como meta não-imediata a transformação social, uma meta mediatizada pela transformação das consciências. (...) E é nesse contexto que defende a universalização da educação escolar e, por conseqüência, a busca de construção de uma Pedagogia histórico-crítica. (OLIVEIRA, apud GIARDINETTO, 2006, p. 94)

O fenômeno educativo compreende-se, portanto, dentro de um processo historicizado que cria o que Marx (1985) chamou de corpo inorgânico. Este processo histórico social educativo é o responsável pela criação de uma realidade não mais natural, mas sim, uma realidade humanizada. Tal processo humanizador da realidade torna o mundo natural, um mundo humano, a dizer, o homem dá significado a objetos naturais, tornando-os signos passíveis de sua compreensão e objetivação. “O homem objetiva neles qualidades humanas”. (DUARTE, apud GIARDINETTO, 2006, p.87)

O que se chama desenvolvimento histórico não é outra coisa senão o processo através do qual o homem produz a sua existência no tempo. Agindo sobre a natureza, ou seja, trabalhando, o homem vai construindo o mundo histórico, vai construindo o mundo da cultura, enfim, o mundo

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