FUNDAMENTOS HISTÓRICOS-TEÓRICO- METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL II
Por: Andressa Ramalho • 2/7/2019 • Resenha • 3.873 Palavras (16 Páginas) • 280 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DOMÉSTICA
CURSO: SERVIÇO SOCIAL
DISCIPLINA: SES114- FUNDAMENTOS HISTÓRICOS-TEÓRICO- METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL II
ALUNA: ANDRESSA DE PAULA RAMALHO
MATRÍCULA:94584
A obra " Ditadura e Serviço Social", produzida por José Paulo Netto, tem o objetivo de tornar mais nítida a compreensão do processo de renovação do Serviço Social ao transpassar pelo período da Ditadura civil- militar, que esteve em vigência no Brasil entre 1964 e 1985, e suas implicações nas conjunturas econômica, política, cultural, social e educacional no Brasil. O primeiro capítulo da obra centra- se em apresentar a emergência e desdobramentos sócio históricos do chamado Golpe de abril na sociedade brasileira.
Para um discernimento melhor acerca da consolidação da autocracia burguesa e do golpe de abril, é necessário estar a par do cenário mundial daquela época, a Guerra Fria, cuja extensão foi do período pós- Segunda Guerra Mundial à supressão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS.
A Guerra Fria se consolidou como um período de conflitos de cunho ideológico, político, econômico, tecnológico e militar entre duas e grandes influentes nações, os Estados Unidos e a União Soviética. A busca por zonas de influência para conseguir suster e ampliar sua dominação e hegemonia no mundo foi uma das razões para os Estados Unidos se alinharem a Governos Nacionais mais suscetíveis a se permeabilizar por seu forte influxo. Adentrando nos contextos da Guerra Fria, nota-se duas Revoluções de cunho socialista que são fundamentais para elucidar o porquê do exercício dos Estados Unidos para com países subalternos latino-americanos.
Essas revoluções foram a Revolução Cubana e a Revolução Chinesa, ocorridas na década de 50, ambas de cunho socialista. Estas exerceram um grande desdobramento no cenário internacional, inclusive, incomodando os Estados Unidos, que tinha medo de que sua hegemonia capitalista fosse suplantada pelos ideais socialistas.
Adentrando na dinâmica nacional, infere-se um quadro presidencial composto por João Goulart, cujo objetivo era de instaurar as reformas de base no Brasil, cuja consistência era de ampliar os direitos da população. Em razão das reformas de base pretendidas por João Goulart, os Estados Unidos, com medo da ameaça comunista (Inclusive, dizia- se que o Brasil viraria outra Cuba) e da perda de sua hegemonia, financiaram um processo de pressão, forte divulgação por meio dos veículos midiáticos e fomentação de uma oposição a Goulart chamado Contrarrevolução preventiva.
A Contrarrevolução preventiva não se restringiu ao Brasil, os Estados Unidos conseguiram concretizar outras ditaduras nos países latino-americanos.
Havia-se três finalidades:
- Coagir os setores políticos que eram suscetíveis a não se permeabilizarem pelo influxo capitalista internacional e por essa subalternização do Brasil;
-Adaptar a estrutura de desenvolvimento nacional à circunstância econômica capitalista a fim de aprofundar mais ainda a internacionalização do Capital. Tal fenômeno consolidaria uma maior heteronomia aos monopólios intencionais. Além disso, o capital ficaria mais concentrado nas mãos de uma pequena burguesia nacional, que já estava articulada à burguesia internacional;
-Impulsionamento dos setores que, de certa forma, estimulavam uma luta contra eventos que tivessem cunho socialista ou revolucionário, como a Marcha da família com Deus pela liberdade.
A contrarrevolução preventiva mostrou seus resultados a partir da segunda metade da década de 60, sendo eles: A estruturação econômica brasileira conforme os interesses capitalistas internacionais. Não houve mudança na configuração econômica anterior, o sistema capitalista apenas plastificava tal estrutura; Omissão da esfera política que pretendia assegurar projetos nacionais-populares e democráticos.
A contrarrevolução preventiva não um processo cuja explicação está apenas nas articulações do Brasil com o monopólio internacional. O fato de o Brasil sempre estar subordinado é algo que está fundido na estrutura nacional.
Para começar, o Brasil sempre teve suas atividades econômicas centradas para abastecer os países externos. As riquezas de países europeus estão bastante atreladas às ações que realizaram no Brasil, o processo de colonização. Com base nesse processamento de estruturação brasileira, nota-se três fenômenos que estão associados:
- Consegue realizar sua ação desestruturadora por meio da repressão de agências que manifestam os interesses das esferas consideradas subalternas;
- A omissão da esfera popular dos processos políticos tal qual houve na formação social brasileira. A consideração das classes dominantes no que diz respeito à tomada de decisões no segmento político. As classes subalternas eram despojadas de tal processo.
- O Estado sempre desempenhou um forte vínculo com as agências da sociedade civil. Sua força sempre exprimiu uma opressão às esferas que, de alguma forma, manifestassem vontades coletivas e projetos societários.
Outros processos como o desenvolvimento tardio do capitalismo, decisões políticas que consideram apenas as camadas mais altas da sociedade são fundamentais para depreender a formação sócio histórica brasileira.
Com Goulart na presidência, forças que se empenhavam para com as classes subalternas se defrontavam com as forças conservadoras presentes no Legislativo, evidenciando essa repulsa da classe alta às classes a ela subordinadas.
A função executada pelo golpe de abril foi, claramente, para impossibilitar que houvesse mudanças na estruturação político-social e , posteriormente, resultassem na consolidação de um contexto pré-revolucionário, ou seja, o que os Estados Unidos ambicionavam para o cenário brasileiro. Quando isso ocorre, Washington trabalha abertamente para derrubar o governo hostil aos seus interesses, reeditando a chamada teoria do dominó, ou seja, a suposição de que a instalação de um regime esquerdista em um determinado país contagiaria rapidamente toda a vizinhança e levaria à ascensão de uma série de governos antiamericanos naquela área geográfica (Rossi, 1987: 64) . Aos olhos dos Estados Unidos, a mais ligeira insinuação
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