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Filosofia e Psicanálise

Por:   •  26/4/2015  •  Trabalho acadêmico  •  6.791 Palavras (28 Páginas)  •  172 Visualizações

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O DESEJO E A ANGÚSTIA EM TEMPOS DE CAPITAL FETICHE

Taismane Clarice Coimbra Ricci Schiavo[1]

RESUMO

Este estudo foi construído enquanto proposta de trabalho conclusivo do curso de Especialização em Filosofia e Psicanálise, ministrado pelo Neaad/UFES entre o biênio 2010-2011. Partindo dos pressupostos contemporâneos de valorização do capital e do consumo, de desidentidade do gênero humano e de naturazilação das desigualdades sociais, o presente artigo tem por objetivo discutir os efeitos das implicações mercadológicas sobre o mecanismo do desejo e o enfrentamento da angústia na Contemporaneidade. Utilizando como estratégia metodologógica a pesquisa bibliográfica, foi estruturada uma revisão de literatura a partir de importantes preceitos psicanalíticos e filosóficos, indicando a necessidade do indivíduo em compreender-se enquanto sujeito existencialmente livre e pensante, necessário de angústia e movido pelo desejo, para então ser capaz de história própria, com vistas a dirimir as consequências negativas impostas pela fetichização do capital.

Palavras-chave: capital fetiche; psicanálise; existencialismo; angústia; desejo.

ABSTRACT

This study was constructed as a proposal for concluding work of the Specialization Course in Philosophy and Psychoanalysis, taught by Neaad / UFES between the biennium 2010-2011. Based on the assumptions of contemporary capital appreciation and consumption of the human race nonidentity and become natural social inequalities, this paper aims to discuss the effects of marketing implications on the mechanism of desire and anguish in the face of the Contemporary. Using a strategy methodology bibliographical research was a structured literature review of important precepts from psychoanalytic and philosophical, indicating the need to understand the individual as a subject is existentially free, thinking, of anguish and need driven by the desire to then be able to its own history, in order to resolve the negative consequences imposed by the fetishization of capital.

Keywords: capital fetish, psychoanalysis, existentialism, grief, desire.

INTRODUÇÃO

A atual mundialização da economia tem imprimido uma expansão da face financeira do capital, onde grupos industriais e instituições financeiras buscam pelo aumento ilimitado da riqueza. Nesta perspectiva, a relação social do capital com o trabalho tornou-se aparentemente invisível, repercutindo no aprofundamento da alienação da sociedade quanto ao agravamento da questão social e de suas expressões.

Segundo Ricardo Antunes (1998), uma série de inferências negativas foram provenientes desse novo padrão, tais como o aprofundamento do desemprego estrutural, a afirmação do processo de criação e valorização do capital (pensar e agir para o capital), e a desidentidade entre indivíduo e gênero humano.

Logo, os indivíduos têm sido estimulados a pensar e a agir a partir de uma perspectiva globalizadora em que tudo seria possível ao ser humano, mesmo que a moral e a ética fossem deixadas de lado para se alcançar os objetivos de uma sociedade altamente consumista e exigente quanto aos padrões de corpo, alma, relações sociais e riquezas. Assim, a lógica vigente é a do consumo, e não a da identidade.

Em outras palavras, com o predomínio do capital fetiche emergiu uma banalização, ou melhor, uma subordinação daquilo que é inerente ao ser humano, ao dinheiro e à mercadoria. O resultado disso, além da submissão das necessidades humanas ao poder das “coisas”, foi a naturalização das desigualdades sociais (IAMAMOTO, 2008).

Deste modo, as políticas públicas, ao estarem submetidas à lógica financeira, foram redimensionadas pelas tendências de privatização. Os programas sociais, por sua vez, sofreram com a recorrência de cortes nos gastos públicos, tendendo sua focalização à pobreza. Os serviços sociais públicos começaram a se deteriorar, antes mesmo de se efetivarem enquanto política contínua, totalizante e pregressa.

Não obstante, grande parte das respostas produzidas buscam coletivizar as repercussões causadas por este paradigma alienante, não considerando, muitas vezes, as graves implicações no que diz respeito à subjetividade humana.

Diante deste panorama, haveria alguma possibilidade de rompimento com esse processo de universalização da subjetividade? Conforme já questionado pelo Prof. Alberto Murta (2011, p. 2), “Qual a conseqüência do avanço do discurso capitalista sobre a ideia de sujeito?”

Nesse sentido, afere-se que, ao assumir a Psicanálise enquanto ciência filosófica que trata as neuroses a partir de uma peculiar reflexão sobre os fenômenos sociais e políticos, é possível promover o rompimento da universalização da questão social, evidenciando a responsabilidade do indivíduo na consolidação de sua liberdade em tornar-se autor de sua própria existência, sujeito de sua própria história, apropriando-se de seu mecanismo de desejo-angústia como estratégia diferenciada no enfrentamento da fetichização na Contemporaneidade.

Portanto, tendo como aporte teórico-prático os preceitos psicanalíticos e filosóficos, e como desenho metodológico pesquisa bibliográfica concisa e/ou revisão de literatura, ao refletir acerca das implicações mercadológicas sob os mecanismos de desejo e angústia, este traballho objetiva demonstrar que o indivíduo necessita compreender-se enquanto sujeito existencialmente livre e pensante, necessário de angústia e movido pelo desejo, para então ser capaz de história própria e dirimir as consequências negativas impostas pela fetichização do capital.

Especificamente, este estudo pretende: (a) apresentar o cenário do Capitalismo no séc. XXI, ratificando o processo de fetichização do capital e das relações sociais; (b) refletir acerca das especificidades do caso brasileiro neste processo de flexibilização da acumulação e regressão dos direitos sociais e das políticas públicas; (c) considerar a recíproca Filosofia-Psicanálise enquanto estratégia de enfrentamento à lógica mecanicista e mercadológica; (d) evidenciar a responsabilidade do sujeito na construção e na consolidação de seu posicionamento e papel social.

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