Instrumentalidade do trabalho do assitente social
Por: camilaacre • 22/9/2015 • Trabalho acadêmico • 3.754 Palavras (16 Páginas) • 368 Visualizações
Resumo sobre a instrumentalidade no trabalho do Assistente Social (YOLANDA GUERRA)
A instrumentalidade no exercício profissional refere-se, não ao conjunto de instrumentos e técnicas, mas a uma determinada capacidade ou propriedade constitutiva da profissão, construída e reconstruída no processo sócio-histórico. A instrumentalidade é definidora das características e qualidades de uma profissão e se concretiza enquanto a mesma alcança seus objetivos, sendo assim se dá num movimento dialético que é constitutivo da profissão e se desenvolve através do processo teleológico do trabalho humano. O trabalho, uma vez constituído de sua instrumentalidade, é explorado pela ordem burguesa que toma o homem seu instrumento. Com o desenvolvimento do capitalismo e o crescimento das demandas sociais por parte da classe proletária, o Estado se via cada vez mais interferindo nesta chamada Questão Social, que passou a necessitar de uma abordagem mais profissional e sistematizada, assim nasce o Serviço Social e se desenvolve a sua instrumentalidade. Uma vez que nasce no bojo do capitalismo monopolista, o Serviço Social desempenha um papel que lhe é dado por um Estado e instituições comprometidas com a ordem burguesa. Assim sendo o assistente social possui duas instrumentalidades, aquela que faz referência ao projeto capitalista e a que é produto das respostas profissionais, nesta ultima a profissão é concebida segundo suas práticas e respostas, limitando-a ao seu caráter operativo-instrumental. Entretanto há ainda um terceiro teor da instrumentalidade, o de que ela seria uma mediação. Enxergar a instrumentalidade do exercício profissional como uma mediação é perceber a mesma enquanto “razão dialética” e não meramente instrumental, significa sair de um caráter somente operativo e técnico, para um que seja crítico e competente. Como mediação, a instrumentalidade permite também o movimento contrário: que as referências teóricas, explicativas da lógica e da dinâmica da sociedade, possam ser remetidas a compreensão das particularidades do exercício profissional e das singularidades do cotidiano. Reconhecer a instrumentalidade como mediação significa tomar o Serviço social como totalidade constituída de múltiplas dimensões: técnico-instrumental, teório-intelectual, ético-político e formativa (Guerra, 1997), e a instrumentalidade como uma particularidade e como tal, campo de mediação que porta a capacidade tanto de articular estas dimensões quanto de ser o conduto pelo qual as mesmas traduzem-se em respostas profissionais. No primeiro caso a instrumentalidade articula as dimensões da profissão e é a síntese das mesmas. No segundo, ela possibilita a passagem dos referenciais técnicos, teóricos, valorativos e políticos e sua concretização, de modo que estes se traduzam em ações profissionais, em estratégias políticas, em instrumentos técnico-operativos. Em outros termos, ela permite que os sujeitos, face a sua intencionalidade, invistam na criação e articulação dos meios e instrumentos necessários à consecução das suas finalidades profissionais.
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