O Impacto do conceito de Cultura sobre o conceito de Homem

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL

Naharle Daccache Vianna de Oliveira^[1]

GEERTZ, Clifford. O impacto do conceito de Cultura sobre o conceito de Homem. In: A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

GEERTZ, Clifford. O mundo em pedaços: cultura e política no fim do século. In: Nova luz sobre a Antropologia. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

Clifford James Geertz é professor emérito do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton – Nova Jérsei, nos Estados Unidos, é na antropologia contemporânea um dos mais renomados. Após a segunda metade do século XX é certamente depois de Claude Lévi-Strauss o antropólogo cujas ideias mais impactaram, não somente em sua área como também fora dela.  È considerado fundador de uma das vertentes da antropologia contemporânea – a "hermenêutica".

Partindo da busca pelo homem no conjunto de seus costumes e diante do fato de que este possua traços culturais locais essenciais (consensus gentium) e não essenciais à sua existência, Clifford Geertz rejeita esta percepção estruturalista e através deste texto demonstra que a cultura estrutura a organização das sociedades, desde que o homem tornou-se capaz de aprender e transmitir conhecimentos.

Através de uma analise das dimensões culturais, neste capitulo em especial a cultura política, o autor propõe que padrões culturais – poder e submissão – direcionam e controlam o homem, onde “a cultura é melhor vista não como complexos de padrões concretos de comportamento — costumes, usos, tradições, feixes de hábitos —, como tem sido o caso até agora, mas como um conjunto de mecanismos de controle [...] para governar o comportamento e que o homem é precisamente o animal mais desesperadamente dependente de tais mecanismos de controle, extragenéticos, fora da pele, de tais programas culturais, para ordenar seu comportamento.” (Geertz, 2008:32-33).

Como num quebra-cabeça “o mundo em pedaços” vem complementar a busca pela compreensão sobre questões universais da teoria política tais como o poder, a obrigação, a justiça e o governo, neste texto Geertz destaca aspectos como a diversidade, o pluralismo e indaga sobre como num mundo tão multifacetado surge à identidade política, social ou cultural? Em que se fundamenta o suposto modelo de afinidade mental mundial? O que define uma nação ou um país? O que é a cultura se não é um consenso?

Geertz faz um paralelo entre a evolução dos conceitos acima e o desmonte do mundo, uma interação entre as diferentes culturas postas dentro de um mesmo país, que se apresentam cada vez mais globalizados e divididos, e conclui dizendo que a questão cultural que se apresenta não é de relativismo, mas sim, de buscar mais ouvir que simplesmente escutar o outro, de tentar compreende-lo, diante da certeza de que a realidade esta em constante movimento.

O autor utiliza uma linguagem de fácil compreensão, porém suas colocações são próprias para sua área de saber, principalmente no que se refere às referencias que nos traz. O que mais se evidencia nos textos é seu caráter pesquisador e bastante crítico, fatos estes que incentivam a leitura e a busca pelo saber.

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