O Movimento de reconceituação 40 anos depois, José Paulo Netto, revista Serviço Social&Sociedade, nº 84 – ano XXVI - novembro de 2005
Por: 182214 • 4/12/2017 • Resenha • 1.714 Palavras (7 Páginas) • 3.566 Visualizações
O movimento de reconceituação 40 anos depois, José Paulo Netto, revista Serviço Social&Sociedade, nº 84 – ano XXVI - novembro de 2005
José Paulo Netto é conhecido e respeitado por sua trajetória pessoal e política. É doutor em Serviço Social pela PUC-SP, tem experiência docente, trabalhou em Portugal – país que o recebeu no exílio –, na América Central, Argentina e Uruguai. Ensaísta competente, frequentemente nos brinda com textos tanto no Brasil como no exterior.
Aguerrido intelectual marxista, na melhor tradição do marxismo clássico, José Paulo Netto busca compatibilizar sua produção teórica com um intenso engajamento na luta das ideias de seu tempo. É professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e tem vínculos com outras instituições de ensino do país e exterior. Fora dos meios acadêmicos, tem atuação destacada junto à Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), centro de estudos e debates vinculado ao MST.
Incansável divulgador do marxismo crítico no Brasil, é responsável por traduções de textos de autores clássicos como Marx, Engels, Lênin e Lukács, autor em que se destaca como um de nossos maiores especialistas. Portanto, convém mencionar umas de suas vastas obras, seu imprescindível “Capitalismo monopolista e Serviço Social” (São Paulo: Cortez, 2006) “Ditadura e Serviço Social” (São Paulo: Cortez, 2004), assim como trabalhos de fôlego teórico e político como em “Capitalismo e reificação” (São Paulo: Ciências Humanas, 1981) e “Marxismo Impenitente” (São Paulo: Cortez, 2004). Recentemente, em coautoria com Marcelo Braz, produziu “Economia Política – uma introdução teórica” (Cortez: São Paulo, 2008)........................................
Em primeira análise, nota-se que o artigo analisado tem a finalidade de abordar o movimento de reconceituação e seu desenvolvimento crítico no Serviço Social, que há 40 anos deixou sua marca histórica no Serviço Social. Netto elabora esse trabalho com a intenção de propor a reflexão das novas gerações de assistentes sociais que não possuíram o privilégio de participar de tal movimento, relatando assim, alguns elementos para compreender e avaliar as conquistas da reconceituação, assim como a contextualização política que abortou o seu desenvolvimento........................
O movimento de reconceituação aconteceu nos países latinos americanos, constituiu um movimento de crítica ao positivismo e ao funcionalismo e a fundamentação da visão marxista na história e estrutura do Serviço Social. No entanto, a reconceituação está intimamente ligada ao circuito sociopolítico latino americano da década de 1960 e profere à crítica ao serviço Social tradicional por meio de lutas de classes, reivindicações dos trabalhadores, movimentos sociais e estudantis, dessa forma, há a ruptura com o Serviço Social tradicional e conservador que viabiliza uma possibilidade de uma nova identidade profissional surgir........................................
Entretanto é a partir da luta dos assistentes sociais que se colocavam frente às questões sociais, que aconteceu uma união contra o tradicionalismo, o que os profissionais queriam eram contribuir profissionalmente para as mudanças sociais, que vieram ocorrer de duas formas: como uma adaptação de projetos desenvolvimentistas de planejamento social e a ruptura do trabalho profissional ultrapassado, de modo que houvesse uma sintonia entre a profissão e os projetos de exploração e dominação. Esses segmentos se dividiram posteriormente em dois blocos que foram: os reformistas- democratas e os radical-democratas. A reconceituação então, desenvolveu alternativas de ruptura com o tradicionalismo nos planos metodológico-interventivo e político-ideológico.
No entanto Netto aborda em seu trabalho a perspectiva modernizadora, que tem empenho no sentido de adaptar o serviço social como instrumento de intervenção para aplicar estratégias no desenvolvimentismo do capitalismo e às exigências postas pelos processos sócio-político surgidos na ditadura, ápice da formulação ideológica modernizadora, a principal característica desta perspectiva modernizadora é o seu papel acrítico à ordem societária capitalista, tendo como preocupação aperfeiçoar as técnicas, instrumentos e apropriação das referências positivistas para atender as demandas sociais. Já a reatualização do conservadorismo aponta para uma vertente que recupera os elementos extraídos na origem da história da profissão, apresentando uma autoafirmação e autojustificação com a negação do positivismo dominante e do marxismo dialético, assumindo a corrente fenomenológica distanciando-se da ideologia positivista da ditadura. Já a intenção de ruptura do serviço social se manifesta com o propósito de romper com suas origens teórico-metodológicos do pensamento conservador e positivista, e com os padrões interventivos e reformista. Sobretudo, a reconceituação marcou de forma definitiva o serviço social latino-americano.
Assim, é possível afirmar que o Movimento de Reconceituação do Serviço Social teve por objetivo a construção de um perfil profissional mais crítico, para uma melhor orientação e redimensionamento do exercício profissional do Serviço Social. O Movimento foi um marco histórico do Serviço Social, pois é através dele que se pensou um novo modelo de atuação, porque anteriormente o Serviço Social era visto como assistencialista, ou seja, Movimento de Reconceituação vem justamente para isso, ampliar o conceito desse novo modelo da atuação do serviço social, que é viabilizar os direitos de todo ser humano..........................................................................................
Segundo Netto a principal conquista do Movimento de Reconceituação foi à recusa dos assistentes sociais em caracterizar-se exclusivamente em agentes técnicos executor das políticas sociais. Através do processo de requalificação principalmente com a introdução destes profissionais no âmbito da pesquisa acadêmica foi possível romper com a “divisão consagrada de trabalho entre cientistas sociais (os teóricos) e assistentes sociais (os profissionais da prática). Entretanto, apesar de todo esforço teórico-político para sintonizar o Serviço Social com uma racionalidade crítico dialética, ainda era possível identificar alguns equívocos, limites e contradições da profissão neste período. Afinal Netto deixa claro que o deslocamento do “serviço Social tradicional” por viés desenvolvimentista-modernizante
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