O Pensamento Durkeimiano

Os indivíduos possuem personalidades diferentes, e mesmo assim são unidos; não vivem brigando, em guerra. Para haver esse consenso, não é o homem que se sobrepõe à sociedade, e sim, a sociedade que se sobrepõe para manter a ordem e a vida coletiva. O homem é moldado pela sociedade; ela age sobre todos, fazendo-os interagir.

Através de algo exterior aos seres humanos, que é geral e coercitivo – o fato social. Existem questões que já estão prontas e são repassadas; que funcionam independente da vontade humana e vão, de alguma forma, atuar sobre as pessoas. São essas regras prontas de convívio, e não leis estabelecidas por regulamentos, mas sim hábitos que o homem agrega para si, que são fatos sociais – que existiam antes do nascimento do indivíduo e continuam existindo porque ele não interfere nisso.

Regras gerais e também coercitivas, pois se aquele fenômeno não for cumprido, a pessoa é punida. A coerção do fato social não é violenta, e sim opressora, que impõe padrões de comportamentos, por isso é tão sutil; e o homem adere, muda seu comportamento para se adequar ao ambiente. Quanto mais a coerção é sutil, mais o homem pensa ser livre, mas não é; a real intenção não é obrigar, e sim fazer pressão até o indivíduo mudar e se adequar.

Há dois tipos de coerção: a legal que parte de uma lei, e deve ser cumprida socialmente, caso contrário o indivíduo é punido. As leis existem para organizar a vida social, estabelecer uma ordem numa sociedade que está crescendo cada vez mais, e outras são criadas conforme a demanda de organização. E a coerção social que é muito mais tênue, porque está implícita na mente da pessoa; quando ela tenta transgredir o padrão estabelecido, sofre uma pressão moral, fazendo-a desistir de ser diferente e seguir as normas.

A pressão é para padronizar os seres humanos, fazê-los todos iguais, porque assim é muito mais fácil organizar a vida social. Quem não respeita as regras não consegue mais interagir socialmente; será afastado, excluído da vida coletiva onde a regra é respeitada.

Logo, fato social é tudo aquilo que realiza uma coerção, que pode ser fixa por longo tempo, ou se alterar ao longo do tempo, mas que existe no geral, em toda extensão da sociedade, e que tem uma vida independente da vontade humana. Ele é imposto porque para a pessoa interagir, precisa conhecer e fazer uso dele.

Segundo Durkheim, a sociedade comanda a vida social; o que predomina na consciência coletiva e faz o homem viver em harmonia são as regras incorporadas de geração para geração. Essas regras existem independente da vontade humana, elas são únicas para todos, senão, não existiria ordem.

Num espaço coletivo, a consciência coletiva está presente. Os indivíduos têm consciência dos valores em torno das regras, assim podem interagir. À medida em que a consciência coletiva vai ficando mais tênue, significa que essas regras não são mais compartilhadas pela maioria; não é mais apenas um indivíduo que está infringindo as regras de conduta, mas vários. As imposições estão enfraquecidas, por isso a sociedade está se desintegrando.

Se a consciência coletiva está fragilizada, a forma de ver a sociedade não é mais de uma única maneira, e não haverá como manter a interação em harmonia - será mais frequente o rompimento de regras, consequentemente, os conflitos, as crises e