O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS TRANSFORMAÇÕES CONTEMPORÂNEAS: reflexões preliminares para interpretação das metamorfoses dos processos de trabalho
Por: luzinetefrazao • 20/3/2017 • Artigo • 4.066 Palavras (17 Páginas) • 308 Visualizações
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS TRANSFORMAÇÕES CONTEMPORÂNEAS: reflexões preliminares para interpretação das metamorfoses dos processos de trabalho[pic 1]
Eixo temático:
Contexto latinoamericano: transformaciones contemporáneas e implicancias em los Proyectos Académicos Institucionales en Trabajo Social.
Sub-eixo:
Las relaciones Estado-mercado-sociedad y sus implicancias en los Proyectos Académicos Institucionales.
Luzinete Frazão[1]
RESUMO
Este artigo trata-se de um estudo exploratório sobre as empresas capitalistas, no intuito de buscar compreender como o exercício do profissional do Serviço Social é afetado pelas mutações do processo de produção capitalista, na atual reestruturação produtiva. O capitalismo é aqui entendido a partir da concepção marxiana, como uma categoria histórica, uma forma específica do desenvolvimento das relações entre os seres humanos para produzirem e reproduzirem a sua subsistência, na relação intrínseca com a natureza, a partir da qual se constroem relações sociais baseadas em classes (burguesia e proletariado – classes fundamentais), e numa superestrutura correspondente.
Palavras-chave: Serviço Social; Reestruturação Produtiva; Neoliberalismo.
ABSTRACT
This article this is an exploratory study of the capitalist enterprises, in order to try to understand how the exercise of professional social work is affected by changes in the capitalist production process, the current restructuring process . Capitalism is here understood from the Marxian conception , as a historical category , a specific form of the development of relations between human beings to produce and reproduce their livelihoods , the intrinsic relationship to nature , from which to build social relations based classes ( bourgeoisie and proletariat - basic classes ) , and a corresponding superstructure.
Keywords: Social Work; Productive restructuring; Neoliberalism.
1 INTRODUÇÃO
O capitalismo pode ser caracterizado como um modo de produção que se baseia na existência de classes sociais antagônicas, apropriação privada dos meios de produção, produção coletiva da riqueza social e apropriação privada, subordinação do trabalho ao capital, mercado como mediador da produção e reprodução social e o valor mediando o intercâmbio entre os produtos do trabalho humano. Conforme Marx (1998), a produção e a reprodução da riqueza é um processo social, posto que se efetiva por intermédio das relações sociais, que são geradas e recriadas no interior do amplo processo da produção social. Assim, entendemos o processo de produção e acumulação de capital como um processo de reprodução ampliada do valor e das relações entre as classes sociais.
Nesse sentido, a sociedade capitalista, pelas suas contradições essenciais é alimentada pela exploração de uma classe sobre a outra, e por isso são inevitáveis as contradições e injustiças. Além disso, tais contradições conduzem o sistema a enfrentar crises permanentes (estrutural e cíclicas).
As crises são intrínsecas à existência do capital. O capitalismo tem como imperativo a permanente acumulação de capitais, e desde o seu surgimento vem engendrando novas relações sociais de produção que têm gerado contradições insolúveis, visto que “o capital é um produto coletivo e só pode ser posto em movimento pelos esforços combinados de muitos dos membros, em última análise, pela atividade combinada de todos os membros da sociedade”. (Marx e Engels, 1998, p.52). Sendo assim, é impossível ao capital desenvolver-se sem o proletariado, ou seja, sem o seu antagônico, mais ainda, a concentração de riqueza em mãos dos capitalistas pressupõe a concentração da miséria para as classes destituídas da propriedade dos meios de produção.
Sendo assim, o capital é historicamente marcado por momentos de elevação e queda, sendo este movimento comparado a uma “onda”. Tal fenômeno leva o capital a criar mecanismos que levem a superação da crise, e isso implica diretamente em transformações na organização do trabalho e na classe trabalhadora, nos processo de produção, bem como nas relações Estado sociedade.
A partir da década de 1970 iniciam as transformações na esfera da produção, através da transição entre fordismo/taylorismo - produção em massa e em série- para a acumulação flexível. No Brasil, tais mudanças ocorrem a partir da década de 1980, sendo este período marcado pela maior dinamicidade das empresas.
Uma vez consolidado o processo de produção toyotista, não significa apenas uma mudança no paradigma de produção e acumulação do capital, tal processo demarca o que podemos denominar de reestruturação, ou redimensionamento da produção de forma que seja possível aumentar as margens de lucro e acumulação, sendo tal modelo uma “válvula de escape” para crise do capital, causando inúmeras consequências à classe trabalhadora.
Diante do exposto, o presente texto pretende apresentar algumas reflexões a cerca das mutações do processo de produção oriundo da crise do capital, e quais os desafios do assistente social inserido na empresa capitalista privada, e de que forma esse profissional foi/é afetado pelo processo de reestruturação produtiva.
2 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E OS SIGNIFICADOS PARA O SERVIÇO SOCIAL
O capitalismo em sua trajetória histórica é marcado por oscilações, momentos de elevação e queda, sendo este movimento elemento fundante da reestruturação produtiva iniciada na década de 1970, período este marcado pelo agravamento da crise, posto que o baixo crescimento da produção e da produtividade, assim como as lutas da classe trabalhadora, pressionava para a queda da taxa de lucro.
Esse cenário de crise culminou na acumulação flexível, resultado da substituição do modelo de produção taylorismo/fordismo para o toyotismo, visando acabar com a rigidez dos processos, com o desperdício, através de novas formas adaptadas inclusive ao desenvolvimento tecnológico alcançado.
Antunes assim caracteriza o taylorismo/fordismo,
Esse padrão produtivo estruturou-se com base no trabalho parcelar e fragmentado, na decomposição das tarefas, que reduzia a ação operária a um conjunto repetitivo de atividades cuja somatória resultava no trabalho coletivo produtor dos veículos. Paralelamente à perda de destreza do labor operário anterior, esse processo de desantropomorfização do trabalho e sua conversão em apêndice da máquina-ferramenta dotavam o capital de maior intensidade na extração do sobretrabalho. A mais-valia, extraída extensivamente, pelo prolongamento da jornada de trabalho e pelo acréscimo de sua dimensão absoluta, intensifica-se de modo prevalecente a sua extração intensiva, dada pela dimensão relativa da mais-valia. A subsunção real do trabalho ao capital, própria da fase da maquinaria, estava consolidada.” (Antunes, 1999, pp.36-37).
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