Os devaneios de shofia

OS DEVANEIOS DE SOFIA

       Antes de vir para a nossa escola, ele era campeão mundial de judô. Aos 28 anos, no auge da fama, abandonou as competições e veio prazerosamente ensinar no curso secundário: e não era só isso que sabíamos dele O professor havia feito magistério e aos 23 anos decidiu se dedicar ao esporte, sendo que durante todos esses anos nunca mais havia dado aula.

        Infelizmente sofrera uma grande decepção em sua carreira de judoca e precisava recompor seus sentimentos, fugir daquilo que o havia derrotado: que ironia, campeão de judô, derrotado por um sentimento.                                        

        Ele era um homem de aparência física, forte estatura mediana com ombros largos, forte, mas não gordo. Tinha um olhar penetrante, seguro e muitas vezes assustador. Impossível imaginar que com tal aparência pudesse ser tão frágil.

Eu particularmente tinha receio, mas ao mesmo tempo sentia um enorme desejo de confronta-lo, pois me incomodava com aquele jeito meio grosseiro de falar com os alunos, e ao mesmo tempo com toda a paciência de quem está ensinando golpes de judô.Eu me sentia atraída por ele, sentia vontade de desafia-lo.Acho que não era amor, não sei, mas aqueles ombros largos e aquele olhar penetrante fez com que mudasse meu comportamento em sala de aula. Ficava viajando, olhando seus movimentos e pensando em uma forma de provocar, sem prestar a mínima atenção nas aulas, até que um dia me deparei com o professor próximo a minha carteira, me perguntando                                     -------Você está bem? Por acaso não está prestando atenção na aula? Super desconcertada,  sem saber o que dizer, apenas sorri e me armei, então em tom de desafio, disse: estou bem sim, por quê? por acaso estou atrapalhando sua aula?  Que babaquice!  Senti-me  realizada,  pois queria puxar papo, e parece que havia conseguido, mas não queria que percebesse minha intenção. Então com um ar sério e firme ele me respondeu: Não, você não atrapalha de forma alguma a minha aula, pois o fato de não prestar atenção só prejudica a si mesma. E retornou á sua mesa como se nada acontecera. Senti-me tão   envergonhada  que daquele dia em diante passei a ser uma das melhores alunas da sala.

        Até hoje não descobri se meu sentimento era amor ou apenas intenção de chamar a atenção. e ao mesmo tempo provocar um adulto de aparência  tão forte, mas de sentimentos tão frágeis.

                                                                         

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